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Um é pouco, dois é bom, três é melhor ainda

Poliamor é um estilo de relacionamento em que os parceiros têm liberdade para ter outros companheiros paralelamente 

Já pensou se seu amor tivesse outro relacionamento e vocês todos vivessem uma relação amigável? Essa é a ideia do poliamor e abraçada por diferentes relacionamentos, faixas etárias e orientações sexuais. Relações poliamorosas colocam em xeque a tradicional relação monogâmica. Ainda há vários paradigmas sociais a serem quebrados, e uma das primeiras perguntas que surgem quando se fala no assunto é: dá para se apaixonar por mais de uma pessoa? Não existem regras no relacionamento poliafetivo, cada casal cria as melhores formas de felicidade.

 (Divulgação JusBrasil)
                                

 O jornalista Leandro Rodrigues, 29, namora Gabriel e também ama Fernando. Embora os três não se relacionem entre si, existe muito respeito e confiança entre eles. Leandro e os dois namorados vivem uma relação concreta. Com um deles, a história dura mais de sete anos, com o outro, convive há pouco mais de um ano. Todos estão de comum acordo com essa caminhada. “Nossa maior regra é a sinceridade. No início, tínhamos combinado de falar absolutamente tudo um para o outro, mas com o passar do tempo nos demos conta que isso também é uma forma de prisão, e não é isso o que queremos, então a confiança é um dos principais fatores pra continuarmos juntos. Nós não temos nada a esconder um dos outros”.  



Há pontos negativos. “Você tem que saber que não é o único, tem que estar ciente que outras pessoas também podem fazer feliz a pessoa que você ama. Tive que abrir mão do meu orgulho e da minha vaidade para fazer dar certo”. Leandro entende que hoje em dia não seria capaz de viver em outro tipo de relação.

(Leandro ao centro, e os dois namorados, Gabriel à esquerda e Fernando à direita)
                    

Ciúmes


O poliamor rompe as barreiras das relações tradicionais. Não é indicado, por isso, a quem se considera ciumento até com olhares de admiração para alguém passando na rua ou que fica chateado e que vasculha celular em busca de mensagens suspeitas e comprometedoras. O poliamor seria um pesadelo nesses casos. Não há, nesse tipo de relação, lugar para preconceitos, complexos ou obsessões.
É isso o que explica o DJ Danillo Costa, de 25 anos. Ele já foi casado e, em meio ao relacionamento, ele e o ex-marido tentaram incluir um novo integrante três vezes. “Havia um problema recorrente com os terceiros membros. Eles queriam chegar e já ter tudo exatamente igual aos membros mais antigos da relação. Em um relacionamento normal, você leva tempo para conquistar espaço e confiança, você leva tempo para criar uma intimidade sólida e quando você entra no meio de um casal isso também acontece. Você não pode chegar e exigir o mesmo tratamento do que está lá há anos, porque muita coisa já foi trabalhada ali para chegar até aquele estágio”. Segundo ele, uma das coisas mais importantes para que isso ocorra é a maturidade emocional.


Algo bastante recorrente em uma relação a três é quando um dos parceiros só se envolve pelo fato de não querer perder uma das pessoas, mas sem vínculos mais sérios.  A artista plástica Bruna Mello, 22, também teve uma experiência poliamorosa e sabe bem o que é passar por isso. Depois de um mês namorando João*, o parceiro da época, fez a proposta de voltar com a ex-namorada Marina* em um relacionamento poliamoroso. Bruna seria a terceira pessoa da relação. Ela aceitou, mas a outra namorada de João só teria aceitado o acordo porque não queria se separar do rapaz. Após muitas discussões, João terminou o namoro com Bruna, voltando a ter uma relação monogâmica. “Crescemos numa sociedade que ensina ser possível somente uma relação a dois e heterossexual, na qual um deve se dar 100% para o outro. Acho que ninguém dentro daquela relação conseguiu entender bem as demandas individuais um do outro, e ninguém se sentia satisfeito. Havia ciúme da minha parte e de Marina, mas acredito que era fruto da insegurança que as duas sentiam dentro daquela situação.”


 Durante dois anos e meio, o produtor Bruno Antun, 28, teve uma relação poliamorosa com a ex-namorada. Nesse período, o envolvimento com outras pessoas ia além da atração sexual, pois sempre que ficavam com outras pessoas fora da relação, eles faziam questão de já terem compartilhado de certa intimidade com a terceira pessoa e, normalmente, acabava acontecendo algo entre os três, às vezes quatro, segundo o rapaz. “Muita gente acha que é uma falta de vergonha, ou falta de união do casal, mas é justamente o contrário. Tínhamos uma união muito grande, pra dividir a intimidade, o nosso corpo e o da parceira com outras pessoas tem que ter um respeito enorme. Sempre ficávamos atentos pra não forçar o outro a nada, e havia uma confiança muito grande pra fazer funcionar.” Bruno e a ex-namorada quiseram experimentar algo diferente e chegaram a decidir por um modelo de relação mais “tradicional”, sem envolverem com outras pessoas, mas com a evolução da relação eles perceberam que o relacionamento fechado não os agradou tanto e acabaram optando por um término amigável.

