Modelos de tamanho maior dão a volta por cima e arrasam na frente dos holofotes. Mas o que não aparece nas passarelas é o preconceito que essas meninas sofrem por não estarem no padrão imposto pela sociedade. Luz, câmera e ação que lá vem elas!
Em outubro, a etapa da Miss Brasília Plus Size, chamou, de forma especial, a atenção do público. Este concurso é voltado para valorizar e ressaltar a beleza das mulheres que vestem o manequim a partir do 44. A primeira edição do concurso foi ano passado e a vencedora foi de Brasília. Camila Goulart, 32, manequim 48. Ela ganhou uma passagem para Paris, e um contrato de trabalho de R$ 10 mil, além de treinamento com aulas de passarela e coreografia. A primeira etapa do concurso acontece este ano e será em Brasília.
É um momento em que os holofotes se voltam para essa causa e a visibilidade do movimento Plus Size ganha a mídia. Sharlene Leite, professora e modelo Plus Size, diz que vai participar do concurso, pois pretende continuar com a sua ideologia. Ela acredita que ser miss é mais do que ser um rostinho bonito, é preciso ter conteúdo também e isso não depende de cor de pele ou de tamanho. Sharlene criou um blog para ter um espaço onde pudesse contar e discutir as vivencias do dia-a-dia. A professora que já participou e venceu da primeira e única edição do concurso presencial de musas de times de futebol plus size, conta no vídeo abaixo um pouco mais da sua história e suas dificuldades durante o concurso e na própria vida.
A professora entregou um projeto para o time do São Paulo Futebol Clube com o intuito de serem fabricadas blusas do time com um corte feminino, de tamanho maior. Ela afirma que as blusas de maiores, são sempre masculina e não possuem caimento para um corpo feminino. Alega que ao comprar a blusa do time, as femininas possuem apenas o tamanho "P". Durante a entrevista, Sharlene mostra como ela mesmo customizou a sua própria camiseta do time.
A professora afirma que é possível estar acima do peso e encontrar roupas com corte e caimento que favorecem as curvas. |
Marilyn Monroe e Elisabeth Taylor fizeram sucesso nas décadas de 40 e 50 com seus corpos de curvas sinuosas. A mulher é dona do seu próprio corpo, entretanto sempre sofreu a pressão para adquirir o "corpo ideal". Mas o que é ter um corpo ideal? Para Indira Jéssica, 21, estudante de artes plásticas e fundadora do grupo Sereias Plus Size, o corpo ideal é aquele que te faz se sentir bem. O movimento Sereias Plus Size Brasília é voltado para meninas da região, que estão acima do peso, e que tem o objetivo comum: compartilhar experiências, relatos de preconceito e dicas de moda maior. A estudante juntamente com uma amiga, Aline Ramos, são as idealizadoras e fundadoras do projeto.
Para participar do grupo é necessário uma indicação de um membro participante ou uma solicitação para as administradoras.
Para Manoela Oliveira, 20, também estudante de artes plásticas e integrante do grupo Sereias, conta a experiência do preconceito, "vivenciei de diversas formas. Por ser lésbica e por ser gorda. Nunca fui desejada. A autoestima sempre esteve no pé. Eram apelidos, comentários e você sempre é preterida à qualquer outra pessoa que se encaixe num padrão. É você ir numa loja e ver uma roupa que deseja e ter que ouvir que não existe pro seu tamanho. É ter que escutar "nossa você é linda de rosto, mas é gorda". O preconceito é algo presente".
A estudante conheceu o Sereias Plus Size através de uma amiga que a indicou para participar do grupo. Manoela conta que no momento em que ela se aceitou passou a aprender a se amar como é, parou de correr atras do padrão que ela não pertencia e acabou com as dietas malucas. " A minha vida mudou, porque deixei de viver pros outros e vivo só pra mim" comentou a estudante. Algumas mulheres não se aceitam como elas realmente são e isso acarreta diversos problemas físicos e psicológicos, como anorexia e bulimia. O padrão de beleza atual são mulheres que usam um manequim 36/38 e que por vezes não são reflexos de uma vida saudável, o que leva pessoas a se questionarem sobre essa forma que é considerada “perfeita”, já que elas próprias não se sentem representadas por essas modelos.
Alerta
Apesar de estarem acima do peso, a saúde dessas mulheres devem ser acompanhadas por nutricionistas e endocrinos. Uma pesquisa feita em 2015 pelo Ministério da Saúde mostra que 52,5% da população brasileira estão à cima do peso e que 17,9% são obesos. Para o o endocrinologista Osmário Salles, o combate a este mal é mais simples do que se imagina. “O maior remédio na medicina se chama exercício. Com a prática de meia hora podemos evitar uma série de doenças que vem atrelada a estes hábitos, como a diabetes, hipertensão e até alguns tipos de câncer”. Segundo o médico, é possível estar acima do peso e ser saudável, e uma pessoa magra não necessariamente é sinônima de saúde. O médico deixa claro que é fundamental a presença de um especialista e um acompanhamento nutricional.
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Ana Clara Tonissi |