Comunidade Athos Localizada no Conic / Foto: Lucas Veloso |
O Conic possui cenários
inimagináveis. Conhecido por sua diversidade cultural, o espaço criado há
mais de 47 anos abriga bares, sindicatos, boates, livrarias, restaurantes,
lojas de artigos de umbanda e templos religiosos dos mais diversos tipos. Esse
cenário compõe o espaço que fica no Setor
de Diversões Sul.
A Comunidade Athos é uma igreja recente, com visão inovadora no País, onde atribui ao homem o
direito de sua orientação sexual sem discriminação por parte dos membros da
igreja ou da Bíblia sagrada. Dar-se o nome de Teologia inclusiva. Esta comunidade será tida como “filha” da Acalanto , fundada pelo pastor
Victor Orellana, e funciona há 9 anos, tendo o início de suas atividades
em Dezembro de 2005.
Os congregados se baseiam em uma passagem bíblica no livro de Atos capitulo
10 versículo 34 que diz: “E, abrindo Pedro a boca, disse:
Reconheço por verdade que Deus não faz acepção de pessoas”.É com base nesse pensamento
que a igreja foi fundada, ganhando visibilidade e respeito por diversas pessoas.
Casais homossexuais foram membros de outros ministérios, mas, insatisfeitos com
a rejeição de suas orientações sexuais, optaram por seguir a doutrina dessa
comunidade.
Hudson Oliveira, membro
atuante da igreja, ouviu falar da Comunidade Athos em 2011 através de um colega
de faculdade, que hoje lidera outra igreja inclusiva de Brasília. Como sua antiga
comunidade religiosa não aceitava participantes homoafetivos, Hudson decidiu
desde 2012 congregar na Athos. Em 2013 foi separado cooperador e também atua
como ministro de louvor. “Sei que Deus me ama como sou, isso me deixa à
vontade para realizar o que creio ser a vontade de Deus através de mim”
comenta.
Antes, Hudson passou por três igrejas diferentes e, segundo ele, nessas denominações a homoafetividade era demonizada. Por esse motivo ele não comentou com nenhum
“irmão” sobre ser homossexual. “Enquanto frequentei as igrejas tradicionais, exerci
meu ministério e fui reconhecido por isso. Mas isso só aconteceu porque eu não
me assumira homossexual”, desabafa.
A Comunidade Athos não
apenas aceita, mas, realiz a casamentos entre pessoas do mesmo sexo. Assim como
também realiza o batismo nas águas e acreditam na manifestação de dons
espirituais. Uma igreja denominada pentecostal, cheia do chamado “avivamento”.
Léo Capellatto, 24 anos, Chegou em Brasília há poucos meses
e, na busca de uma nova congregação, conheceu a Comunidade Athos através das redes sociais. Ele confessa ter tido certa resistência no inicio por ter
frequentado igrejas tradicionais por muitos anos. Mas, com tempo, sentiu que
poderia servir a Deus sendo quem realmente era. “Deus falou comigo e
me mostrou o quanto é bom e perfeito estar na Sua presença sendo realmente quem
sou. A diferença é que foi me dado à oportunidade através da Comunidade Athos
de servi-lo em verdade, sem ter que me passar por outra pessoa, sem medo da
indiferença”. Hoje, com seis meses de participação na Igreja, Léo tem pretensões como
membro da comunidade de se dedicar à equipe de louvor e teatro, com a convicção de que é aceito por Deus e que pode ter uma vida plena. “Agora é
diferente, sei que através de estudos bíblicos, inclusive por um de nossos
pastores que estudou mais de 6 anos, que Deus me ama, sendo quem sou. Hoje sou
mais feliz, sou o que deveria ser sempre, pois Jesus morreu para que eu tivesse
vida com abundância”. Explica
Recepção
calorosa
“Uma
igreja que acolhe os homoafetivos que desejam a presença de Deus em suas vidas.
Deus ama a todos!”. Essa é a frase do banner que fica no altar da igreja; logo
ao lado a referencia bíblica de 1 coríntios 13 “ ... O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta...” .
A recepção calorosa faz jus às palavras de conforto e aceitação que compõe o
ambiente de adoração.
Às segundas-feiras a igreja
realiza as reuniões de oração. Os cultos das Quartas e domingos apresentam um
número expressivo de fiéis lotando todas as cadeiras do ambiente. Casais, em sua
maioria gays, participam juntos do Louvor e adoração à Deus, alem de retiros
espirituais durante o ano. A igreja tem planos de acrescentar em sua programação, a partir de janeiro de 2015, as chamadas "células", que são reuniões realizadas nas casas dos fieis. A intenção é começar no Gama, Santa Maria, Samambaia e Taguatinga. A participação
dos membros da comunidade ganha a cada dia maior visibilidade. Em setembro
deste ano foi realizado, na parada gay de Brasília, um culto evangélico organizado pela comunidade Athos .
Pastora, Márcia Dias, mãe de
três filhos, hoje casada com uma mulher, considera-se
realizada e compreendida por Deus “ Ele me deu a consciência que nunca fui uma
surpresa para ele e que se ele quisesse já teria me mudado. Sou feliz pelos
filhos que tenho e por ser quem sou.” afirma
E com esse espírito de
aceitação e entendimento que a pastora fundou a Comunidade Athos e busca
superar todos os obstáculos que venham tentar diminuir o trabalho da igreja.
“Como ser humanos temos que lidar com os receios que podem surgir, mas uma
coisa é fato: se cremos em Deus, temos que lançar fora todo medo; é assim que lido
com as situações adversas”. Diz.
Pastora Márcia Dias e sua companheira Marta / Foto: Lucas Veloso |
“O evangelho de Cristo é naturalmente
inclusivo, vários são os relatos em
que Cristo inclui as mulheres, os estrangeiros, os pobres, as crianças. A fé
inclusiva está baseada na análise dos textos bíblicos sobre a ótica
contextualizada da Bíblia; empregando os métodos críticos teológicos em que
rejeitamos a pregação onde afirma que os homoafetivos são rejeitados por Deus
por ser quem são. Não é quem somos que Deus julga, mas como vivemos e isso
independentemente de ser hetero ou homossexual”. (Pastora Márcia)
Por Sheylla Martins - Esquina Online