(Bruno Antun viveu uma relação poliamorística por dois anos e meio)


Em uniões desse tipo, o direcionamento sexual é algo muito questionado por quem está de fora, principalmente se for uma relação bissexual. Embora fossem abertamente assumidos bissexuais, Bruno sempre ouviu comentários maldosos do tipo: “como ele beijando um cara se ele namora uma garota?!” ou “aquele namoro de vocês era de verdade?”. O rapaz diz que opiniões do tipo são extremamente preconceituosas e ofensivas, afinal ninguém sabe o que se passa sentimentalmente em na vida de cada um. Apesar do término, o produtor revela que ainda existe um amor muito grande entre os dois e ambos ainda se fazem muito presentes no cotidiano do outro.

Sem direitos

Famílias poliamorosas ainda não possuem reconhecimento jurídico

Atualmente, as relações poliamorosas não possuem o mesmo reconhecimento jurídico que uma relação monogâmica (hetero ou homossexuais), como legislatura sobre herança ou divisão de bens, segundo o advogado Álvaro Cerqueira. “As relações desse tipo sofrem um efeito de marginalização jurídica, pois hoje em dia não existe nenhuma previsão legal sequer sobre esse tipo de arranjo familiar.”
Apesar dessa “marginalização jurídica”, existem casos de cartórios que registraram a união entre três pessoas no país. Uma decisão judicial permitiu que esse tipo de união fosse registrada, mas apesar disso esse tipo de união não é reconhecido institucionalmente, ou seja,  são decisões relevantes, porém não representam a opinião majoritária dos magistrados. Fonte 


Os cartórios podem se recusar a registrar esse tipo de união, já que eles não têm nenhum tipo de determinação judiciária a esse respeito, relata Álvaro. “O que existe é uma resolução do CNJ (ConselhoNacional de Justiça), que proíbe e sanciona os cartórios que não registrarem uniõeshomoafetivas, ou seja, haverá punições de acordo com a legislação que assegura esse enlace, mas nenhum cartório sofrerá punição caso se recuse a realizar uma união estável poliafetiva.” Embora os avanços sejam a passos curtos, o advogado afirma que esse tipo de discussão só é debatido no judiciário graças  ao reconhecimento das uniões estáveis entre pessoas do mesmo sexo.

Por Victor Diniz




Adote Amor

A adoção é um recomeço para o animal, mas muitas vezes também pode fazer o mesmo para aqueles que o adotam.


No Brasil, existem cerca de 30 milhões de animais abandonados à espera de adoção, de acordo com a ONG nacional Ampara Animal. Esses bichinhos não vivem apenas nas ruas, muitos deles estão em abrigos e até casas de pessoas que se dedicam a ajudá-los a se recuperar e a encontrar um novo lar. Oliver fez parte desse número, ele é um yorkshire que foi adotado em 2015 quando tinha cerca de 7 meses a 1 ano.

A história começou quando foi comprado por uma família para ser presente da filha pequena. Em seguida, foi rejeitado e vendido novamente para um casal, eles já tinham uma cachorra que não se adaptou ao Oliver, motivo para a primeira doação. Na nova casa ele foi praticamente abandonado em um quintal, sem abrigo para chuva e frio, sem comida ou água. Um vizinho se sensibilizou com a situação e o comprou. Oliver ficou nesse lar temporário até conhecer os donos atuais.

A família de Giovanna Manfredo, 19 anos, havia perdido a cachorrinha, Madelaine, no fim de 2015. Quando Paulo e Rita, amigos próximos e cuidadores temporários do Oliver, souberam da perda, apresentaram os pais da jovem ao cachorro e o resultado foi incrível. “No fim de 2015 minha cachorrinha morreu, isso abalou toda a família, e adotar o Oliver foi uma oportunidade de continuar dando amor a quem merece e de trazer alegria à casa. Também tem o fato de que ele se apaixonou pela minha mãe e ela por ele. Aqui em casa não acreditamos na compra de animais, se existem tantos por aí que precisam e podem dar amor.”, conta Giovanna.

Apesar de terem a oportunidade de se recuperar da ferida causada pela perda de Madelaine, Giovanna conta que Oliver continuou com problemas quando foi adotado. Os traumas que sofreu geraram consequências, eles precisaram levar o cachorro ao veterinário para descobrir a extensão dos danos e o que poderia ser feito para melhorar a situação. Com o tempo ele melhorou e a família teve a chance de se adaptar a ele.


“Bom, o Oliver chegou para nós um pouco desnutrido, com anemia, baixo peso e problemas no ouvido. Além desses problemas de saúde, o psicológico dele foi algo com o qual tivemos que ter paciência, ele por conta de traumas, tinha medo de crianças, carros, vassoura e se encolhia a cada tom de voz mais grave que ouvia. Com relação a adaptação dele foi tudo bem tranquilo afinal ele é um cachorro super amável que só precisava de um pouco de cuidado e carinho.”

