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Brasília e suas tradicionais Comidas de Rua


Por Ana Gabriela Oliveira

- No centro da capital é fácil encontrar carrocinha e trailers nas ruas . Algumas já são tradicionais e chegam a receber 200 clientes por dia -
                                                

Na Asa Norte é possível degustar a culinária italiana acompanhada de um vinho na rua.

Brasília observou o surgimento de alguns pontos de comida rápida ao longo de seus 53 anos de existência. Esses estabelecimentos, alocados geralmente em quiosques ou trailers em quadras residenciais do Plano Piloto ou em faculdades e universidades, se tornaram tradicionais e roubam diversos clientes dos fast-food impessoais de grandes redes de lanchonete americanas. Não há como ignorar a latente cultura nacional da comida de rua ou dos lanches que, além de rápidos, são saborosos e baratos. Além disso, eles vêm conquistando gerações de clientes pelo sabor e pela simpatia.

Pasen Asad, diretor de serviços públicos da coordenadoria de cidades do Distrito Federal, revela a existência de cerca de mil trailers e quiosques regularizados no Plano Piloto. A vistoria desses estabelecimentos acontece em ações de fiscalização esporádicas da vigilância sanitária. Os estabelecimentos regulares possuem uma licença de funcionamento emitida pelo governo do Distrito Federal. Somente estabelecimentos que fizeram a solicitação para regularização antes de 2008 continuam sendo assistidas, e até o momento não foi aberto um processo para novas licitações. A respeito de denúncias de irregularidades, Pasen afirma que a secretaria recebe reclamações esporádicas sobre trailers e barraquinhas.

Jailton Costa, mais conhecido nas ruas por Jajá, está no ramo há dezesseis anos com o seu tradicional Churrasquinho do Jajá, que vende cerca de 120 espetinhos por dia. O negócio de Jailton ficou treze anos irregular, mas em 2010 procurou o programa Pequeno Empreendedor do Governo Federal com o auxílio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) para regularizar seu empreendimento localizado atrás do Centro Universitário UDF, na 704/904 sul. “Éramos chamados para fazer eventos e festas, mas não tínhamos um CNPJ e nem crédito no mercado. Hoje, além de ter mais credibilidade, já posso investir em melhorias para o meu negócio.” afirma.

A rotina do churrasquinho começa em casa às sete e meia da manhã, onde preparam os acompanhamentos. Ás quatro e meia da tarde, o ponto começam a ser montado com capacidade para 35 lugares para receber os clientes. Cada espetinho custa R$3 reais, com as opções de picanha, frango, filet com bacon, frango com bacon, cafta, coração e provolone. Há também outra opção de prato chamado “Jantinha”, que além do churrasquinho vem com arroz, vinagrete, mandioca e feijão tropeiro ao custo de R$ 8 reais. Para acompanhar, o cliente pode provar os sucos do Jajá, nos sabores abacaxi com hortelã, caju, cajá e manga, personalizados em uma garrafinha descartável por R$ 2,50.

Larissa Miranda frequenta o local há pelo menos quatro anos. Tudo começou porque sua filha estudava em um colégio próximo ao estabelecimento, e pelo cheiro agradável teve a curiosidade de conhecer o lugar. “O atendimento e a qualidade aqui é nota dez. Atualmente, Seu Jajá faz festas na minha casa e sempre que dá estou por aqui. É muito mais fácil e prático vir aqui comer uma jantinha do que cozinhar em casa”, opina Larissa. Ela diz que o churrasquinho é um dos preferidos da família. “Minhas filhas adoram, sendo que sentimos muita falta no período de férias, quando não funciona”, conta.

Cachorro quente de sucesso
A simplicidade e tradição também é a fórmula seguida pelo cachorro-quente do Landi, que movimenta a entrada da 405 Sul desde 1986. O mineiro Landi Inácio de Oliveira, 49 anos, toca o negócio com ajuda das irmãs, Diolete, Dioleni e Diolândia. O local serve apenas cachorro-quente ao molho, com queijo mussarela derretido, milho e batata palha por R$5,50, chegando a atender 200 pessoas nos dias mais cheios. Mesmo com somente uma opção no cardápio, o trailer está sempre lotado. “Se o movimento caísse por conta disso, teríamos de mudar a receita. Mas, no nosso caso só aumenta. Então, não temos o que mexer”, comemora o comerciante.

O segredo do sucesso de Landi está no cuidado ao preparar o produto e na eficiência do serviço. Trabalhando no comércio desde os 13 anos, ele aprendeu que o bom atendimento conquista o cliente. “Faço o treinamento com os funcionários na prática. Antes de começar, eles ficam dois ou três dias observando o atendimento aos clientes”. Antes de montar o próprio negócio, Landi trabalhou em uma padaria por dez anos e de lá trouxe a receita do pão servido no cachorro quente. A batata palha, sempre crocante, também é produzida artesanalmente pela família.

O cliente pode se acomodar em uma das mesas ou pedir para viagem no formato Drive Thru. Nesse caso, o cliente estaciona próximo ao trailer e os funcionários vão até o carro para anotar o pedido. Para Landi, comida de rua não era bem vista antigamente, mas hoje existem profissionais organizados que trabalham em família e buscam fazer o melhor sabor.
                  
Macarrão musical
Desde 2002 na 206 norte Carla Alesandra da Silva oferece boa música e gastronomia com o seu Macarrão na Rua. O ambiente é muito aconchegante com mesas a luz de velas e atendimento rápido. No cardápio além do macarrão artesanal onde os clientes escolhem a massa e o molho no valor de R$10 reais, tem também cachorro quente, caldos e vinhos. Todos os dias 29 de cada mês acontece o encontro de músicos com o nhoque da sorte. “Minha intenção é unir boa gastronomia e boa musica a um custo benefício baixo. Tenho atraído muitos clientes, chego a vender 50 macarrões por dia”, afirma a proprietária realizada com seu negócio.

Projeto de Lei quer garantir qualidade nas comidas de rua
Em São Paulo, diversos quiosque e trailers tiveram que parar de funcionar. No caso do cachorro quente, o único permitido, o funcionamento está condicionado à regulamentação na prefeitura do estado. Nos últimos dias o governo do estado lançou um projeto de lei que pretende garantir a qualidade das comidas de rua. Eles dizem que os alimentos são vendidos sem controle ou fiscalização e que é necessário seguir as normas de higiene. O projeto ainda precisa passar por uma segunda votação na Câmara para virar lei.

Serviço:
- Churrasquinho do Jajá- Faculdade UDF 704/904 sul – Asa Sul
- Cachorro Quente do Landi- SQS 405 - Asa Sul
- Macarrão na Rua- SQN 206 - Asa Norte