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Programa de intercâmbio é oferecido a estrangeiros no Brasil



Estatisticamente, os cursos mais procurados são Letras, Comunicação Social, Administração, Ciências Biológicos e Pedagogia.
O Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G) foi criado em 1964 devido à grande vinda de imigrantes que se observou no país naquele ano. Havia a necessidade e a percepção de favorecer uma unificação entre as condições do intercâmbio estudantil e garantir que houvesse o mesmo tratamento aos estudantes por parte das universidades. O PEC-G, que é administrado pelo Ministério das Relações Exteriores, é regido por um Decreto Presidencial de n. 7.498, publicado em 2013. Atualmente, 57 países são contemplados pelo programa de intercâmbio, países esses que têm acordos de cooperação educacional, cultural ou científico-tecnológica.










O haitiano Gener Pierre-Louis, 20, quer seguir os mesmos passos da mãe, tornar-se dentista. Uma única diferença vai haver entre os dois: ele, ao contrário dela, vai se formar no exterior. O destino para o qual ele está rumando é São Paulo, em busca de formação odontológica na Universidade de São Paulo (USP). “Este curso dá muito dinheiro, né? (risos), ser dentista é uma coisa muito massa. USP é a melhor universidade na América do Sul. No Haiti eu não tive essa oportunidade porque as universidades daqui do Brasil são melhores do que as do meu país, não são todas, mas quase todas”, diz ele. Gener lembra que não terá o primeiro contato com a odontologia quando tiver a primeira aula em São Paulo. “Já fui assistente de dentista dela e trabalhei com ela, porque ela tem clínica própria dela, trabalhava com ela todos os dias. Conheço muitas coisas”, ele é rápido em apontar. Assim como Gener, Jean Nerestan, 21, também vem do Haiti, e é outro contemplado pelo programa do Governo Federal. Ele vai estudar no estado de Goiás e pretende se tornar engenheiro. Os dois estudantes são amigos e moram no mesmo lar no Riacho Fundo I. Assim, os dois mantêm o laço cultural do país de origem deles.

Gener Pierre Louis. Foto: arquivo pessoal.



Historicamente, o continente africano é lugar de origem da maioria dos beneficiados pelo PEC-G. O estudante Framck Assemian, 24 anos, percorreu uma distância de 5.659,65 km para chegar aqui. Vindo da Costa do Marfim, o jovem vem de um país em que apenas 24 marfinenses participaram do PEC-G nos últimos 16 anos. Ele, que vai estudar nanotecnologia, explica que o que pesou na escolha foi que o programa é gratuito e que o Brasil “está em desenvolvimento, as faculdades no Brasil são bem reconhecidas no mundo, então eu escolhi o Brasil pra estudar e ter formação estrangeira também”, afirma. Embora não tenha se acostumado à nova cultura, ele fica com a companhia de amigos africanos, que são de diversas nacionalidades, como é o caso do estudante Donald Akpo, 21 anos, de Benim.

Primeira vez em que pisa em solo sul-americano, Donald tem gostado de conhecer o país. “O Brasil é um país quente, tem muitas nacionalidades em Brasília, e eu amei esse lado dele”, diz, acrescentando que há também o lado negativo que é o racismo. No início da jornada no país, há sete meses, uma das maiores dificuldades, segundo ele, era com a língua portuguesa.  “Eu já falava mais ou menos inglês, mas era só pra melhorar um pouco. Entretanto o português é completamente diferente, eu não falava português, agora já falo português e fazendo cinco, seis anos de engenharia eu vou superar esse português. E eu vou fazer contatos aqui, aqui é um carrefour (ponto de encontro) de nacionalidades e isso com certeza vai me abrir portas pras pessoas conhecidas que eu vou ter no futuro. Aí tudo isso conhecer também o Brasil, país do futebol, é um país cultural”, reconhece.


Donald Akpo. Foto: arquivo pessoal.

Ele ficou sabendo da oportunidade de intercâmbio por meio de um amigo. Uma ótima notícia para o jovem cujo intuito é estudar Engenharia de Petróleo, na Universidade Federal Fluminense, em Niterói. “Eu pesquisei e vi que o Brasil é um grande produtor de petróleo e isso vai me ajudar bastante porque vou fazer aulas no Rio de Janeiro, que é a maior parte onde tem exploração de petróleo. E isso vai me ajudar porque eu tô perto do mercado de trabalho, aí ajuda para os conhecimentos”, diz ele. Morando na cidade do Riacho Fundo I, ele tem acesso ao passe livre estudantil e recebe ajuda dos pais para os mantimentos do dia a dia. “Sem eles não poderia viver porque agora eu não tenho a possibilidade de ter bolsas e tal, vou ter que começar as aulas primeiro e eu tô querendo terminar com isso pra começar a ter as bolsas”, afirma.

Ouça o relato de Donald Akpo:




Confira a versão impressa desta matéria:
Por Jaderson Rodrigues