No áudio abaixo Giovanna explica em mais detalhes como foi a adaptação do Oliver:




Outro ponto de vista

A adoção de animais gera vários benefícios, para eles são: receber cuidados em relação a saúde e higiene, segurança por estarem fora das ruas, e convivência em ambiente familiar onde recebem carinho e amor. Mas também existem para quem adota e para a sociedade.

“Além de estar trazendo uma ótima companhia para casa - no caso de morar sozinho- e sendo uma ajuda quando tem filhos, o dono estará também contribuindo com a saúde pública, pois quanto mais animais nas ruas, maior será a probabilidade de zoonoses - doenças transmitidas de animais para os seres humanos.” diz a veterinária Luciana Adyuto, 35 anos.

Ela também fala sobre o processo de adaptação que, algumas vezes, não é tão simples ou fácil, sempre depende do animal e da situação em que ele estava antes de ser adotado, a dica é ir levá-lo a uma clínica veterinária.


Acessibilidade on-line

Achar esses animais que esperam por um lar é fácil, com o auxílio do Facebook pode-se ter acesso a grupos, páginas e até pessoas que postam avisos sobre a doação deles, sendo filhotes ou adultos. Um desses grupos é o "Doação/Adoção de animais SRD" que se dedica a resgatar e encontrar um lar para animais Sem Raça Definida (SRD). A administradora, Aline Vieira, 30 anos, conta a história por trás da criação do grupo.

"Eu tenho uma cadela vira-lata chamada Mel que é muito fujona, vive na rua e acabou ficando prenha. Nasceram nove filhotinhos e eu resolvi entrar em alguns grupos pra conseguir um lar pra eles, porém eu tive muita dificuldade em conseguir doá-los porque as pessoas só procuravam por animais de raça ou aqueles que fossem mais 'bonitinhos'. E então eu resolvi criar o grupo voltado somente para adoção de animais SRD, com o intuito de fazer com que esses animaizinhos tenham mais chances de encontrar um lar."

Ela ainda acrescenta que quis ser bem específica ao escolher o nome, para que as pessoas que entrassem no grupo já soubessem do que se tratava, estando ali para adotar por amor aos animais e não por sua raça ou aparência.

Adultos e idosos retornam às salas de aula

O desafio de aprender


Estudos melhoram o raciocínio, a atenção e previnem doenças psicológicas


A idade não é um problema para voltar a se dedicar nos estudos

O envelhecimento populacional é um fenômeno recente em todo o mundo. Este é um processo biológico dinâmico em que ocorrem modificações morfológicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas. Até 2025, segundo a Organização Mundial de Saúde (2002), o Brasil será o sexto país do mundo em número de idosos. Entre 1980 e 2000, a população com 60 anos ou mais cresceu 7,3 milhões, totalizando mais de 14,5 milhões em 2000.

A gerontologia é uma ciência que estuda o envelhecimento humano e busca tratamentos para atender as necessidades físicas e emocionais que acometem os idosos. O profissional em gerontologia, Tiago Nascimento, vê o envelhecimento como uma experiência positiva, "uma vida longa deve ser acompanhada de oportunidades contínuas de saúde, participação, segurança e, principalmente, de educação”. Acrescenta, “há diversos fatores que podem influenciar os efeitos do envelhecimento sobre a memória: composição genética; nível educacional e socioeconômico; acuidade visual e auditiva; relações sociais e estilo de vida, incluindo, por exemplo, tabagismo e atividade física”.

Formada na área da saúde, Maria Nascimento, 45, aconselha a população idosa a voltar às salas de aula, porque os estudos melhorar a autoestima e prevenir doenças relacionadas a memoria e raciocínio. "O indivíduo percebe seu potencial para o bem-estar físico, social, mental e ao mesmo tempo, propicia proteção, segurança e cuidados adequados." 

Os idosos que estudam na Educação de Jovens e Adultos (EJA) abandonaram os estudos quando mais jovens porque precisavam trabalhar para ajudar nas despesas de casa, ou porque a distância dificultava o acesso às escolas. São casos como o de Sebastião Vidal, 84, que estudou até o terceiro ano do ensino fundamental e, com muita dificuldade, sabia escrever apenas o nome. Aos 7 anos de idade, ajudava os pais no trabalho rural: acordava cedo, tomava café e logo seguia para a roça. Com isso foi possível sustentar a família humilde de muitos irmãos.

Hoje aposentado, vive com a segunda esposa, teve um filho, Diego, que faleceu aos 19 anos em um acidente de moto. Com a primeira companheira possui oito filhos. Mesmo com a idade avançada, Sebastião se encheu de dedicação e esforço e decidiu voltar a estudar, aprendeu ler e escrever. Por causa da morte de Diego, a depressão e dores no corpo o fizeram parar de estudar, mas pretende voltar o mais rápido possível.

