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Biblioteca Demonstrativa de Brasília foi liberada pela Defesa Civil, mas permanece fechada ao público

Interditado desde 2014, o espaço não tem previsão para reabertura e prejudica centenas de usuários



Foto: Maria Júlia Salloum

Um dos lugares marcantes na memória afetiva de várias gerações de brasilienses, ponto de encontro para eventos culturais e espaço público para estudos e conhecimento permanece fechado e sem previsão para reabertura. A Biblioteca Demonstrativa de Brasília, na altura das quadras 506/507 da Asa Sul, foi interditada pela Defesa Civil em maio de 2014 por problemas estruturais. O local corria risco de desabamento da marquise e possuía falhas na fiação elétrica, o que poderia causar choques e incêndios, além de problemas com a contaminação da água. Mas o que era pra ser uma obra emergencial, com dispensa de licitação e contrato até janeiro de 2015, até hoje não teve liberação para o público. 
Por dia, o espaço já chegou a receber mais de 1,5 mil usuários. Atualmente, a interdição prejudica centenas de estudantes. Inconformados, os frequentadores organizaram a Sociedade dos Amigos da Biblioteca Demonstrativa de Brasília (SABD) – parceira de organizações e membros da comunidade local e cultural da cidade, a entidade já coordenou manifestações e enviou ofício ao Ministério da Cultura (MinC), responsável pela Biblioteca, para cobrar a reabertura do espaço.

O servidor público, Sérgio Maia, 45 anos, mora na Asa Sul e lamenta a perda de um espaço público importante, assim como o descompromisso com as políticas públicas de educação e cultura. “É indignante ver o descaso dos órgãos públicos com mais um lugar emblemático de Brasília. É o valor cultural e simbólico de uma Biblioteca que está sendo privado da população, justo em uma geração que está necessitando tanto de incentivo a leitura e conhecimento.”

O concurseiro Ivan Mendes, 29 anos, também sofre com os transtornos causados pelo fechamento da Biblioteca. Frequentador assíduo, ele conta que ficou sem o lugar de estudos. “É muito estranho essa demora para uma obra que seria relativamente rápida. Está fazendo falta para a comunidade, é um espaço de convivência agradável e útil para quem precisa de um lugar para estudar até mais tarde.”

Manifestantes da SABD em maio de 2015. Foto: Rafaela Felicciano
Foto: Carlos Vieira


Sem pagamento

A obra, iniciada em 2014, foi logo interrompida, pois a empresa que administrava a reforma, a Contenge Engenharia & Locações Ltda-EPP, alegou falta de pagamento. Na época, o Ministério da Cultura admitiu o repasse de apenas uma parte do valor total, R$ 483.228,66 do montante de R$ 794.094,00. O atraso ocorreu devido às problemáticas na mudança de gestão, já que antes de assumir a Biblioteca, o espaço era administrado pela Fundação Biblioteca Nacional. Para efetivação dessa transferência, foram necessários procedimentos administrativos e jurídicos para alteração de titularidade de serviços de manutenção e sub-rogação de contratos, incluindo o da manutenção da Biblioteca. Com a demora burocrática, o prazo de vigência da obra expirou no dia 31 de janeiro de 2015. Por se tratar de contrato emergencial,  a prorrogação não foi legalmente possível.

Ao continuar as obras em 2016, o Ministério prometeu a entrega da Biblioteca ainda no segundo semestre deste ano, tendo em vista a retomada de novo contrato emergencial para a finalização dos reparos. Segundo o Ministério, 20% da reforma ainda estaria pendente e seria entregue em 120 dias. O prazo foi cumprido e a Defesa Civil desinterditou o imóvel no último dia 6 de outubro.
A manutenção da marquise foi feita, a caixa d’água trocada e a fiação elétrica e os quadros de luz atualizados. Com a desinterdição, técnicos da Secretaria de Infraestrutura Cultural (Seinfra) do Ministério da Cultura avaliaram alguns serviços que ainda precisam ser realizados na Biblioteca. 

Alguns estudos estão sendo feitos para definir questões relacionadas ao mobiliário e à organização interna. Ainda são necessários os serviços de pintura, manutenção de aparelhos de ar-condicionado, limpeza de livros e finalização da estrutura elétrica.
Ao procurar o local, as janelas estavam abertas e uma funcionária confirmou a informação de desinterdição pela Defesa Civil. Apesar do aval e dos esforços dos poucos funcionários, ela não soube informar uma previsão para reabertura ao público, e pede que a imprensa divulgue e a comunidade organize novas manifestações para que a data seja definida o mais rápido possível.

Ainda em nota emitida pela assessoria, o Ministério afirma que um cronograma para a reabertura está em fase de elaboração e que todos os esforços estão sendo realizados para o reestabelecimento dos serviços e a devolução desse patrimônio cultural aos brasilienses.


Foto: Maria Júlia Salloum

Foto: Maria Júlia Salloum




















Mobilização

No Facebook, o Movimento Reabre Biblioteca conta com mais de 1,4 mil apoiadores, e continua cobrando um posicionamento do Ministério. A Biblioteca tinha horário estendido, o que favorecia vários estudantes e concurseiros. Além do impacto, atividades culturais também movimentavam o local, como o Grupo de Atualização da Mulher, em que especialistas falam sobre temas relacionados ao universo feminino. Há também o Projeto Plantão de Dúvidas, no qual professores voluntários dão aulas a estudantes de concursos e vestibulares. Além disso, havia uma parceria com a Escola de Música de Brasília com o projeto Quinta Sonora. Com programação diversa, a Biblioteca tornou-se mais que um espaço público: hoje é referência cultural para leitores e cidadãos. 



Foto: Maria Júlia Salloum

A comunidade pode ter mais informações sobre a iniciativa na página Movimento Reabre Biblioteca Demonstrativa no Facebook ou pelo telefone da Sociedade dos Amigos da Biblioteca Demonstrativa: (61) 3273-0906.