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Pesquisa do Ipea aponta comportamento machista da sociedade brasileira


Mesmo com correção, os índices apresentados pela pesquisa preocupam


A última pesquisa realizada pelo Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS) do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sobre tolerância social à violência contra as mulheres ainda tem sido o assunto mais comentado no país. Ao todo foram 3.810 entrevistados entre maio e junho de 2013. Apesar de serem claramente contraditórios, os resultados apresentados espantam em alguns pontos.

 Pela amostra do estudo “Tolerância social à violência contra as mulheres”, ao mesmo tempo em que 78% dos entrevistados concordam que o marido deve ser preso caso agrida sua mulher, 63% também concordam que casos de violência devem ser discutidos entre a família, quando ocorridos dentro de casa. Ainda assim, pode-se considerar que a população brasileira encontra-se estagnada em valores machistas e patriarcais, ignorando toda a construção social e ideológica feita por mulheres ao longo das últimas décadas.

 De acordo com a publicação, caberia à mulher a culpa por ser estuprada desde o uso de uma roupa mais curta (65,1%) até seu comportamento julgado inadequado (58,5%). Os resultados geraram campanhas feministas, com a frase “Não mereço ser estuprada” que ganhou grande apelo nas redes sociais.

 
Juliana Motter critica mentalidade machista
Para a estudante Julianna Motter, 22 anos, a pesquisa não surpreendeu: “Não me assustou. Talvez esses números tão assustadores mostrem que essa mentalidade é que tem que ser mudada e não a mulher que tem que mudar o comportamento”, diz.

 Julianna acrescenta ainda que há uma banalização da violência e que há um comportamento definido pela sociedade que deve ser revisto: “As pessoas têm que desconstruir esses estereótipos que obrigam as mulheres a se comportarem da maneira em que a sociedade acha conveniente. Com certeza isso é um reflexo do patriarcado e da sociedade machista. O machismo e o patriarcado são, com certeza, toda essa origem da cultura de violência e da submissão feminina”. Ouça a entrevista completa.

 Uma semana após a publicação da pesquisa, o Ipea divulgou uma errata assumindo o erro nas porcentagens apresentadas por conta de uma inversão de gráficos e emitiu um pedido de desculpas. Uma correção que não diminui a preocupação e, muito menos o debate realizado. Ao passo em que o índice de pessoas que concordam que “Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas” diminuiu para 26%, os que concordam que “Mulher que é agredida e continua com o parceiro gosta de apanhar” subiu para 65,1%. Leia a publicação completa do Ipea aqui.
 
Por Pedro Lins - Jornal Esquina Online