Mãe de três filhos, Rosinete Coelho concluiu os estudos com 42 anos. Quando jovem, não teve oportunidades para completar os anos letivos. Morava no interior do Maranhão, o acesso às escolas era difícil e os locais de ensino só disponibilizavam até o quarto ano do ensino fundamental. Mesmo com algumas pessoas desconfiando da sua capacidade, Rosinete enfrentou as responsabilidades de estudante e tem em mãos o certificado do ensino médio.

Diretora e professora, Sônia Regina Rodrigues, 53, com base em anos de experiências nas instituições públicas de ensino, segue uma estratégia didática com os alunos e valoriza os saberes nas experiências de vida. “É preciso ensiná-los a processar novos conhecimentos, não adianta enche-los de informações, porque não garante uma aprendizagem concisa, é necessário desenvolver a capacidade do raciocínio e imaginações”.

EJA

EJA é destinado a pessoas que não conseguiram estudar no tempo regular. Esse curso tem duração de quatro meses para concluir o ensino fundamental e de três semestres para as disciplinas do ensino médio. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), em 2000, a população de idosos representa quase 15 milhões de pessoas com 60 anos ou mais de idade. Desse total, 58,4% de idosos responsáveis pelo domicílio tinham no máximo três anos de estudos. Já os de 75 anos ou mais são considerados analfabetos ou analfabetos funcionais. O analfabetismo funcional corresponde a uma pessoa que demonstra incapacidade na compreensão de textos simples e não desenvolve habilidade para fazer operações matemáticas. A proporção de idosos com escolaridade ainda é pequena. Em 1991, 2,4% dos idosos responsáveis ou não pelo domicílio tinham de cinco a sete anos de estudo. Já em 2000 essa proporção passou para 4,2%.


Esse acesso à educação surge como um tesouro a todos os idosos e adultos para continuarem se desenvolvendo, e apesar das alterações ligadas ao envelhecimento, a terceira idade pode ser vivida com avanços e conquistas.

                                       
                                     Números de matriculados no DF, segundo o Censo Escolar 2015. 


Por: Raquel Siqueira
Contado: Raquelsansiqueira@gmail.com

Brincadeira de criança?


Pesquisa da empresa IPSOS revela que 32% das crianças entre 0 e 9 anos já têm acesso à internet

Uma visão comum em ambientes públicos, como restaurantes e shoppings, são as crianças nas mesas com os olhos fixos em smartphones ou tablets. Não é difícil observar pais entregarem aparelhos aos filhos no primeiro choro. Uma pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas apontou que, atualmente, existe em uso 1,2 dispositivo portátil por cada habitante no Brasil. Além disso, outro levantamento da empresa mundial IPSOS, 25% a 30% das mães entregam os aparelhos eletrônicos para os filhos com o objetivo de consolar a criança. No entanto, a merendeira e mãe de cinco filhos, Tatiara Freire, 30 anos, não deixa os pequenos excederem o limite que ela dá de uso desses aparelhos. “Eles vegetam dentro do quarto, não têm vida social e muito menos familiar”, explica. Ela acredita que a boa e velha conversa deve solucionar esses momentos de birras e choros dos filhos, e também vê que a utilização exagerada dessas tecnologias atrapalham a criação deles. “Se eu deixar eles no vício, como vou ensiná-los a viver em sociedade?”, questiona a mãe.
A psicóloga e especialista em terapia de família, Renata Nunes, trabalha com crianças há 14 anos e não vê a tecnologia como a vilã da história. Ela acredita que a conduta dos pais está mais relacionada aos prejuízos do que os próprios aparelhos. “Hoje os aparelhos eletrônicos têm virado um grande problema, porque os pais se utilizam disso para manter as crianças quietas, paradas”, afirma. Segundo pesquisa da empresa IPSOS, 32% das crianças entre 0 e 9 anos já têm acesso à internet.
A vida moderna é corrida, agitada. Renata comenta que os pais estão cheios de trabalho e precisam produzir cada vez mais. Para a especialista, isso pode prejudicar a vida pessoal, consequentemente, a relação com os filhos. A psicóloga ressalta a importância do contato dos pais, de escutar a criança, para que ela não se isole no mundo da tecnologia. “A causa do isolamento é emocional. É uma questão de convivência tanto com a família, quanto com a sociedade. Cada vez mais eu acredito que a relação dos pais com os filhos tem mais influência nesse isolamento do que a tecnologia”, revela.

