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Parto humanizado


No início do segundo semestre de 2015, eu, Daniella Bazzi, tinha que produzir uma reportagem para o jornal impresso Esquina. Após desenvolver o texto sobre parto humanizado, minha colega Elisa Diniz se juntou a mim para produzir um material complementar para a versão online, que publicamos aqui.  Elisa cursa somente a disciplina Jornalismo Online e, por isso, não fez a apuração do texto. Apenas desenvolveu parte deste post com base na minha matéria, na sua própria experiência e em algumas pesquisas que ela fez. 
Abaixo, você encontrará os nossos pontos de vista sobre o assunto, e um resumo do que foi publicado no jornal impresso Esquina.

Humanização do nascimento

Por Daniella Bazzi
Quando a Organização Mundial da Saúde divulgou, no primeiro semestre de 2015, que o Brasil ocupava primeira posição em números de cesáreas no mundo, veio o questionamento: e qual é o problema? Diversas foram as reportagens publicadas com a afirmação de que o país vivia uma “epidemia” de cesárea, e que o parto deveria ser mais humanizado. E afinal, o que é a humanização do nascimento? Cesárea e humanização não convivem? Logo, comecei minhas pesquisas.

Conheci Nahari Terena, de 23 anos, que teve o parto totalmente natural na Casa de Parto São Sebastião, com a mínima intervenção possível. Nahari relembrou do mês de março de 2014: “Ela nasceu e já veio para o meu colo. Quando olhei para ela, pensei ‘Eu consegui! Ela é linda, minha filha’”.


“Quando vi Olga nascendo, foi emocionante. Aquela noção apenas abstrata passou a ser real”, contou Luís Miranda, pai da Olga, de 33 anos. Ele cortou o cordão umbilical e, em pouco tempo, pôde pegar a filha nos braços. Luís acredita que a gestante deve estar sempre acompanhada por alguém de confiança. “Hoje, as pessoas tendem a terceirizar as coisas, evitam ter envolvimento. O parto, com certeza, não deveria ser terceirizado”, afirmou.
Doular
Ao comentar com conhecidos minha pauta, sempre falavam que eu deveria entrevistar uma doula. A falta de conhecimento me deixou ainda mais curiosa: o que é uma doula? Jaíne Lellis, de 22 anos, definiu o parto humanizado como um “suporte para as escolhas da mulher. Assegurar que suas vontades sejam respeitadas”. Ela concluiu o curso de doula em março de 2015.


Logo, fiz a pergunta que mais me instigava: a cesárea é ou não um procedimento humanizado? “A cesárea pode sim ter traços de humanização. Evitar medicação, procedimentos rotineiros desnecessários, abaixar a tela para que a mãe possa ver o nascimento são alguns exemplos”, falou.

 
Dica da entrevistada:
Blog: Adele doula

E o que a Secretaria de Saúde diz?
 A coordenadora de Ginecologia Obstétrica da Secretaria de Saúde, Marta Teixeira, explicou que o parto humanizado não é uma modalidade. “A questão da humanização do parto é colocar a gestante junto ao acompanhante, evitar o uso de medicamentos, entre outras ações. Não é uma classificação à parte”, afirmou.
Três vezes mãe
Débora Benon, 27 anos, tem três filhos, e cada gestação resultou em uma história e trouxe mais conhecimento. O marido, Eduardo Benon, contou que sempre acompanhou a esposa. Ele disse que em cada parto o sentimento é diferente, mas sempre solidário. “É um momento surreal”, completou Eduardo antes de ser interrompido por Débora: “é maravilhoso!”.

Dica da entrevistada:
Documentário: Renascimento do parto
Ano: 2013
Direção: Eduardo Chauvet

Débora acredita que, para a escolha do parto, a mulher tem de pensar além do próprio bem-estar, pensar no bebê. Ao ser questionada sobre o que a humanização significa para ela, disse segura:

“Humanizar é, acima de tudo, aceitar a escolha da gestante”.



E depois de um mês apurando o assunto, acredito que definição mais clara não há.
Para saber mais sobre a Lei do Acompanhante, conhecer mais a história de quem vivenciou e presenciou o parto, confira a matéria na integra, que se encontra no fim do post.





 

 

 

Cesárea ou parto normal humanizado: qual é a sua escolha?

