O futebol
jogado nas cinco quadras gratuitas de uma das Regiões Administrativas mais
pobres do Distrito Federal é uma maneira de reunir os moradores e garantir a
diversão toda semana. Entretanto, a falta de organização do campeonato da
categoria adulta desmotiva jogadores como o operário Raimundo da Silva Macedo,
de 35 anos.
Raimundo, mais conhecido como Zico pelos amigos do Varjão, conta que apesar do número de quadras, acha que o pessoal mais velho da cidade é muito desmotivado em relação ao esporte. “Incentivo para as crianças até que tem por causa das escolinhas, mas para os adultos não. Eles organizam o campeonato, mas nunca terminam”. Raimundo conta que quando a competição chega à final, é cancelada por falta de verba ou porque alegam que não tem premiação.
Raimundo treina com o filho na quadra ao lado do campo sintético do Varjão |
Outro fator
que afeta a motivação dos jogadores, mas que está em vias de ser resolvido é a
falta de um local para a troca de roupa e de banheiros para uso dos atletas. A
Administração Regional da cidade já está no processo de construção de um
vestiário. O espaço terá em torno de 120 m² com área de descanso e três
banheiros.
Ray Alves Ferreira, 19 anos, trabalha em uma empresa de marketing e mora no Varjão há 15 anos. Ele joga na quadra de futebol ao lado do campo sintético todas as terças e quintas à noite e afirma que achou a construção do vestiário uma ótima iniciativa. “Quando os jogadores precisam ir ao banheiro tem que ir para casa ou usar o mato atrás do campo”.
O vendedor, Diego Dantas, veio do Rio
de Janeiro para o Varjão há três meses e já se enturmou com o pessoal da
pelada. Ele acha que as quadras são boas, mas que precisam de revitalização em
alguns pontos. “Essa aqui [quadra ao lado do campo sintético] tem as redes dos
gols rasgadas, poderiam colocar gols novos”, opina.
Para Raimundo, algo que poderia juntar a turma adulta e dar mais motivação nos treinos e peladas seria a construção de um ginásio coberto. “Às vezes chove e aí como é que joga? Uma quadra coberta igual à do Paranoá ficaria muito melhor. O Varjão já tinha três quadras, em vez de ter feito mais duas descobertas poderiam ter feito só um ginásio coberto”.
Talentos no Varjão - No campo de grama sintética do Varjão acontecem dois projetos sociais
voltados para meninos da comunidade. O Varjão Futebol Clube e o Juventude
Futebol Clube são iniciativas voluntárias de moradores da cidade que contam com
o apoio da Administração Regional.
O Juventude Futebol Clube foi
criado há cinco anos sob o comando de Silvia
Chavez. A diretora da escolinha conta que viu no talento do filho a vontade de
dar oportunidade para outros meninos da cidade de se descobrirem e se
realizarem na atividade. Hoje, o projeto de Silvinha, como é conhecida na
comunidade, atende cerca de 70 meninos do Varjão. Os únicos pré-requisitos para
participar da escolinha são frequentar a escola e tirar boas notas.
Silvinha conta que o maior intuito do projeto é afastar os meninos das drogas e da criminalidade. “Hoje as pessoas estão muito avançadas, estão se envolvendo com muita facilidade no mundo das drogas, principalmente com esse crack que veio para matar”, lamenta.
A escolinha funciona através do
trabalho voluntário de moradores da comunidade. Denílson Rodrigues mora no
Varjão e atua como treinador voluntário desde a inauguração. “Aqui na escolinha
a gente é uma família. Não tem esse negócio se a pessoa é boa ou ruim, tem
espaço para todo mundo que quiser participar”.
O Juventude
ainda tem como objetivo revelar novos talentos através de peneiras feitas por
grandes clubes de futebol que vêm até a escolinha para assistir os treinos dos meninos.
Silvinha conta que já saíram do projeto três alunos para o Santos e quatro para
o Cruzeiro.
Quando o projeto começou o campo era
de terra e eles só tinham uma bola, mas isso não abalava a vontade dos meninos
de jogar. Denílson conta que quando José Ricardo Nascimento assumiu a
administração do Varjão, a escolinha ganhou um grande apoiador. A Administração
cede o espaço do campo sintético além de material como bolas e camisetas.
Marina Corrêa- Jornal Esquina On-line