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NO SINAL - PALHAÇOS TRANSFORMAM FAIXA DE PEDESTRE EM PICADEIRO


Roupas coloridas, maquiagem exagerada e o inconfundível nariz vermelho. Quem nunca se encantou por esse personagem tão característico do universo infantil? Conhecido há mais de quatro mil anos, o palhaço não se limitou aos picadeiros e, ainda hoje, é um dos personagens favoritos dos que se dedicam a arte de fazer rir. Mesmo em lugares simples e imediatos, a magia do palhaço de rua não se apagou. Prova disso é o espetáculo de outro palhaço, Francisco Lima, que há oito meses descontrai o dia a dia dos brasilienses se apresentando nos semáforos da capital.
Nascido e criado no interior de São Paulo, Francisco veio a Brasília para proporcionar melhores condições de vida a sua família. Mas não satisfeito com o mercado de trabalho, em uma roda de amigos descobriu que tinha o dom de fazer as pessoas rirem. Sobre seu espetáculo, Francisco afirma não seguir nenhum roteiro. “Crio palhaçadas na hora, gosto de brincar com o humor de cada motorista para descontraí-los”, conta.  Segundo o artista, o palhaço sempre será o personagem principal do universo infantil.
Persistência - Sem dúvida é no universo infantil que o palhaço conquista o maior espectador. É o que afirma Genilson Francisco, mais conhecido como o palhaço Psiu. Na profissão há 15 anos, o animador de festas infantis atribui às crianças sua perseverança. “Muita gente que começou comigo na profissão desistiu. Eu acho que o fato de gostar mesmo de criança me levou a continuar”. Apesar de ter tido uma infância difícil em um orfanato, Psiu (como prefere ser chamado) não perdeu o sorriso e o espírito brincalhão. Além do trabalho com animação em festas, ele desenvolve atividades voluntárias em creches e orfanatos.
“O motivo verdadeiro disso tudo foi saber, até pela minha própria vida, que essas crianças precisam de alegria. Foi o que me deu forças pra continuar o palhaço Psiu”. Apesar dos outros personagens que invadiram o mercado das festas infantis, Genilson ressalta que o palhaço não deixou de ser o favorito da criançada. O trabalho com música e gincanas envolve até os adultos e sempre se torna o principal atrativo do evento. “O palhaço tem uma capacidade de segurar a atenção da criança. Eu ainda não sei como eu consigo segurar tantas crianças por tanto tempo”, afirma Psiu. Questionado sobre como faz para sempre manter o bom humor e a alegria do personagem, Genilson não exita: “É fácil! O Genilson fica em casa. Vai pra festa o Palhaço Psiu, cheio de amor”.
Outro brasiliense, hoje consagrado ator e coreógrafo Zé Regino conseguiu, na pele do Palhaço Zambelê, conquistar o teatro brasiliense. Participou com seus trabalhos de festivais em vários estados do Brasil, Espanha, EUA, Portugal, Itália, Alemanha e Malta. No espetáculo “Saída de emergência”, o público é convidado a participar das ingênuas trapalhadas de Zambelê, que sempre encontra um desfecho divertido para suas confusões. Para compor o Palhaço Zambelê, Zé Regino aliou o talento ao estudo e técnica. “Quando eu comecei a fazer não sabia que tinha técnica. E tem! Tem curso, tem treinamento. Nos anos 80 não tinha. Você aprendia pela cara e a coragem”.
Nos anos 90, porém, segundo ele, este quadro começa a se modificar. A arte clown chega com força ao Brasil e começam a surgir estudiosos dispostos a falar sério sobre o riso. Foi na Inglaterra que Zé Regino conheceu o manual “A arte da bobagem”. O material, de autora brasileira, rege os princípios básicos para se trabalhar com o estado de graça e manter o público numa espécie de ingenuidade dilatada. “É nisso que eu venho me aprofundando. Nessa questão de trabalhar com a bobagem. Quanto mais simples, mais legal pode ficar. E aí o importante não é o que você faz, mas como você faz”, afirma Zé Regino.
A pedagoga e pós-graduada em administração escolar Daniela Salazar ressalta o caráter lúdico do personagem. Segundo ela, a imagem do palhaço é associada a um momento prazeroso, de descontração. Além disso, o personagem tem a possibilidade de transmitir mensagens educativas através das brincadeiras. Sobre a faixa etária que mais se interessa pelo personagem afirma: “Todas! Se for criativo até eu sou despertada e me recordo dos tempos de criança. Alegria contagia qualquer um”.

Por Karina Jordão - Jornal Esquina On-line