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Diário de Bordo: Dia 04 – 19 de maio

Seguindo o padrão militar da viagem, já estávamos nos ônibus às 6h15. Tomamos café-da-manhã no Hotel de Trânsito de Oficiais de São Gabriel da Cachoeira (AM), onde jantamos na noite anterior (quarta, 18 de maio). De lá, seguimos para o aeroporto, rumo a Boa Vista, capital do estado de Roraima.

Como choveu muito na madrugada, o tempo estava fechado. O céu coberto por nuvens não seria problema em outros lugares, mas o Aeroporto de Uaupes não possui os instrumentos necessários para orientar no pouso e decolagem quando não há visibilidade da pista lá do alto. Por isso, o voo que estava marcado para às 8h só saiu quando o tempo melhorou um pouco, por volta do meio-dia. E lá estávamos nós atrasados mais uma vez!
 
Antes de chegarmos ao nosso destino, fizemos uma parada em Manaus (AM), para deixar o comandante militar da Amazônia, o General de Exército Mattos. Chegamos em Boa Vista aproximadamente às 15h. No aeroporto da capital de Roraima, fomos recebidos pelo General Franklinberg, comandante da 1ª Brigada de Infantaria de Selva (BIS).
Formatura do 1º Pelotão Especial de Fronteira, em Bonfim (Filipe Marques/Esquina)
Com a programação cheia e pouco tempo, tivemos que improvisar. O almoço foi corrido e, em pouco tempo, partimos de ônibus para a região fronteiriça do Brasil com a Guiana. O destino era Bonfim (RR). A pequena cidade tem cerca de 10 mil habitantes e abriga o 1º Pelotão Especial de Fronteira (PEF).

Durante o percurso, que durou em torno de uma hora e meia, o comandante da 1ª BIS improvisou uma apresentação sobre o trabalho do Exército naquela região, já que não teriamos tempo para a palestra propriamente dita. Primeiramente, o general explicou a diferença entre indígenas Yanomamis (localizados a oeste de Roraima) e os da reserva Raposa Serra do Sol (a leste do estado). Além disso, abordou temas como a cobertura estratégica e as fiscalizações feitas pelo pelotão nas fronteiras.

Comunidade de Bonfim (Filipe Marques/Esquina)
Quando chegamos ao PEF de Bonfim, muitas pessoas da comunidade já estavam à nossa espera, inclusive crianças e adolescentes com uniformes escolares. Assistimos uma formatura muito semelhante à vista pelo grupo Alfa em Maturacá (AM), no dia anterior. Porém, ao invés de pintados somente de preto, os rostos ganharam a cor verde.

Apesar de desempenharem a mesma função de patrulhar as fronteiras brasileiras, as comunidades são bem diferentes. Em Maturacá, o pelotão fica isolado, em meio ao relevo montanhoso e a mata fechada da Floresta Amazônica, e só se chega pelo ar ou pela água. Já o PEF de Bonfim fica dentro da pequena cidade, localizada na vegetação conhecida como lavrado, muito parecida com o cerrado. É possível chegar ao 1º PEF por meio de estrada asfaltada, como fizemos. Além disso, o pelotão de Bonfim tem acesso a internet e uma estrutura visivelmente mais desenvolvida do que a de Maturacá


Militar e familiares
(Filipe Marques/Esquina) 
Depois da apresentação, fizemos uma visita pelo batalhão, e tivemos a oportunidade de conhecer as famílias dos militares. Nesse aspecto, não há muita diferença entre os PEFs: em ambos, os familiares estão presentes e participam ativamente. Além das famílias, conhecemos também outros habitantes da comunidade. Porcos e galinhas são criados no 1º PEF.

Em seguida, fizemos uma simulação de patrulha do rio Tacutú, que delimita a fronteira do Brasil com a Guiana, com quatro voadoras (um pequeno barco com motor) até a chegada da ponte que une os dois países. No final da tarde, cruzamos a fronteira e observamos a troca da mão viária. Em outras palavras, começamos a andar na faixa esquerda das vias, como acontece no Reino Unido e no Japão.


O comércio da cidade que conhecemos, Lether, cresceu muito nos últimos anos, graças à construção de galpões perto da ponte. Infelizmente, não conseguimos conhecer essas lojas já que o comércio local estava fechado. Para alguns da comitiva, foi a primeira vez fora de território brasileiro.
Simulação de patrulhamento em voadeiras no Rio Tacutú (Giselle Mourão/Esquina)
A viagem de volta para Boa Vista passou rápido devido às cantorias dos "Formadores de Opinião". O cansaço foi superado pela vontade de aproveitar cada minuto do penúltimo dia de viagem. Só chegamos ao hotel por volta das 21h. Não tivemos trinta minutos para nos arrumarmos para sair. Afinal, como de costume, estavamos atrasados. Fomos para o Círculo de Oficiais de Boa Vista (COB) para mais um jantar. Selva!