Mundo Real
Marina Pacheco, 33 anos, é psicóloga e mãe de Helena (foto), 5. Ela conta que não incentiva a filha ao uso dessas tecnologias, mas revela que é impossível proibir tal contato completamente. “Não dá pra não deixar ela participar desse mundo novo. Deve existir um espaço para aprender com essas tecnologias, jogar, ver vídeos, fazer pesquisas, ter acesso às informações, mas não ficar só nisso. Dá pra utilizar a tecnologia sem perder o contato com os outros”, opina. Para Marina, o contato e a convivência real com outras pessoas são essenciais, por isso, ela acredita que seria incoerente da parte dela permitir que a filha utilizasse essas tecnologias excessivamente e perdesse esse contato humano que tanto valoriza.
A pequena Helena gosta de inventar brincadeiras, interpretar com bonecas, e a mãe sempre tenta entrar no mundo da filha. Além disso, incentiva o contato com a natureza e as atividades ao ar livre. “Nós fazemos parte da natureza. Tento passar para a minha filha que esse contato faz muito bem. Quase todo fim de semana fazemos programas ao ar livre”, conta. Quem concorda com Marina é a pedagoga Clara Martinho, 24 anos, mãe de Helena, 2 e Bernardo, 2 meses. Para ela, também é importante que os filhos aprendam a brincar na terra, construindo brincadeira e brinquedos. A moça acredita que a interação com o mundo à sua volta é muito importante para as crianças. “Esses aparelhos viciam e individualizam as pessoas, criam um mundo virtual de interação. Eu quero que minha filha interaja no mundo real, feito de planta, bicho e gente”, planeja


Cuidados

Uma pesquisa realizada pelo Common Sense Media, em 2012, com professores nos Estados Unidos, constatou que 71% dos educadores acreditam que a utilização dessas mídias diminui a atenção das crianças. Além disso, mais da metade dos professores classificam a escrita dos alunos como ruim e eles acreditam que isso seja por causa do vício nessas novas formas de comunicação.
A psicóloga Renata destaca que o uso excessivo desses aparelhos pode prejudicar o desenvolvimento social das crianças. “Eles ajudam alguém que já tenha uma tendência de isolamento, se afaste ainda mais da sociedade”.
Os pais têm se apoiado nas tecnologias para acabar com as pirraças das crianças, e a especialista estimula a importância de estabelecer limites. A mesma instituição de pesquisa americana constatou, em 2013, que três entre quatro crianças, entre 0 e 9 anos, têm acesso a dispositivos móveis e mais da metade dos pais baixam aplicativos específicos para os filhos. Para a psicóloga, é importante conversar e estabelecer limites para que os pequenos não se tornem viciados e passem a viver no próprio mundo virtual.
A pedagoga Fernanda Pereira, 35 anos, começou a estabelecer regras para o uso do celular com o filho Pedro Henrique (foto), 4 anos. Fernanda explica que o garoto gosta de assistir a vídeos em inglês para aprender. “Ele gosta bastante, se eu deixar ele passa o dia no celular”, conta. Pedro agora tem horários certos e um tempo limitado para utilizar o aparelho. Além disso, durante a semana, os dias de Pedro Henrique são cheios, ele passa o dia inteiro na escola e faz aulas de natação, o que não deixa muito tempo para passar no celular.
A maior dificuldade de Fernanda é tirar o celular na hora da comida, quando Pedro gosta mais de sentar e ver os vídeos. Apesar disso, Pedro não deixa de brincar com brinquedos e também usa muito da imaginação. “Ele gosta de brincar sozinho, ele vê alguma coisa e já cria um jeito”, explica. Ela acredita que os pais que decidem se a tecnologia vai influenciar de um jeito bom ou ruim. Ela vê uma influência positiva da tecnologia sobre o filho. “O Pedro é muito esperto. A gente brinca que ele é um mini adulto! O fato de ele ter acesso a esses vídeos ampliou o conhecimento dele”, explica.


Educação

A tecnologia já está presente nas escolas com os quadros interativos e a utilização de tablets nas salas de aula. A pedagoga July Angel, do Grupo de Pesquisa Processos de Desenvolvimento Humano Mediados pelas TICs-Unb, explica que a tecnologia é um recurso pedagógico que facilita o processo de aprendizagem dos estudantes. “O uso da tecnologia promove a atenção das crianças, pois se trata de um recurso que possui ferramentas que permite explorar cores, formas, posicionamento espacial, entre outras coisas, de uma forma que outros recursos, como um quadro branco, não permitem”, garante.
As crianças já estão inseridas nesse mundo tecnológico, além de ser impossível, não é saudável privá-las completamente dessas tecnologias. Porém, a pedagoga July e o grupo de pesquisa reforçam que a superexposição na primeira infância a tablets, smartphones, computadores, entre outras formas de tecnologia, pode trazer prejuízos.



No começo, Marcelo Ferreira, 36 anos, perito criminal, não deixava os dois filhos, Marcelo e Luiz, 2 anos e 1 ano, usarem o celular por causa do conteúdo inapropriado que eles podiam encontrar. “Como eu faço perícia tem muita foto disso no meu celular, então eu não deixava”, conta. O pai fica com as crianças durante o dia e conta que o dia recheado de brincadeiras e visitas ao parque. Os meninos gostam de brincar de super-herói, pintura, pega-pega, entre outras brincadeiras. “O mais velho já está ensinando o pequeno a brincar de se esconder em casa”, conta Marcelo.

