Denominado como o “Mal do Século XXI”, transtorno atinge 17 milhões de Brasileiros
A depressão é um assunto delicado para ser abordado. Ainda encarado como um tabu mesmo com tantas discussões, buscamos desmistificar o tema e mostrar todas as formas possíveis de ajuda e como a família é fundamental no processo de acompanhamento e estabilização do problema. A matéria foi escrita para o Jornal Esquina.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a depressão a doença mais incapacitante do mundo. Mais de 400 milhões de pessoas sofrem com o transtorno todos os anos. No Brasil, estima-se que esse número seja de 17 milhões, 8,5% da população. A Associação Brasileira de Psicanálise informou que, no início da década, 10% dos adolescentes brasileiros eram diagnosticados.
Ainda se discute o que leva um indivíduo a ter depressão. Mesmo com explicações bioquímicas e sociológicas, não há uma resposta definitiva. A doença não possui sinais, e sim, sintomas; na juventude, devido às fortes transformações biológicas e sociais, isso se torna ainda mais difícil.
Conversamos com o médico e psicólogo Carlos Augusto Correa para entender um pouco melhor do assunto: “É preciso observar que as mudanças biológicas vão muito além dos hormônios, pois possuem um cérebro em transformação, que se desenvolverá até a idade adulta”, aconselha o psicólogo da rede pública do DF.
Conversamos com o médico e psicólogo Carlos Augusto Correa para entender um pouco melhor do assunto: “É preciso observar que as mudanças biológicas vão muito além dos hormônios, pois possuem um cérebro em transformação, que se desenvolverá até a idade adulta”, aconselha o psicólogo da rede pública do DF.
Ele afirma que, mesmo que alguém não perceba os sintomas dessa doença silenciosa, poderá sofrer em algum momento, a ponto de ficar incapacitado: “Vai chegar um momento que vai atrapalhar tanto a vida dela, que ela vai precisar de ajuda, porque aquilo vai travando, então dificilmente uma pessoa com depressão consegue viver constantemente de um jeito”, destaca.
A doença, durante muito tempo, era taxada como “frescura”, inclusive por muitos pais, que confundiam a tristeza com má vontade, porém a família é fundamental para o tratamento.
O Adolescentro é uma unidade pública especializada nos cuidados da saúde dos adolescentes e suas famílias do DF, onde se tratam problemas como depressão e vícios. O centro proporciona acompanhamento médico e disponibiliza medicamentos na farmácia dentro da unidade de forma gratuita. Segundo informações da administração da unidade localizada na 604 Sul, 90% dos jovens chegam por meio dos parentes, recomendados pelas escolas ou outros centros clínicos. Em pouquíssimas ocasiões, o filho procura ajuda por conta própria.
Há, também, os Centros de Atendimentos Psiquiátricos (CAP), criados nos anos 80 a partir de uma iniciativa de pessoas com transtornos mentais. No começo, o paciente recebe um atendimento individual e depois é inserido no grupo. O método é como um fator microssocial, em que a pessoa vai conseguindo aplicar ao cotidiano o que ela vive dentro do grupo. O CAPs foca a recuperação do paciente no lado psicossocial, então promove atividades que ajudam na adaptação, como, por exemplo, oficinas de culinária, de artes, de músicas, de esportes, além de ações externas, como um passeio.
Outra opção para o paciente depressivo é Centro de Valorização da Vida, CVV que tem escritórios em todos os estados brasileiros. O auxílio se dá através de chats, e-mail e até mesmo telefone, onde voluntários preparados se dispõem a conversar e ouvir o que o indivíduo tem a dizer, sempre tentando auxiliar de alguma forma. Qualquer pessoa acima de 18 anos pode trabalhar no Centro, porém deve passar por um treinamento que acontece aos sábados.
Caps de transtornos mentais em Taguatinga |
Considerações
O fato de atingir boa parte da população mundial é preocupante; entretanto, esse número pode ser diminuído. De acordo com muitos médicos, o tratamento e o uso adequado de medicamentos são as melhores formas de lidar com o transtorno. No Brasil, existem campos voltados para o problema, como o Sistema Único de Saúde (SUS), que possui uma área baseada em atendimento psicológico e psiquiátrico. Os centros especializados de apoio ao adolescente (como os citados na matéria) dispõem de tratamentos neurológicos e assistência gratuita; as clínicas e os postos de saúde contribuem com a orientação adequada nos casos.
A compreensão e a benevolência são, quem sabe, as principais formas de ajudar alguém com o transtorno. Claro que o paciente não gosta de estar na situação que está, então é muito importante o apoio de todos os próximos.
Por Adriano Nunes e Felipe Rocha