Por Natasha Teles
- Violência contra sem teto assusta brasilienses, mas, apesar da exclusão social, morador de rua contribui para a beleza da capital -
A violência contra os moradores de rua têm gerado repercussão na mídia e chamado a atenção aos perigos de viver nessa situação. Em contraponto, um morador de rua chamado Francisco, não tem dúvidas de que a rua é o seu lugar e diz que, apesar das propostas, continua preferindo seu espaço ao ar livre a um lugar fechado.
Segundo dados do Centro Nacional de Defesa dos Direitos Humanos (CNDDH), 195 moradores de rua foram assassinados no Brasil entre fevereiro de 2011 e maio de 2012. Os números assustam, mas as estatísticas não param por ai. No Distrito Federal existem aproximadamente três mil pessoas vivendo nas ruas, de acordo com dados do governo.
Só no ano passado, em Brasília, dois casos chocaram a população. Em Taguatinga dois pedintes foram assassinados com tiros na cabeça enquanto dormiam. Já em Santa Maria um comerciante contratou cinco homens para atear fogo em dois moradores de rua por atrapalharem seus negócios. Um dos moradores morreu e o outro ficou ferido com 20% do corpo queimado.
Apesar dos casos de extrema violência, o morador de rua Francisco Kaefer, 40 anos, afirma que não tem vontade de sair da rua. Francisco mora nas ruas há 22 anos e adotou um jardim na asa norte como hobby. Francisco nasceu em Cascavel, Paraná e mora em Brasília há seis anos. Sustentava-se como catador de latas, mas agora vive de pequenos serviços de jardinagem. (foto acima)
Francisco mora ao lado de um posto de gasolina e passa o dia cuidando do jardim e lendo quadrinhos e livros, de preferência, ficção científica. Apesar de já ter sido ameaçado de morte por uma moradora e já ter sofrido uma tentativa de homicídio, ele não pensa em procurar moradia e afirma: “Já me ofereceram para morar em uma chácara, mas não quero”.
Francisco também comenta sobre os pontos positivos de morar na rua. “Aqui eu tenho minha liberdade, não tenho que pagar impostos e faço o que quero”. Apesar do lado positivo, Francisco admite que teve medo quando soube das notícias sobre a violência na rua. “Tenho medo sim, mas não há lugar seguro, aqui pelo menos eu tenho sossego”, afirma Francisco sobre sua atual moradia na quadra da 302 norte.
Sua rotina diária começa quando Francisco vai até o Palácio do Buriti e enche alguns galões de água para o jardim que cuida. Ele então volta e rega as plantas que ele mesmo planta e aduba. As decorações são feitas com o material encontrado no lixo e garrafas pet.
Ação do GDF oferece serviço para moradores de rua
Apesar de existir casos como o de Francisco, que escolheu viver na rua, o motivo da maioria das pessoas viverem nessa situação é por falta de opção. Visando melhorar a qualidade de vida dessas pessoas, a Secretaria de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda criou um projeto chamado Cidade acolhedora, que tem como objetivo garantir apoio, orientação e acompanhamento a famílias e indivíduos nessa situação em todo o DF.
O Cidade Acolhedora oferece à população em situação de rua os seguintes benefícios: reinserção familiar e no mercado de trabalho; retorno aos estados de origem; aumento no número de famílias e pessoas atendidas nos serviços de acolhimento; aceitação de tratamento de drogadição na rede de saúde pública e em instituições parceiras.
Esse serviço conta 28 equipes (sendo 14 por dia) e cada equipe é composta por um Assistente de Coordenação ou Chefe de Equipe (preferencialmente Assistente Social), dois Orientadores Sociais, um Facilitador (pessoa que já vivenciou a situação de rua) e um motorista.
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