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Depressão tratada como “frescura”

Doença afastará mais gente do trabalho até 2020, segundo OMS


A depressão é um transtorno cerebral que possui muitas formas. Segundo a Federação Mundial para a Saúde Mental (sigla em inglês WFMH) ela apresenta ou não uma causa aparente e afeta mais do que a forma como o paciente vê as coisas, já que a doença prejudica também a saúde física, interferindo no sono, no apetite e na disposição.Depressão é um transtorno do humor, marcado por sintomas diversos como tristeza, baixa autoestima, pouca motivação, falta de interesse e distúrbios do sono. O importante é ressaltar que a depressão é uma doença crônica, isto é não é uma doença que pode ser solucionada em um curto espaço de tempo. “Em nossas vidas é comum ter fases de depressão, momentos em que sentimos tristeza. A depressão como patologia é caracterizada pela sua profundidade e duração” conta a psicóloga Isadora Lemos.
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2020 a depressão será a doença que mais afastará as pessoas do ambiente de trabalho. Associações de Classe junto ao Conselho Federal de Medicina (CFM) têm proposto ao governo o aumento dos CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) pelo país, pois eles serão eficazes no primeiro atendimento da depressão junto à sociedade. Seria como uma espécie de pronto-socorro público, já que a doença vem se alastrando não só pelo mundo, mas também pelo país.


Para caracterizar o diagnóstico de depressão, foi criada uma tabela, onde cinco ou mais dos sintomas relacionados devem estar presentes. Dentre eles, um é obrigatório: estado deprimido ou falta de motivação para as tarefas diárias, por no mínimo duas semanas.
Entre as mulheres, o número de casos da doença é o dobro em relação aos homens. Não se sabe se a diferença é devida a pressões sociais, diferenças psicológicas ou ambas. Alguns autores acreditam que a causa principal dessa diferença é a oscilação hormonal tão comum nas mulheres.
“A doença cresceu muito. Hoje, todo profissional de qualquer área da saúde lida com a depressão, que já é considerada um problema de saúde pública, pois não temos psiquiatras suficientes para atender a crescente demanda”, relata a psicóloga Adriana Furtado.
“É importante saber mais sobre a doença porque a depressão é mais comum do que a gente imagina, e as pessoas que sofrem de depressão realmente estão em sofrimento e precisam de ajuda. Infelizmente a doença é banalizada e tratada como frescura por quem vê a situação de fora, mas, a depressão é real”, Explica a psicóloga Isadora Lemos.
Jurema Teixeira, 21 anos, estudante de comunicação conta que tem certeza que a mãe tem depressão, mas que não sabe como agir, “Ela tem todos os sintomas. Não gosta de sair de casa, sente muito sono, se irrita com facilidade e é muitas vezes chega á ser agressiva”. A estudante conta que já tentou conversar com membros da família sobre o assunto, mas todos eles acham que é frescura de sua mãe, que com 59 anos não aceita que esteja doente, “A minha fisioterapeuta confirmou que ela tem todos os sintomas de depressão, mas quando a gente toca no assunto, ela desconversa e diz que é só cansaço, e eu não sei como agir, porque mesmo sabendo que ela está doente eu acabo perdendo a paciência e acho que isso agrava ainda mais doença” desabafa a estudante.
Mesmo já tendo duas filhas com mais de 15 anos, Natália Mendes com 41 anos na época (nome fictício) deu a luz ao seu terceiro filho, e sofreu com depressão pós-parto.
Esse tipo de depressão ocorre também por fatores biológicos, psicológicos e sociais. As grandes alterações hormonais durante a gravidez e a diminuição após o parto são um dos principais fatores. Sua filha, Angélica Mendes (nome fictício), hoje com 19 anos conta que no caso de sua mãe, a depressão pós-parto foi causada por uma superproteção do recém-nascido “Ela não ficava muito feliz que outras pessoas ficassem com o meu irmão. O meu pai que é médico conversava muito com ela, e ao passo que o meu irmão crescia ela foi melhorando. Não foi preciso fazer um tratamento com medicamentos” explica Angélica e acrescenta, “Hoje em dia é como se não tivesse acontecido, ela tem plena consciência do estado dela na época”.

Tratamentos

No Brasil o medicamento mais utilizado no tratamento da doença é o ansiolítico Rivotril® (Clonazepam). Segundo a psicóloga Adriana Furtado, o tratamento é feito com acompanhamento psiquiátrico e psicológico. Em alguns casos mais leves, apenas o tratamento psicológico é suficiente. Nos casos que exigem o consumo de medicamentos tarja preta, é aconselhável acompanhamento psiquiátrico e sessões psicoterápicas.
Já segundo a psicóloga Isadora Lemos, o tratamento com psicoterapia é necessário, e por vezes deve acompanhar o tratamento farmacológico. “A psicoterapia vai ajudar a pessoa que sofre de depressão a entender seu sofrimento, vai ajudá-la a dar um novo significado a uma situação ou comportamento de suas vivências”.
Na psicologia existem várias abordagens clínicas para tratamento da depressão, a mais conhecida e bastante eficaz é a terapia cognitiva comportamental.
A terapia cognitiva, também conhecida como terapia cognitiva comportamental é um tipo específico de psicoterapia que enfatiza a importância dos processos de conhecimento através da compreensão no tratamento de diversos transtornos mentais. A terapia cognitiva é estruturada para ter uma duração curta e se baseia na teoria cognitiva, uma teoria composta por 10 verdades inquestionáveis universalmente válidas formais que embasam teoricamente diversos modelos e aplicações na prática clínica. O tratamento apenas com medicamentos supre os sintomas, mas não age, por si só, na resolução do problema.
Em 1992, a Federação Mundial para Saúde Mental (sigla em inglês WFMH) lançou o Dia Mundial de Saúde Mental, que ocorre no dia 10 de outubro.

Critérios para diagnóstico de depressão


(Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais ou em inglês com a sigla DSM-IV, 4ª edição)
. Estado deprimido: sentir-se deprimido a maior parte do tempo;
. Anedonia: interesse diminuído ou perda de prazer para realizar as atividades de rotina;
. Sensação de inutilidade ou culpa excessiva;
. Dificuldade de concentração: habilidade frequentemente diminuída para pensar e concentrar-se;
. Fadiga ou perda de energia;
. Distúrbios do sono: insônia ou hipersonia praticamente diárias,
. Problemas psicomotores: agitação ou retardo psicomotor;
. Perda ou ganho significativo de peso, na ausência de regime alimentar;
. Ideias recorrentes de morte ou suicídio.





por Núbia Tuira e Alice Pacheco