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Adultos e idosos retornam às salas de aula

O desafio de aprender


Estudos melhoram o raciocínio, a atenção e previnem doenças psicológicas


A idade não é um problema para voltar a se dedicar nos estudos

O envelhecimento populacional é um fenômeno recente em todo o mundo. Este é um processo biológico dinâmico em que ocorrem modificações morfológicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas. Até 2025, segundo a Organização Mundial de Saúde (2002), o Brasil será o sexto país do mundo em número de idosos. Entre 1980 e 2000, a população com 60 anos ou mais cresceu 7,3 milhões, totalizando mais de 14,5 milhões em 2000.

A gerontologia é uma ciência que estuda o envelhecimento humano e busca tratamentos para atender as necessidades físicas e emocionais que acometem os idosos. O profissional em gerontologia, Tiago Nascimento, vê o envelhecimento como uma experiência positiva, "uma vida longa deve ser acompanhada de oportunidades contínuas de saúde, participação, segurança e, principalmente, de educação”. Acrescenta, “há diversos fatores que podem influenciar os efeitos do envelhecimento sobre a memória: composição genética; nível educacional e socioeconômico; acuidade visual e auditiva; relações sociais e estilo de vida, incluindo, por exemplo, tabagismo e atividade física”.

Formada na área da saúde, Maria Nascimento, 45, aconselha a população idosa a voltar às salas de aula, porque os estudos melhorar a autoestima e prevenir doenças relacionadas a memoria e raciocínio. "O indivíduo percebe seu potencial para o bem-estar físico, social, mental e ao mesmo tempo, propicia proteção, segurança e cuidados adequados." 

Os idosos que estudam na Educação de Jovens e Adultos (EJA) abandonaram os estudos quando mais jovens porque precisavam trabalhar para ajudar nas despesas de casa, ou porque a distância dificultava o acesso às escolas. São casos como o de Sebastião Vidal, 84, que estudou até o terceiro ano do ensino fundamental e, com muita dificuldade, sabia escrever apenas o nome. Aos 7 anos de idade, ajudava os pais no trabalho rural: acordava cedo, tomava café e logo seguia para a roça. Com isso foi possível sustentar a família humilde de muitos irmãos.

Hoje aposentado, vive com a segunda esposa, teve um filho, Diego, que faleceu aos 19 anos em um acidente de moto. Com a primeira companheira possui oito filhos. Mesmo com a idade avançada, Sebastião se encheu de dedicação e esforço e decidiu voltar a estudar, aprendeu ler e escrever. Por causa da morte de Diego, a depressão e dores no corpo o fizeram parar de estudar, mas pretende voltar o mais rápido possível.

Mãe de três filhos, Rosinete Coelho concluiu os estudos com 42 anos. Quando jovem, não teve oportunidades para completar os anos letivos. Morava no interior do Maranhão, o acesso às escolas era difícil e os locais de ensino só disponibilizavam até o quarto ano do ensino fundamental. Mesmo com algumas pessoas desconfiando da sua capacidade, Rosinete enfrentou as responsabilidades de estudante e tem em mãos o certificado do ensino médio.

Diretora e professora, Sônia Regina Rodrigues, 53, com base em anos de experiências nas instituições públicas de ensino, segue uma estratégia didática com os alunos e valoriza os saberes nas experiências de vida. “É preciso ensiná-los a processar novos conhecimentos, não adianta enche-los de informações, porque não garante uma aprendizagem concisa, é necessário desenvolver a capacidade do raciocínio e imaginações”.

EJA

EJA é destinado a pessoas que não conseguiram estudar no tempo regular. Esse curso tem duração de quatro meses para concluir o ensino fundamental e de três semestres para as disciplinas do ensino médio. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), em 2000, a população de idosos representa quase 15 milhões de pessoas com 60 anos ou mais de idade. Desse total, 58,4% de idosos responsáveis pelo domicílio tinham no máximo três anos de estudos. Já os de 75 anos ou mais são considerados analfabetos ou analfabetos funcionais. O analfabetismo funcional corresponde a uma pessoa que demonstra incapacidade na compreensão de textos simples e não desenvolve habilidade para fazer operações matemáticas. A proporção de idosos com escolaridade ainda é pequena. Em 1991, 2,4% dos idosos responsáveis ou não pelo domicílio tinham de cinco a sete anos de estudo. Já em 2000 essa proporção passou para 4,2%.


Esse acesso à educação surge como um tesouro a todos os idosos e adultos para continuarem se desenvolvendo, e apesar das alterações ligadas ao envelhecimento, a terceira idade pode ser vivida com avanços e conquistas.

                                       
                                     Números de matriculados no DF, segundo o Censo Escolar 2015. 


Por: Raquel Siqueira
Contado: Raquelsansiqueira@gmail.com