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Suplementos proteicos nas academias: consumo indiscriminado leva a problemas na saúde

Atletas de academias não dispensam as garrafas com suplementos / Foto: Rafaela Amaral







João Paulo Holanda tem 24 anos. O estudante de engenharia não deixa de frequentar a academia desde os 17 anos. Adepto a treinos e dieta, ele não dispensa o uso de suplementos proteicos, aqueles produtos famosos em pó que se misturam com água e são consumidos por atletas após atividades físicas. O suplemento auxilia o corpo a ganhar massa magra de forma acelerada. “Eu comecei a malhar e meu nutricionista me passou os suplementos para ganhar massa muscular. Eu tomo Whey Protein, BCAA, Ômega 3 e Glutamina três vezes por dia” conta. Ele afirma que procurou por acompanhamento nutricional por fornecer um atendimento mais personalizado. “O profissional faz um gráfico do antes e depois do corpo, analisa as medidas e o acompanhamento é baseado nas minhas necessidades e taxas. Ele sabe o que meu corpo está precisando”, declara. Ouça aqui a íntegra da entrevista com o estudante:




A busca pelo emagrecimento ou aumento da massa muscular faz com que atletas procurem por essa forma de suplementação. De acordo com a Associação Brasileira dos Fabricantes de Suplemento (ABFS), o setor movimenta mais de R$ 1 bilhão por ano no Brasil. No entanto, regulamentações e pesquisas científicas que estudam os efeitos colaterais no organismo dos consumidores não são suficientes para garantir a segurança do uso em longo prazo, tornando esses produtos suspeitos para profissionais da saúde.


Whey Protein ocupa grande parte das prateleiras de lojas de suplementos  / Foto: Arquivo Pessoal 


O American Journal of Clinical Nutrition publicou uma pesquisa em 2012 em que afirma que o Whey Protein (suplemento proteico) auxilia na formação de massa magra e melhora o desempenho em exercícios de força, tanto em jovens quanto em adultos. Os “milagres” prometidos pelas empresas que fabricam suplementos atraem os consumidores, que podem ingerir o produto de forma indiscriminada, começando pela indicação de amigos, leigos ou treinadores. O nutricionista e educador físico Luiz Paulo Borges alerta: “Somente o nutricionista ou médico estão aptos a prescrever suplementos”. Ele explica que para se suplementar com proteína, deve-se respeitar a individualidade biológica e as restrições do indivíduo.

Há seis anos, o estudante Matheus Nascimento, 22, pratica musculação. Ele costuma trocar ideias com amigos sobre treinos e dietas, além de ler artigos, livros, blogs e notícias sobre o assunto. O conhecimento adquirido o fez consumir suplementos de proteína por conta própria. “Faço minhas séries e dietas sem acompanhamento profissional. Comecei a tomar suplemento sozinho e continuo ingerindo até hoje. Antes, eu usava suplementos apenas de proteína, agora faço o consumo de outros tipos”, comenta. Durante o treino, Matheus ingere 12 gramas de BCAA. Após os exercícios, ele consome cinco gramas de Creatina e 30 de Whey Protein. Antes de dormir, são ingeridos mais 30 gramas do mesmo.

O educador físico Bruno Mendes ressalta a facilidade que os suplementos proteicos trazem ao atletas. “Com eles, é muito mais fácil suprir a necessidade. Você toma um shake e pronto. A absorção é rápida e é mais prático de transportar”, conta. Bruno diz que é questionado constantemente sobre indicações de suplementos de proteínas. “Quando isso acontece, eu já sugiro logo um nutricionista, que é a pessoa ideal para prescrevê-los. É como se a pessoa pedisse ao nutricionista que prescrevesse um treino. Ele indicaria um educador físico”, destaca. Escute mais orientações do educador físico abaixo:







Saiba quais são os riscos à saúde devido ao uso indiscriminado de suplementos:

 



O empresário Cayo Fernando Menezes é dono de uma rede de suplementos e relata casos de clientes que chegam à loja sem prescrição do produto e da marca correta. “Tem cliente que chega aqui perguntando, sem nenhum conhecimento, pelo suplemento adequado. Ai os consultores da loja acabam fazendo o trabalho de explicar e orientar. Como não há regulamento, nós indicamos sem problemas. Verificamos os objetivos do cliente e fazemos as indicações com relação aos resultados que ele busca”, aponta. Para lidar com a situação, o empresário realiza treinamentos com os vendedores, ouça detalhes abaixo:







O nutricionista Leonardo Rocha comenta o caso de um paciente que se prontificou a receber orientação de um brasileiro que mora nos Estados Unidos, e que se passa por nutricionista e educador físico, sem possuir especialização para nenhuma das duas áreas. Ele indicou uma dieta na qual o indivíduo tinha que tomar seis medidas de proteína por dia, ou seja: só de proteína via suplementar havia uma ingestão diária de 144g. Levando em consideração que cada medida tem em média 24g de proteína, para uma pessoa de 70g só de suplementação chegou em 2.0g/ptn/kg.


Legislação
No Brasil, os suplementos devem seguir um regulamento da Agência Nacional de Vigilância Sanitária(Anvisa), publicado em abril de 2010. Nele, são estabelecidos critérios de composição, rotulagem, classificação e indicação, além de um número de notificação junto ao órgão de vigilância sanitária estadual ou municipal com o início da fabricação ou importação. Segundo a agência, a legislação tolera uma diferença de 20% entre as informações nutricionais presentes na embalagem do produto e a real composição. Seguindo o procedimento, a Anvisa suspendeu vinte lotes de fabricantes de suplementos de proteínas. Confira a lista:


O nutricionista ainda aponta que os suplementos mais indicados são os de Aminoácido, proteínas isoladas, proteínas concentradas, blends proteicos, proteína da carne, proteína vegetal, albumina e caseína. No entanto, Leonardo alega que quanto mais natural o alimento, melhor para o organismo. "As proteínas de origem animal são as mais biodisponíveis e indispensáveis. Variar sempre é o melhor caminho", afirma.

Confira alimentos que possuem a mesma função que os suplementos:



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Por Rafaela Amaral