Comum
em outros países, receber intercambistas em casa também é uma forma de conhecer
novas culturas
Normalmente, quando se vai estudar
fora do país, é comum que os intercambistas fiquem em casas de família. O que
muitas pessoas não sabem é que isso também acontece no Brasil. Principalmente
por causa da Copa do Mundo neste ano, muitas famílias brasileiras estão se
preparando para receber estrangeiros em casa.
Esse
é o caso da família da estudante Clarissa Vargas, que recebeu durante uma
semana a americana Claire Hartzheim. “A minha prima foi para a Dinamarca com o
Rotary Club. Minha mãe achou muito interessante e decidiu fazer uma visita no
daqui de Brasília. Nós fomos a uma das reuniões que eles fazem e ela conheceu o
pessoal de lá e pegou alguns contatos. A moça do Rotary perguntou se minha mãe
gostaria de receber algum intercambista para passar a semana lá em casa, e assim
a gente recebeu a Claire”, conta Clarissa.
Nascida
em Wisconsin, a intercambista americana Claire Hartzheim, de 17 anos, resolveu
vir estudar por um ano no Brasil, na cidade de Araguaína, que fica em Tocantins.
Sua visita a Brasília foi somente a passeio. Clarissa conta que Claire amou a
cidade: “Ela gostou muito daqui de Brasília. Se amarrou nos shoppings, porque
na cidade dela em Wisconsin não tinha nenhum! Mas ela dizia que não gostava de
Araguaína porque não tinha nada para fazer lá, e queria ficar em Brasília”,
conta a estudante que também gostou da experiência de receber uma pessoa de
fora do país em sua casa.
Clarissa
Vargas ainda relata que, quando Claire foi para a sua casa, ela já estava no Brasil
há três meses, mas não estava gostando muito da cidade dela. “Agora parece que
ela gosta de lá, ela posta no Facebook que está muito feliz e não sabe se vai
voltar para casa. Agora mesmo ela está fazendo uma viagem para a Amazônia com o
Rotary e outros intercambistas de lá que estão no Brasil”, conta Clarissa, que vai
passar 45 dias na Itália no próximo mês. “Vou ficar na casa de uma menina
chamada Maria, e quando eu voltar ela volta comigo para passar o mesmo tempo lá
em casa”.
Clarissa Vargas e Claire Hartzheim em Brasília |
“A
Dènã não falava português, só inglês e árabe. Tinha 24 anos e andava sempre com
muito pano no corpo, usava um pano que tampava o cabelo, e só tirava quando
sabia que nenhum homem estava na casa”, afirma Helena, que lembra ainda sobre
os seus diferentes hábitos. A estudante conta que Dènã não comia carne de porco,
e que qualquer foto com ela não deveria ser postada na internet. “Ela dizia que,
para preservar a imagem, as mulheres não podem postar fotos em redes sociais”.
Dènã
nasceu na faixa de Gaza, e foi morar e estudar na Índia. “A família dela é meio
‘aberta’ para a cultura deles, então ela queria conhecer e trabalhar em outros
lugares. Agora ela está trabalhando nos Estados Unidos, ela sempre quis ir para
lá, mas o visto dela era sempre recusado. Ela trabalha como técnica de
computadores”, conta Helena.
Apesar
das diferenças culturais, Helena lembra que Dènã adorou o Brasil. “Nós levamos
ela para o Rio de Janeiro e Pirenópolis. Ela gostou muito do Brasil. Até hoje
ela liga para a gente nos nossos aniversários. Claro que de princípio quando
ela chegou, ela ficou bem assustada com os nossos costumes. Quando fomos à
praia ela ficava tampando os olhos para não ver os homens de sunga. Foi muito
engraçado”, ela recorda.
Helena
também lembra da tristeza sentida no momento em que a intercambista partiu. “Ela
chegou a abraçar o meu irmão, e isso na cultura dela é algo que não se pode
fazer. Mas agora ela está na Flórida e talvez eu vá visita-la em breve”, afirma
a estudante.
Assim
como quando você vai para fora do país para fazer intercâmbio, nunca se sabe o
que encontrará em outras culturas, por mais que você estude sobre o país e seus
costumes. O mesmo vale para quem recebe essas pessoas em casa, a troca de
experiências é sempre única.
Núbia Tuira - Jornal Esquina Online
nuubs.almeida@gmail.com
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