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Trotes são uma realidade e números são assustadores

Desde criança fazemos algumas brincadeiras que achamos que não resultarão em nada ruim, como por exemplo: correr e tocar campainhas dos vizinhos, interfone e também os famosos trotes, que são ligações falsas destinadas a vários locais, como o supermercado, franquias de pizza, até mesmo para telefones de outras pessoas. Porém, quando destinadas à polícia ou ao Corpo de Bombeiros, essas “travessuras” deixam de ser brincadeira de criança e podem causar problemas.

Quando o trote é destinado a essas instituições, há um deslocamento de viaturas da polícia e de ambulâncias dos bombeiros, retirando a proteção que seria destinada a alguém ou alguma área do DF que realmente precise. Ou tenha o atendimento atrasado, comprometendo o destino de uma ou mais pessoas.

Com o objetivo de reduzir essa interferência a zero, a Central Integrada de Atendimento e Despacho (Ciade), está atualizando o monitoramento de chamadas para o Sistema de Georreferenciamento 2 (SGO2). A partir do momento em que a ligação é atendida, já se sabe de onde vem, e uma triagem ajuda a descobrir se é trote ou não.

O tenente coronel Cláudio da Silva Santos, bombeiro e coordenador da Ciade, explica a situação. “Um exemplo prático: ligam pra CIADE numa emergência, e o atendente já verifica o local de onde está saindo essa ligação. Essa atualização do sistema é importante, pois vai ajudar na triagem das ligações e evitar deslocamento de viaturas e ambulâncias para lugares onde não haja necessidade de atendimento”.

Confira abaixo o tenente coronel explicando como funciona a Ciade:


O Capitão Michello Bueno da Polícia Militar, explica que os trotes são muito prejudiciais, ainda mais em áreas consideradas perigosas. “Quando a viatura vai cobrir uma ligação sem ocorrência, uma área fica desprotegida. Se vê que que isso aconteceu, uma viatura já se desloca para essa área.” Ele ainda explicou. “O mapa está na tela, por exemplo, o mapa da Ceilândia e a distribuição para que todas as áreas perigosas fiquem cobertas”.
 
Isabella, 20, contou que já passou trote. “Quando a gente é criança adora fazer esse tipo de coisa, ligar pro mercado e pra padaria e passar trote.” Com relação aos trotes para a polícia ou o corpo de bombeiros, a estudante disse que foi pega pela mãe no ato. “Com 15 anos mais ou menos, um pessoal foi fazer trabalho da escola lá em casa e aí a gente teve a ideia de ligar pra polícia e fingir que uma pessoa tinha sido assaltada.” 

O pensamento poderia ser de brincadeira, porém não parou por aí. “Uma amiga minha começou a gritar no telefone, dizendo que havia sido baleada, foi quando meus pais chegaram em casa. Levei até uma surra na época, mesmo tendo 15 anos, mas depois entendi a gravidade” Outro caso parecido é o de Danilo dos Santos. Hoje com 25 anos, o professor de Educação Física revela já ter passado trotes para o Corpo de Bombeiros falando sobre uma queimada no parque Olhos d’Água. “Tava na época de secura aqui de Brasília e então eu liguei pra eles. Já devia ter meus 18, 19 anos, mas mesmo assim achava engraçado fazer isso”.

Por achar que não ia resultar em nada, Danilo viu dois caminhões do Corpo de Bombeiros estacionando no Parque. “Me senti muito mal naquela hora porque sabia que podia avacalhar o atendimento dos bombeiros em outro lugar que eles realmente precisassem ir.” Ele revela que, depois disso,  nunca mais passou trote. Falar sobre trotes pode até parecer clichê, pois como dito, lembra brincadeiras do tempo de criança. Porém, depois de entender quais os efeitos um trote na vida de uma pessoa, mesmo que seja desconhecida, é necessário repensar essa atitude e refletir se é uma coisa correta a se fazer. A resposta é clara e até óbvia: não se deve fazer isso nunca.

O artigo 340 do Código Penal diz que “provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado, resumidamente, o trote” resulta em detenção de seis meses a dois anos.




CP - Decreto Lei nº 2.848 de 07 de Dezembro de 1940
Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado:



Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.



Autoacusação falsa



Mesmo parecendo um fato bobo, levado na brincadeira por alguns, é importante lembrar que um trote pode mudar o destino de uma vida, e por isso a conscientização é muito importante. Saiba mais detalhes de como funcionam os órgãos que cuidam da logística de atendimento e como alguns exemplos podem se tornar péssimos hábitos.



Por Felipe Rocha