Risco de gravidez é o principal motivo para o menor salário feminino, afirma especialista
Um terço das casas no DF tem mulher como chefe de família
Mulheres do DF ganham até 46% menos do que os homens
Motivos
O professor de economia na Universidade de Brasília (UnB), Carlos Ramos, explica que o risco da gravidez faz com que as mulheres, mesmo as de classes privilegiadas e elevada grau de instrução, tendam a receber um salário inferior para compensar os custos da maternidade. “Mesmo no setor público, com concurso, ainda existe a discriminação pelo fato de serem mulheres. Isso acontece com algum tipo de gratificação não dada a elas”, disse.
Para o professor, uma das soluções de longo prazo seria a participação política da mulher, que gradativamente tenderia a diminuir a desigualdade. Outro recurso, segundo ele, seria a aplicação de uma política pública que estimule a educação. “Dessa forma seria quebrado o ciclo vicioso de quanto mais pobre, mais filhos e menos trabalho”. Ramos ressalta que alguns países árabes são mais discriminatórios, enquanto que nos nórdicos, como Suécia, Finlândia e Noruega há menos desigualdade. “O Brasil tem um nível de discriminação médio com relação ao mundo”.
Moradores
De acordo com o procurador geral do Distrito Federal, Plácido Ferreira, e morador do Lago Sul, a diferença de salário entre homens e mulheres é uma questão que está prestes a terminar, pois elas estão lutando pelo seu lugar no mercado de trabalho. “As mulheres estão mostrando para sociedade que têm a mesma capacidade que os homens”.
Confira aqui a pesquisa da Codeplan
O casal Diogo Ribeiro e Abigail Ribeiro é morador há 22 anos do Lago Sul acredita que a igualdade salarial baseada no gêneros sexuais ainda está muito longe de ocorrer. Apesar de possuírem o mesmo nível de escolaridade, Abigail sempre ganhou um salário muito inferior ao do marido, Diogo. Ela acredita que isso aconteceu por uma questão cultural e que há muitos anos está enraizada no Brasil. Segundo ela, o homem é socialmente pressionado a trabalhar, a ganhar mais e a pagar as contas, enquanto, a mulher possui o papel social de zelar pelos filhos e pelo lar.
Abigail ressalva que nunca pensou no marido como a única fonte de renda da casa, porém é ele que administra o lar. “Enquanto ele garante o luxo, eu garanto a minha independência”, afirmou.
A moradora do Lago Sul, Luísa Abdala, ainda sofre com a discriminação baseada nos sexos. Ela e o irmão, Carlos Abdala, optaram por seguir a mesma carreira, porém Luisa recebe aproximadamente R$ 5 mil a menos. Luísa explica que a formação dos dois é a mesma: “estudei na mesma faculdade que meu irmão, falamos os mesmos idiomas, temos as mesmas capacitações na área e ainda trabalhamos na mesma empresa. Mesmo assim ele recebe muito mais do que eu. No Brasil, ainda existe sim muita diferenciação salarial”.
Ouça aqui a entrevista de Carlos Abdala
Por Érica Fontoura, Luíza Gutierrez, Patrícia Lélis, Thaís Betat - Jornal Esquina