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Dançarinos protestam devido a espaços culturais abandonados


Grupo faz manifestação na Torre de TV
Na capital federal, dançarinos iniciaram um protesto pelo bloqueio de acesso aos espaços culturais, atualmente abandonados e pela falta de recursos de entidades governamentais para incentivar os artistas de Brasília e cidades satélites através do movimento “Mexa-se, Brasília tem Dança”. Os artistas tiveram que manifestar em espaços abertos como a Feira da Torre e em frente à Câmara Legislativa.

O movimento denominado como “Mexa-se, Brasília tem Dança” surgiu ano passado em função da dificuldade da categoria artística da dança em promover um diálogo democrático com o Governo. Sobre administração anterior, as diversas demandas foram bloqueadas antes mesmo de serem postas à mesa. Foi quando os artistas independentes de associações e fórum resolveram se manifestar em prol do movimento e conseguiram uma sessão solene na Câmara Legislativa, onde a manifestação se tornou mais presente.

Isso interfere em um déficit de um diálogo entre os representantes de todas as áreas sociais para que as ações em prol da arte sejam mais efetivas e com resultados para grande parte da população do DF, incluindo o público, os artistas, os produtores e os trabalhadores envolvidos com a arte, como cenógrafos, costureiras, artistas plásticos, pessoal da faxina, segurança, como conta o coordenador do projeto, João Carlos Corrêa.


Assista abaixo a entrevista com João Carlos Corrêa



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O artista, produtor cultural e novo secretário de cultura Guilherme Reis, recebeu os dançarinos no gabinete enquanto movimento artístico e ponderou de forma bem tranquila as demandas da dança. Aí se reestabeleceu o diálogo tão desejado. Foi quando as demandas foram colocadas em pauta, mas ainda existia a falta da ação efetiva do Governo para solucioná-las.

Quando o Governo tomou a medida de uso do Fundo da Cultura (FAC) para sanar despesas de outras áreas, os dançarinos decidiram se reunir novamente, para protestar com braço firme, sem ultrapassar os limites do respeito. Ou seja, a categoria estava pronta para agir pela dança e pela cultura do DF buscando auxílio do governo. Porém, isso não é uma tarefa fácil.

 Neste ano, o dia 29 de abril, dia internacional da dança por força de lei, não foi comemorado com espetáculos abertos em teatros e workshops em centros de dança como de costume. Isso pelo fato de não ter teatro nacional aberto na cidade, o centro de dança estar interditado, o espaço na quadra 508 Sul se encontrar fechado e não haver teatro nas cidades satélites. Como alternativa, a festa foi celebrada em um espaço aberto na Câmara Legislativa, na porta da casa do povo, aos olhos dos Senadores para que eles pudessem ver a alegria, a celebração e as necessidades dos artistas.

A própria secretaria da cultura incluiu essa data no calendário oficial das comemorações do aniversário de 55 anos de Brasília oferecendo um caminhão-palco que abrilhantou a festa. Houve apoio de deputados, da Câmara, aprovação da utilização da área externa daquela Câmara, além de certificados oferecidos e assinados pelo secretário de cultura.

Na “Virada da Dança”, entre o dia 28 e 29, onde os artistas ficaram 24 horas em atividade, ocorreram workshops, aulões, apresentações de dança e um microfone foi aberto pro “Fala Artista” para que os dançarinos colocassem suas demandas a serem enviadas ao Governo.

A chuva no dia da Dança tornou o trabalho mais belo, até porque o artista em momento nenhum deixou de participar por conta de condições climáticas. “O Grito da dança” começou com chuva e, apesar do tempo nebuloso, o chão tremeu, mas não por conta dos trovões e sim por conta das pisadas dos artistas.

A “Virada da Dança” também começou com uma tempestade que dificultou, inclusive, a montagem das tendas inicialmente. À noite teve um tempo frio e os dançarinos mantiveram o pé no chão. Na madrugada, sereno, de manhã um sol de rachar e à tarde chuva, nem por isso os dançarinos deixaram o local. O organizador do movimento João Carlos Corrêa conta que “Em nenhum momento nenhum artista deixou de manifestar a intenção de pisar no palco. A dança acontece em qualquer situação”.

Dança para-tudo
João também explica sobre a existência de uma flor no cerrado chamada para-tudo que é fina e floresce em toda a época do ano. Apesar da beleza ímpar, está quase em extinção na região por conta do uso predatório do homem que retira a flor do seu ambiente para fazer artesanato. “A dança do DF é uma dança para-tudo, ela floresce em qualquer condição climática ou de terreno. Mas está por um fio por conta da inação do governo e dos parlamentares”, ressalta.

Para ele, os artistas colheram essa flor, ornando essa cidade e colocando em exposição. Dessa maneira, ela permanece florescendo em todas as épocas do ano, em qualquer ambiente. Entretanto, para florescer e continuar, ela precisa mais do que a ação dos dançarinos, a flor necessita dos espaços públicos. O centro de dança para fomentar a dança tanto de Brasília, da capital, quanto das cidades satélites, através das regionais de cada conselho de cultura de cada cidade. E isso só funciona através do diálogo entre população e governo. Não podemos deixar a flor do cerrado morrer e nem a cultura na capital federal.

Governo
Na tentativa de incentivar o diálogo, o Governo do Distrito Federal abriu consulta pública sobre o regulamento do Fundo de Apoio à Cultura (FAC) — aprovado em novembro de 2013 pelo Decreto nº 34.785. A população do DF se cadastrou até o dia 31 de abril. Tudo isso de forma online, acessando o endereço www.participa.br/culturadf.

Simultaneamente, reuniões sobre o FAC vêm sendo realizadas com representantes da sociedade civil e do governo. Qualquer pessoa pode participar dos encontros. A agenda completa está disponível no site do Fundo de Apoio à Cultura.

Do mesmo modo, é possível também participar da elaboração do Plano de Cultura do DF, com prazo estipulado até o dia 15 de julho. O plano visa estruturar as políticas públicas culturais em Brasília nos próximos dez anos. Antes de valer como legislação, o texto tem que passar pela análise da Câmara Legislativa.

Ana Luíza Reis (texto, fotos e vídeo)