Marcelo costuma levar seus filhos para
passear no parque e alimentar os patos
Marcelo se preocupa com a educação dos filhos e sabe que é impossível privar as crianças dessa influência da tecnologia durante a vida. Apesar disso, tenta utilizar a tecnologia a favor dos filhos. “Eu posso fazer uma coisa boa com a tecnologia para que eles possam se desenvolver. Alguns desenhos, programas de computador e celular são altamente educativos e interessantes”, explica. O pai acredita também que se permitisse o uso excessivo da tecnologia aos seus filhos, facilitaria sua vida agora, porém no futuro teria problemas. “Eu acho que a dificuldade que eu ia gerar ia ser maior que a facilidade que eu teria hoje”, explica.

Por Ana Luiza Noronha

A vida para ajudar quem tem HIV

Há pessoas que fazem da contaminação por HIV um tipo de trabalho. A matéria para o Jornal Esquina On-line relata o cotidiano de duas ONGs no DF que existem em prol da causa.

Por Vitor Albuquerque 

A era do e-commerce: uso das redes sociais como ferramenta de mercado

Consumidor virtual. Você sabe o que é isso? Quase a metade da população brasileira se encaixa nesse perfil. O fato de você estar conectado neste momento já é um passo para ser bombardeado por pop ups e promoções de última hora. E provavelmente empresários de micro e pequena empresa estão em busca de pessoas com esse perfil. Tudo isso faz parte do e-commerce, forma de venda que tem se tornado cada vez mais atrativa para pequenas empresas brasileiras.

     “Vivemos em um mundo altamente conectado, onde as pessoas estão sempre pesquisando e têm a possibilidade de conhecer um pouco de tudo", relata a empresária Maria Eduarda Barbosa, que conta com a ajuda da internet para a venda de produtos. Dados do E-bit apontam que somente no primeiro trimestre de 2016, as vendas on-line movimentaram R$ 9,75 bilhões no Brasil, com 24,45 milhões de pedidos via internet. No total, houve um crescimento de 8% no comércio eletrônico.


                                          Dados de e-commerce no Brasil

De acordo com o relatório Digital, Social e Mobile, divulgado em 2015 pela agência de marketing social We Are Social, 29% da população mundial está presente nas mídias sociais. As redes sociais conectadas mais utilizadas para a promoção de produtos são o Instagram, Pinterest, Twitter e ferramentas, como as hashtags.


Conheça, abaixo, os tipos de venda que mais movimentam a internet:

Fonte: Brasil Sebrae Nacional 2015



Marketing invasivo

Aparelhos celulares avisam usuários sobre novas notificações. As pessoas costumam abrir o aplicativo para circular pelas fotos dos amigos, observar quem curtiu o último post e conferir quem são os novos seguidores. É nesse momento que o usuário conhece uma empresa e se interessa pelo serviço prestado. Esse tipo de comércio “agressivo” tem se tornado cada vez mais lucrativo para vendedores que buscam novas formas de venda. E o lucro? É real. Basta entrar em contato com o responsável, passar os dados e fornecer o pagamento. Pronto, mais uma compra foi realizada pela internet.

        Propaganda qualificada e gratuita. Esses são os principais motivos pelo qual o comerciante procura pelo negócio virtual, seja para empresas que permanecem apenas como loja virtual ou para as que operam em certo local e estão expandindo para a internet. Segundo o analista do Sebrae, Thiago Angelo, o e-commerce é uma excelente alternativa para contornar a parte do desemprego no Brasil. Ele explica que as vendas on-line possuem grande potencial de comercialização. Porém, o especialista ressalta alguns cuidados para empresários que pensam em utilizar redes sociais para expandir para o comércio virtual. Confira as dicas:

                                 


Apesar da facilidade em administrar uma empresa em redes sociais, o especialista conta que é preciso haver um trabalho de marketing digital por trás disso. Segundo ele, o conteúdo deve ser atrativo o suficiente para gerar renda e concretizar a venda. Tiago Angelo ressalta a importância do trabalho de relacionamento com o cliente e alerta para os limites da plataforma, em que, no caso de falhas, a venda seria diretamente afetada. “O empresário deve ter planejamento e direção, além de analisar a concorrência. Ele deve estar atento ao processo de venda, distribuição do produto e pós-venda, e utilizar uma linguagem acessível com navegação segura e prática. Tudo isso traz confiabilidade para o usuário”, diz o especialista.


De acordo com o Guia prático de orientação de e-commerce – varejo, divulgado pelo Sebrae neste ano, o consumidor on-line “pesquisa mais antes de comprar, encontra facilidade de comparar os preços e tem um senso de urgência muito apurado”. 

