Por Ana Gabriela Oliveira
O
Relatório de Avaliação (AR5) do IPCC aponta que o aquecimento
global sem precedentes é um fato e as emissões de gases de efeito estufa
(GEE) é a principal causa. As mudanças
climáticas provocadas
por este aquecimento afetam o nível do mar, a temperatura e a acidez dos
oceanos, extensão e espessura do gelo nos polos e disponibilidade de água no
planeta. Para estancar esse processo é preciso reduzir drasticamente as
emissões de GEE sob pena de, ao final desse século, haver um aumento médio de
temperatura do planeta em até 4,8 ºC (40% do que no início do século passado).
O anúncio foi feito no dia 27 de setembro passado, em Estocolmo, na
Suécia, pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), da
Organização das Nações Unidas (ONU). O relatório alerta que caso as emissões de
gases do efeito estufa continuem aumentando a atuais taxas ao longo dos
próximos anos, a temperatura do planeta poderá aumentar – o que resulta em
danos na maior parte das regiões costeiras do globo.
O
relatório tem gerado polêmica e os impactos dos cenários serão objeto da
segunda parte do relatório a ser lançado em março de 2014, que também abordará
as ações necessárias para mitigar as emissões.
O que é o
IPCC?
Criado pelo Programa das Nações Unidas para o
Meio Ambiente e pela Organização Meteorológica Mundial para estudar os
fenômenos relacionados à mudança do clima, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças
Climáticas (IPCC) reúne 2.500 renomados cientistas de mais de 130 países. Nasceu em 1988, da percepção de
que a ação humana poderia estar exercendo uma forte influência sobre o clima do
planeta e que é necessário acompanhar esse processo.
Dirigido atualmente pelo
indiano Rajendra Pachauri, o IPCC faz relatórios e pareceres técnicos com base
na literatura técnico-científica sobre as mudanças do clima (AR - Assessment
Reports), estuda os efeitos das alterações climáticas, subsidiando as Partes
(países) da Convenção.Primeira reunião do IPCC EM 1988 |
Como são feitos os relatórios?
O IPCC não realiza pesquisas científicas, mas
avalia as investigações existentes. O trabalho é publicado em quatro etapas e é
produzido por três grupos de trabalho e uma equipe especial sobre inventários
nacionais de gases do efeito estufa (GEE). Cada Grupo
de trabalho assim como a equipe especial tem dois presidentes, um de um país desenvolvido e outro de
um país em desenvolvimento, e uma
unidade de apoio técnico.
O primeiro grupo é responsável pelo primeiro
capítulo, que reúne evidências científicas de que a mudança climática se deve à
ação do homem; o segundo trata das consequências da mudança climática para o
meio ambiente e para a saúde; e o terceiro estuda maneiras de combater a
mudança climática e prover alternativas de adaptação das populações. Um quarto
capítulo sintetiza as conclusões dos anteriores.
O Site O Eco mostra através de um infográfico o
passo a passo da produção dos relatórios.
IPCC
brasileiro
O governo brasileiro instituiu no dia 17 de abril de 2009 o Painel Brasileiro sobre Mudanças do Clima. A iniciativa reúne cerca de 300 cientistas e pesquisadores de várias instituições e centros universitários. O grupo de cientistas brasileiros compila e analisa toda a produção científica do país a respeito dos mais diferentes aspectos das alterações do clima.
O governo brasileiro conta com o apoio da Rede Brasileira de Pesquisas sobre
Mudanças Climáticas Globais (Rede Clima), criada 2007. Composta por integrantes
de diversas áreas, como governo e academia, a Rede objetiva atuar na produção e
disseminação de conhecimentos e tecnologias em mudanças do clima, além de
contribuir para a formulação e acompanhamento de políticas públicas no âmbito
do território brasileiro.