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Estrangeiros escolhem estudar no Brasil

Muitas são as histórias de jovens que decidem seguir em busca de experiências com uma nova cultura
Nascido em Madrid, na Espanha, Alvaro Gómez de 22 anos passou quase cinco meses no Brasil, onde estudou Relações Internacionais na Universidade de Brasília. O ex-intercambista, que veio para o Brasil depois de conseguir uma bolsa de estudos, revela a vontade que tinha de explorar as terras brasileiras. “Eu estava aprendendo português e, além disso, consegui uma bolsa muito boa do Santander para estudar no Brasil. Tinha muita vontade de conhecer o país”, afirma o estudante. Ele é um dos exemplos de pessoas que resolveram vir para o Brasil, buscar uma oportunidade de estudar e aprender coisas novas através da convivência com uma nova cultura.
Alvaro visitando o Rio de Janeiro.

Ao relembrar da época que passou no Brasil, o estudante espanhol relata que conheceu muitas pessoas boas, curtiu muito as festas, viajou e aproveitou bastante as aulas na faculdade. Mas, apesar de, no geral, ter tido uma boa experiência, ele menciona também as dificuldades enfrentadas. “No início eu tive muita dificuldade com a língua, principalmente com a pronúncia do sotaque, mas aos poucos isso melhorou”, ressalta. “A burocracia brasileira também foi um problema. Mas, no geral, não tive muitas dificuldades”, alega Alvaro Gómez.
O jovem, que nunca tinha estudado em outro país, morou no Brasil de agosto a dezembro do ano passado. Agora já voltou para a Espanha para continuar os estudos, e se forma em junho. “Foi uma ótima experiência, muito melhor do que achava que seria. Gostaria muito de voltar para o Brasil, fiz muitos amigos por lá. Sempre me lembrarei com carinho dessa fase”, conta.
A história da estudante chinesa Lou Shuo é bem parecida com a de Alvaro. Ela, que mora em Macau, também tem 22 anos e estudou na Universidade Brasília por 10 meses. Mas, ao invés de estudar Relações Internacionais, ela estudou Letras-Português e Comunicação Social. Lou, que também nunca estudou em outros países fora o Brasil, morou em Brasília de setembro de 2012 a julho de 2013. Ao contar da sua vinda para o país, a estudante destaca também a diferença cultural. “Eu faço o curso de Letras-Português na Universidade de Macau, então tive a oportunidade de estudar no Brasil e resolvi ir, para praticar o português e conhecer a cultura do país, que é totalmente diferente da cultura oriental”.
            Ao analisar a experiência, Lou lembra de algumas dificuldades que enfrentou. “Um dos problemas que tive foi comprar passagens de avião, porque a maioria das empresas só aceitavam cartões de bancos brasileiros”, relata. Ela achou muito complicado quando tentava resolver alguns problemas pelo telefone, como, por exemplo, entrar em contato com uma empresa para que pudesse ter internet em casa. “É preciso passar por muitos passos até conseguir falar com a pessoa certa”.
            A jovem chinesa conclui o curso em Macau em junho deste ano, e tem planos de voltar ao Brasil no ano que vem para fazer um curso de mestrado na área de Comunicação, no Rio de Janeiro.  “Achei que a experiência de estudar no Brasil foi maravilhosa, foi a melhor decisão que já tomei até hoje”, ela conta com alegria. “O Brasil e seu povo me impressionaram muito, o jeito que eles vivem, a música brasileira, as paisagens naturais, tudo”, ela relembra com carinho.
            O Brasil alcançou um número histórico no final do ano passado. Segundo a Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo), com a marca de seis milhões de turistas em um único ano, o país passou dos 5 milhões que duravam desde 2005.
            Além dos que já fizeram intercâmbio, muitos ainda estão passando por essa experiência. O argentino Christian Amann, de 23 anos, está no Brasil desde fevereiro. Ele estuda agronomia na Universidade de Brasília e vai ficar no Brasil até fim do semestre para trabalhar com o pai na fazenda da família quando voltar para a Argentina. “Vim de intercâmbio nesse semestre através de uma bolsa do banco Santander. Estou pegando disciplinas optativas para acrescentar no meu currículo”, afirma.
Christian Amann na Universidade de Brasília

            Christian lembra que desde que entrou na faculdade, uma professora falava muito sobre a experiência de um intercâmbio. “Eu fiquei com muita vontade de ir para algum lugar, fazer algo diferente, conhecer outras pessoas. Aí saiu esse programa com bolsas exclusivamente para o Brasil, e eu pensei: essa é a minha oportunidade”, conta.
            O estudante é de uma cidade argentina chamada Andresito, que fica a 20km da fronteira com o Brasil. Portanto, já tinha o conhecimento do português. Ele relata que, por ser de fora do país, os brasileiros estão sempre se preocupando com ele. “Essa experiência está sendo muito melhor do que eu esperava, estou gostando bastante. O pessoal daqui é muito bacana, os professores e as atividades são muito legais”, comenta. Depois de tentar lembrar quais foram as suas dificuldades no Brasil, ele revela que não teve nenhum tipo de problema no país. “Acho que é por isso que eu estou gostando tanto”.
            Desigualdades - Kiese Hansen, de 20 anos, também veio estudar no Brasil. Ela passou quase quatro meses em Florianópolis no ano passado, principalmente para aprender português mas, no final das contas, teve várias aulas em inglês. A americana, que estuda Economia nos EUA, se forma em mais ou menos dois anos e fica no Brasil até o dia 16 de maio. “Em Florianópolis fiz cursos sobre as desigualdades sociais e sobre a história política da América Latina. Também fiz um curso sobre gestão de recursos naturais, com enfoque no que o Brasil está fazendo para ser mais sustentável. Foi muito interessante”, conta.
            No final do ano, Kiese foi passar cinco semanas com sua família em casa, e depois veio para Brasília, onde está desde fevereiro. “Eu queria aprender outra língua. Falo inglês e francês, então decidi que queria aprender o português e pensei que seria melhor ir para algum país diferente para estudar”, relata. “Escolhi o Brasil, pois acho o país mais interessante e dinâmico que Portugal em termos de economia”, justifica.
            A estudante crê que existam muitas semelhanças entre Brasil e os Estados Unidos em termos de desigualdades, sejam elas de gênero ou de renda em geral. “Eu gosto da ideia de trabalhar no Brasil com essas questões. Gosto de muitas coisas no país, mas o que mais me atrai são as pessoas e a cultura”, ela ressalta. Quanto aos pequenos problemas enfrentados nesse tempo que passou no país, Kiese afirma que uma das coisas mais difíceis é que o Brasil é um país onde muitas pessoas não sabem falar em ingles. “A barreira da língua é sempre um obstáculo. Outro ponto negativo é que em Brasília tudo é muito longe, você precisa de um carro para fazer várias coisas”, ela acrescenta.

            Apesar das dificuldades, a americana assume que está adorando morar no Brasil. “Minha experiência no país tem sido maravilhosa, melhor do que eu esperava. Eu consigo me ver morando e trabalhando aqui, por causa das diferentes oportunidades que o Brasil oferece”.

Por Alice Pacheco.