Por Elisa Diniz

Vi todos os meus seis sobrinhos nascerem por cesariana. Uma realidade totalmente compatível com os números da Organização Mundial da Saúde (veja Declaração da OMS sobre Taxas de Cesáreas), apresentados no início deste ano, que colocam o Brasil no primeiro lugar em procedimentos do tipo. Na contramão dessa tendência, há cinco anos, quando foi a minha vez de dar à luz uma menina, minha meta era que ela nascesse de parto normal, em uma maternidade comum. Durante a gestação, frequentei grupos e ouvi palestras de diversos profissionais da área, e me convenci de que era a melhor opção para mãe e bebê. Naquela altura, parto humanizado para mim era algo arriscado, praticamente uma loucura. Nos grupos dos quais participei, sempre havia relatos de alguém que tentou fazer o parto em casa, com doula, e teve alguma complicação. Em alguns casos, o bebê teria morrido a caminho do hospital, em busca de assistência especializada. Uma alternativa que eu não conseguia sequer conceber. 


Ao ver que falaria sobre parto humanizado neste post, minha primeira reação foi: será a minha chance de alertar algumas mães sobre os riscos da prática! Mas já na pesquisa inicial, vi que estava completamente enganada. De acordo com a Rede pela Humanização do Parto e Nascimento (ReHuNa), organização da sociedade civil que atua desde 1993, o movimento pela humanização do parto/nascimento busca “diminuir as intervenções desnecessárias e promover um cuidado ao processo de gravidez/parto/nascimento/amamentação baseado na compreensão do processo natural e fisiológico”. Para o governo federal, essa humanização passa por iniciativas previstas  na Estratégia Rede Cegonha como formação e capacitação de enfermeiras obstétricas, distribuição da Caderneta da Gestante que esclarece sobre as vantagens do parto normal e oferecer à mãe o conforto de um acompanhante em quem confie (veja lei do acompanhante).

Números brasileiros
Infelizmente, a realização de parto normal ainda não é a prática mais utilizada no Brasil. Dados do Ministério da Saúde mostram que dos 2.905.789 partos realizados no País, em 2012, 55,6% foram cesarianos. O número equivale a 40% dos partos realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e 84,6% dos partos realizados pela saúde suplementar.

Apesar da minha meta inicial, também acabei reforçando a estatística brasileira. Depois de mais de 24 horas de trabalho de parto que não evoluía da forma necessária, cansada das dores das constantes contrações e no segundo dia sem dormir bem, finalmente entreguei os pontos. Liguei para a minha médica às duas horas da manhã e nos encontramos no hospital. Ela teve o cuidado de fazer um exame de toque e, ciente da minha intenção, ainda me perguntou se eu queria seguir com o plano inicial. Ela, no entanto, foi clara: "Você ainda não tem dilatação suficiente e as contrações ainda não atingiram a frequência e a cadência necessárias. Será um processo bem longo ainda, mas podemos tentar se você quiser". Ao ouvir essas palavras, desisti do projeto e decidi pela cesárea. Ao final da cirurgia, minha ginecologista me tranquilizou, dizendo que foi uma boa decisão, pois o ambiente dentro do útero estava começando a ficar inadequado para o bebê, e esperar muito poderia significar colocá-lo em sofrimento. 


Uma decisão pessoal

Muitos podem ser os motivos para a gestante optar por uma cesárea. Essa é certamente uma decisão muito pessoal. O sentimento de dor é algo bastante subjetivo, e o limite para lidar com ela é muito individual. Também as consequências da escolha feita, seja ela qual for, devem estar muitas claras para as mães. Tenho amigas que tiveram problemas, por exemplo, no trato urinário em função de uma exigência forçada para um parto normal. O trabalho de parto tão longo e as consequências deixadas, geraram ainda um trauma que as fizeram parar no primeiro filho.

De qualquer forma, uma coisa é inquestionável: ter ferramentas e informações acessíveis é certamente um passo essencial para que a escolha seja feita de forma segura e consciente. Portanto, se assim como eu você não sabe exatamente o que é parto humanizado, leia a íntegra da reportagem produzida pela Daniella Bazzi para a versão impressa do Jornal Esquina, e conheça a experiência de mulheres que decidiram por essa opção. 

Durante a minha pesquisa para escrever este post, também encontrei depoimentos interessantes na internet, como esse vídeo sobre o Parto normal humanizado da Heloisa. Também conheci um pouquinho mais sobre a Marcha pela humanização do parto - um movimento que teve início em 2012, e que promove esse tipo de parto. Na página deles no Facebook tem um infográfico bem bacana sobre o tema.  E se você está pensando em engravidar, o infográfico  Gravidez: da concepção ao nascimento do bebê da revista Crescer é bastante didático.

Boa leitura!

Confira a matéria na íntegra:
http://issuu.com/blogdoesquina/docs/parto-como-elas-bem-entendem-dani-b

http://issuu.com/blogdoesquina/docs/parto_humanizado

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