Por Karla Pereira
- Presidente da Fenaj debate sobre o futuro do jornalismo e financiamento da imprensa no V Congresso Brasileiro de jornalismo ambiental -
A audiência e os telespectadores estão pautando os
interesses dos meios de comunicação, e assim, se livram das pautas incômodas.
Meio ambiente talvez, seja a que mais desagrada. Antes os anunciantes
determinavam o que saia nos jornais, hoje o ditador, é seu objeto de
existência, o público. Quando ele passa a determinar os conteúdos dos jornais,
estes, passam a privatizar um conteúdo que é importante. Assim, temas
desconfortáveis e complexos, como meio ambiente, passam a ser abandonados
dentro do jornalismo e tratados em locais onde eles não incidem como deveriam.
As práticas jornalísticas atuais acabam constituindo um abandono por
pessoas que precisam ver o jornalismo no seu cotidiano. O que nós vemos, são
jornais ou revistas se comportando quase como partidos e outros,
“apresentam um jornalismo completamente desqualificado, desinteressante e
desnecessário para a população”, explica o presidente da Fenaj Celso Schöder (foto). Há uma superficialidade na cobertura desses temas, o
jornalismo precisa, por um lado, vencer a ditadura da audiência, e por outro, disputar junto aos jornalistas posições para estes assuntos.
Apontada como uma causa da suposta crise pelos
debatedores, a confusão de conteúdo e tecnologia, insiste em permanecer. Ao
mesmo tempo em que temos um espaço grande e diversificado para a divulgação
deste conteúdo, as matérias acabam ficando perdidas, por não sabermos utilizar
esse campo. Uma confusão que não existia na época do jornal impresso. O que se
vê nas redes sociais, por exemplo, é um jornalismo feito sem cuidado.
Não há dúvidas que a defesa do jornalismo é absolutamente
necessária. O jornalismo é uma produção social cultural, com pessoas exercendo
isso, com compromisso e contratos assumidos pela sociedade, que é diferente de
qualquer outro interesse que trate inclusive de um ponto de vista bem intencionado.
O relato do jornalismo é único, é singular, não é o
melhor, nem o mais profundo, mas é único. Quando o jornalista faz uma matéria,
sob qualquer tipo de assunto, é atribuído uma dimensão que nenhum outro relato
assume, por isso, ao termos essa singularidade, o jornalismo é necessário.
“Acredito no jornalismo, essa crise do mau jornalismo, é uma crise que vem
sempre” finaliza o presidente.
Em entrevista ao Blog
Esquina, o presidente da Fenaj diz que o tema meio ambiente deve ser inserido
na graduação e aponta os desafios do jornalismo ambiental. Ouça a entrevista na
íntegra.