Conheça o perfil de quatro empresas brasilienses que contam com a ajuda do Instagram para a comercialização de produtos:


Nome: Tatiana Beserra Sá
Empresa: Brigadeira, perfil no aplicativo Instagram voltado para vendas de brigadeiros em Brasília


Tatiana escolheu o espaço virtual por estar começando no mercado, além de não possuir recursos para montar uma loja física. A empresária revela que a rede social contribuiu para um crescimento de 100% só no primeiro mês. Com mais de um ano no mercado, o crescimento das vendas da Brigaderia é de 65% mensalmente.
Apesar das vantagens apontadas por Tatiana, ela observa que nem todas as pessoas possuem acesso ao Instagram, e o público fica restrito aos que se conectam à rede. Para atrair novos clientes ou até mesmo manter o interesse, a empresária procura atualizar a mídia social, realizar promoções e investir em divulgações por meio de eventos.



Nome: Ana Luiza Lima e Nice Moanna
Empresa: Enrosca Meu Pescoço, marca especializada em gargantilhas.


 “Começamos despretensiosamente, para testar o mercado, vendendo pelo Instagram e, com o aumento de vendas para outros estados, sentimos a necessidade de ter um site. Sete meses depois lançamos nosso e-commerce e o aumento nas vendas foi de 233%”, declaram. Segundo as empresárias, as redes sociais auxiliam o vendedor a se aproximar mais de cada cliente. Portanto, as sócias reconhecem que esse meio de venda é desapropriado para clientes que desejam conhecer de perto o produto.



Nome: Luisa Coelho Araújo
Empresa: Toda das Coelhas, loja que fornece acessórios femininos



Luiza optou pela loja on-line por resultar em menos gastos e um número menor de despesas. “Vejo mais praticidade no meio virtual e o crescimento das vendas foi de 60%”, diz. Apesar das vantagens oferecidas pelo comércio eletrônico, a empresária ressalta que a venda cara a cara tem maior valor no quesito convencimento e a troca de experiências é maior.



Nome: Maria Eduarda Barbosa Santos
Empresa: Good Vibes, vendas de acessórios artesanais, em específico bolsas Wayuu.



Maria Eduarda utiliza o Instagram e o Facebook para divulgar os produtos. “Uma loja física seria mais custosa e o preço dos produtos poderia aumentar devido aos impostos”, cita. Desde o início o Instagram é a maior ferramenta de vendas, uma vez que as fotos são um dos principais recursos que os clientes têm para conhecer os produtos da marca. “Nossa loja cresceu mais de 90%”, conta. A primeira vantagem percebida por ela é que a empresa on-line trabalha por 24 horas.




Por Rafaela Amaral

Jejum como estilo de vida

As pessoas perdem peso, mas também estão sujeitas a riscos, principalmente se não tiverem orientações individuais de especialistas

Luiz Neto na primeira refeição do dia. Ele almoçava com o colega Wesley Arantes


É comum ficar algumas horas sem comer, quado se tem algum exame de sangue no outro dia. Na correria do cotidiano, também é comum não comer o quanto você gostaria, pois o trabalho e os filhos tomam bastante tempo. Mas e ir almoçar com os amigos e não comer nada? Na festa de família, no domingo ou no barzinho com os amigos na sexta-feira à noite, não comer por escolha própria? Pois é, há pessoas que passam por essas situações, e tudo isso em prol de uma escolha de alimentação chamada Jejum Intermitente, que consiste em alternar períodos de alimentação com períodos de abstinência. Estudos relatam vários benefícios para dar mais qualidade de vida. Mas essa dieta, como qualquer outra, deve ser acompanhada por um profissional, sob o risco de ter efeitos indesejados e até problemas de saúde.

Imagine o seguinte: você prepara as refeições normalmente, faz o prato da sua filha e pede para ela se sentar à mesa para comer, mas você não vai comer com ela, nem agora, nem durante as próximas 36 horas. Esta é a rotina de Ernesto Albuquerque e Kelly Albuquerque, que ficam sem se alimentar de 21h do domingo até 9h da terça-feira, todas as semanas. O casal começou o jejum intermitente há seis meses. Ernesto já perdeu 7 quilos e Kelly 8. 

A nutricionista Thais Trivelato explica que a prática é uma forma eficaz de perder peso e gera outros benefícios: aceleração do metabolismo, melhora do quadro hormonal, maior sensação de saciedade, melhora na reparação celular (autofagia), redução da resistência à insulina, redução de triglicerídeos e colesterol, regeneração muscular e, em alguns quadros, a diminuição do crescimento de tumores. A profissional entende que cada indivíduo tem particularidades e rotina, tudo isso deve ser levado em consideração ao aderir a qualquer dieta. ”Não pode seguir o que aparece na internet ou seguir uma dieta só porque um artista está fazendo, isso pode acabar até te prejudicando”. Seguir padrões na internet, mesmo que de profissionais de saúde, foi uma história em comum por entrevistados para esta reportagem, o que não é indicado.

