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Conic - Sob quatro rodas

O Conic é conhecido pela sua diversidade e peculiaridade. Nele, funcionam os mais diferentes tipos de comércios e sindicatos. Dentre eles pode-se encontrar boates, cinema, bares, igrejas e muitas lojas. Algumas dessas lojas têm maior destaque, e as as mais tradicionais são as de skatewear. Construídas desde o início do Conic, as lojas de Skatewear marcam o espaço cultural do prédio. Mais do que lojas, elas se reúnem e promovem eventos todos primeiro sábado do mês. Segundo os lojistas e donos dos estabelecimentos, os eventos são para interagir com seus clientes e para tentar trazer o público do Conic de volta, já que a maioria está migrando para outras áreas. Ao andar pelo estabelecimento durante o dia é perceptível a falta de higiene e policiamento.


SKATEWEAR

Cleiton Fragoso feliz com os eventos /Foto:  Fábio Setti
Referência em Skatewear, o Conic já se tornou ponto de encontro para skatistas de todas as idades e partes do Distrito Federal. A escolha é óbvia: pela quantidade de lojas e produtos vendidos no Conic, e o espaço aberto central, o prédio se torna o local ideal para encontros da modalidade esportiva. A concentração de skatistas no local ainda é a maior de Brasília. Todo primeiro sábado do mês, acontece um evento que ajuda na divulgação das lojas. Por esses eventos já passaram trucks e rodinhas famosas, como as de Rony Gomes e Otavio Neto. Vendedor há 10 anos e morador do Valparaíso, Cleiton Fragoso chegou por acaso ao Conic por um convite do primo. 

Cleiton pegou gosto pelo ramo da skatewear e se identificou com o público.“Nossa loja patrocina os eventos, banca tudo e como retorno, recebemos o carinho e a volta do público que nos prestigia. A galera é fiel, mas temos que ter maior apoio do governo”, Para o vendedor experiente não são apenas os problemas internos do Conic que fazem o público se afastar. Há muitas obras aos arredores da rodoviária que não tem previsão para acabar. 

O transporte é ruim das cidades satélites ao centro e a falta de informação sobre o
local também causa efeito negativo na vinda do público. “Tem que ser feito algo a respeito da imagem que as pessoas têm daqui, é nosso papel limpar o nome, mas também tem que haver atitude da administradora”, acrescenta Cleiton.

Confira o vídeo dos skatistas em Brasília

Vantagens

Matheus Pimenta se diverte de dia / Foto: Fábio Setti
Todo shopping tem seus prós e contras. Lugar tranqüilo de manhã, inofensivo durante o dia, tem grandes atrações e visual descolado. Grafites espalhados, artistas de rua e artesanatos variados recheiam o Conic. Durante o dia, o setor é bastante agradável, tem um visual de encher os olhos e possui um espaço de qualidade para andar de skate, segundo Matheus Pimenta, de 21 anos, que ressalta que o local tem suas qualidades. “As pessoas falam muito mal daqui, mas na realidade o que acontece de pior é nos horários mais vazios. Durante o dia é bem tranquilo, como qualquer outro local”. Matheus também conta que visita o Conic tranquilamente e acha as opções de loja e preço bem acessíveis. O rapaz lamentou a migração do público e ressaltou que é um lugar único e que não deveria ser abandonado.



Problemas


Guilherme Silva, vendedor de uma das lojas de skate, tem 19 anos e é vendedor no Conic há um ano e meio. Ele afirma sair todo dia após o expediente com medo dos moradores de rua que ficam aos arredores. “Por volta das 14h eles chegam, ficam aí xingando as pessoas e ameaçando elas, infelizmente o Conic está perigoso”. Antes de trabalhar no lugar, Guilherme era frequentador assíduo e frisou a qualidade das lojas e do estilo alternativo do setor. Ele conta que ia muito para lá encontrar os amigos e sair para andar de skate. “Eu sempre vinha para comprar meus equipamentos que só tinham aqui e depois descia para o setor comercial, museu para andar de skate”, diz o jovem. Desde que começou a trabalhar na loja e ter maior contato com o local e o público, o jovem vendedor diz que o número de skatistas diminuiu. “Aqui está queimado demais. Vejo na internet a população reclamando. Virou ponto de droga, a polícia faz descaso conosco e, consequentemente, nossos clientes desaparecem”, reclama Guilherme. 



Guilherme Silva chama os clientes de volta /Foto:  Fábio Setti


Por Fábio Setti