46 mil famílias do DF se sustentam com rendimento mensal de até um salário mínimo, ou seja, R$ 788,00. A informação é da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiro Geográfico e Estatístico (IBGE), publicada em 2013. Em contraste, o levantamento realizado pelo Dieese, publicado no mês de setembro, alerta que, por determinação constitucional, o salário mínimo deve ser suficiente para suprir necessidades básicas de um trabalhador e sua família. O orçamento tem que cobrir gastos com alimentação, moradia, saúde e educação. Para a administração de uma família de quatro pessoas, o valor correto do salário mínimo deveria ser de R$ 3.258,16, ou seja, quatro vezes o atual.
Um estudo realizado pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), em setembro, afirma que São Sebastião (distância: 23 km de Brasília), Brazlândia (51 km) e a Cidade da Estrutural (13 km) são as Regiões Administrativas mais pobres da Capital Federal. Visitamos cada um desses lugares e procuramos depoimentos de famílias que vivem essa realidade. Entrevistamos também três especialistas: o economista da Universidade de Brasília, Carlos Alberto Ramos; o sociólogo e pesquisador da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA e do Centro Internacional de Politicas Para o Crescimento Inclusivo, Rafael Osorio; e, por fim, a assistente social do Centro de Referência de Assistência Social - CRAS de Brazlândia, Daiana Silva.
As famílias entrevistadas contam que, para sobreviver e conseguir sustentar a família apenas com esse valor mensal, elas têm que procurar outras formas de ganhar dinheiro e aumentar a renda. São os famosos "bicos". Ouça os depoimentos dos nossos entrevistados.
Luciene de Maria, 55, doméstica, vende bebidas e churrasquinhos em eventos noturnos.
Cipriano Machado da Silva, 47, agricultor rural, vende CDs nas ruas de Brasília para aumentar a renda.
O sociólogo Rafael Osorio explicou que, analisando a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE, a maior parte das famílias pobres têm despesas acima da renda. "Isso porque elas têm muito consumo não monetário, elas têm outras formas de realizar as necessidades delas". Embora isso as ajude, o sociólogo aponta que são estratégias arriscadas. Hoje você tem a renda complementar retirada do seu camelô, mas quem te garante que amanhã ela continuará existindo? "Essa é a pior coisa da pobreza, a incerteza e a insegurança", falou Rafael.
Outro ponto citado pela maioria dos entrevistados foi a dificuldade para comprar comida, devido ao aumento dos preços e da inflação, que também só cresce. "Agora a gente está em um contexto de inflação de alimentos, os preços estão subindo. O preço das outras coisas também, mas os alimentos são o que pesa mais no consumo das famílias pobres", concorda o pesquisador do IPEA.
O valor do salário mínimo atual é assustador, mas será que ele já foi pior? O site Portal Brasil disponibilizou uma tabela relativa à evolução do salário mínimo.
Fomos até a rodoviária perguntar para o povo brasileiro o que eles acham dessa situação. Será que é possível sobreviver com um salário mínimo?
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Por: Kimberly Dias e Simone Cimas