No entanto, crianças, adolescentes, grávidas, diabéticos e idosos não devem fazer jejum intermitente em hipótese alguma sem consultar um profissional, afirma a nutricionista. “A prática tem que ser supervisionada por um nutricionista ou médico. Pode haver efeitos negativos como falta de energia, fraqueza, quadro de desmaio, perda da massa muscular, irritabilidade, desânimo, cansaço, queda na pressão arterial, queda na imunidade do organismo e, em casos extremos, pode levar à morte”. A prática  não é indicada para atletas ou para quem deseja um corpo definido e ganho de massa muscular.

"Pietra (filha do casal) come normalmente, se ela quiser fazer o jejum também será uma decisão dela no futuro" afirma Ernesto.


Devido aos benefícios, Ernesto e Kelly pretendem adotar o jejum como um estilo de vida. O casal descobriu a dieta no Instagram, lá um nutricionista que eles seguem escreveu uma matéria a respeito do JI e eles resolveram começar. “Eu já tinha tentando dietas e como tenho hipotireoidismo, tinha muita dificuldade em conseguir baixar de peso. Com o jejum intermitente e o remédio, minha tireoide se mantém regulada e finalmente consegui perder peso e manter” conta Kelly. Ambos fazem musculação cinco vezes por semana e boxe duas vezes, e relatam que o jejum não atrapalha essas atividades. 

O servidor público Luiz Neto, 39 anos, também começou a dieta há seis meses como um complemento ao estilo de alimentação chamada Low Carb High Fat - LCHF (Baixo Carboidrato e Alta Gordura). “Durante a semana, faço cinco dias jejum de 16h. Parece difícil, mas não é. Janto por volta de 20h e só volto a comer as 12h do outro dia. Não tomo café da manhã tradicional por não ter fome, bebo apenas café preto sem doce. Isso inibe o apetite e dá energia”, relata o servidor que eventualmente faz jejuns de até 28h.



Luiz Neto afirma que ambas as medidas são mais benéficas ao organismo do que comer a cada três ou quatro horas, e que os exames, a cada três meses, mostram o estado de saúde. Ele conta que pratica atividades físicas como, futebol corrida e musculação para manter a forma física. “Foi um processo gradual, aos poucos aumentei as horas sem comer e nunca interferiu no meu dia a dia”.

Dion Farias, 51, que também é servidor público, conheceu o estilo de alimentação na internet por meio do Blog de um médico. Ele conta que foi uma transição bem tranquila, geralmente só tomava um café pela manhã e só comia no almoço, então aos poucos aumentou até 16 horas no cotidiano. “Já fiz jejum de 24h, 36h e 48h, o que foi um desafio psicológico, e agora estou querendo ficar 5 dias sem comer... Isso é fantástico porque não me preocupo com o que vou comer. Sinto fome, mas é algo rápido, um copo de água, café ou chá já resolvem o problema, acho uma liberdade incrível e me dá uma sensação de ser sobre-humano”.

Dion explica que para ele é mais fácil fazer o jejum do que comer e não precisa se preocupar em o que comer, onde comer, comprar, guardar e preparar. Em mais de um ano de JI ele diminuiu a circunferência do abdômen de 94 cm para 88,2 cm. Na academia em que faz musculação a medição da gordura corporal fica em torno de 15%.

Os entrevistados recomendam a dieta para quem busca perder peso ou uma vida mais saudável, e afirmam que não é um sofrimento como as pessoas imaginam. Com o tempo a fome diminui e o corpo se acostuma.

O nutricionista Victor Machado afirma que existem estudos que confirmam os benefícios do estilo polêmico de alimentação, mas não significa, segundo o profissional, que se resume a simplesmente ficar sem comer. “As pessoas no Brasil faziam jejuns. O normal era café, almoço e jantar, mas o problema é fazer refeições exageradas, comer muito. Além disso, beber, fumar e ser sedentário fazia as pessoas engordarem... Tem que se alimentar sem exageros, fazer atividades físicas e evitar os vícios, assim o indivíduo vai conseguir uma vida mais saudável”, aponta o especialista.

Autofagia, Nobel e Jejum

No começo de outubro, o japonês Yoshinori Ohsumi recebeu o Prêmio Nobel de Medicina pelas pesquisas referentes ao processo de autofagia, um processo natural que acontece no organismo animal e consiste em reciclar as células velhas, que mesmo sem função continuam no organismo.

Victor explica que ficar períodos sem se alimentar estimula a regeneração celular através da autofagia. Ao fazer o jejum, o corpo procura fontes de energia nos estoques de carboidratos, gorduras, glicogênio até chegar às células que irão comer as próprias organelas. Com isso, as células perdem função e o organismo é forçado a eliminá-las e criar outras para substituí-las. “Esse é um processo que mantém as células em constante renovação e torna o metabolismo mais saudável. Apesar de esse processo ser natural ao corpo, se o jejum for feito de forma inadequada, pode simplesmente digerir as organelas das células e não substituí-las”, aponta o nutricionista.


Por Elvis Costa