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Imaturidade de jovens na escolha da profissão

Adolescentes precisam decidir curso de graduação antes dos 18 anos

(Foto: Pixabay)
De acordo com uma pesquisa feita pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), houve um crescimento desordenado na taxa de desistência do curso de ingresso na faculdade: em 2010, eram 11,4%; em 2014, chegou a 49%. A imaturidade dos jovens em escolher o curso de graduação ocasiona uma futura desistência ou infelicidade na faculdade.

Trabalhos. Provas. Vestibulares. Enem. Antes dos 18 anos, devem escolher um curso que pode definir a vida. Incerteza da decisão, competitividade no mercado de trabalho, o grande leque de ramificações de cada área de formação. Pressão da família e exigência da escola para optar pelas graduações X ou Y são algumas das situações vividas pelos jovens pré-universitários.

Leia mais sobre desistência em cursos da faculdade.

A idade em que os jovens precisam escolher a profissão, geralmente entre os 16 e 18 anos, pode ser considerada imatura. A psicóloga Janice Aparecida de Souza Pereira afirma que o lado emocional que envolve a decisão de optar por um curso é desigual em relação ao desenvolvimento intelectual. “O processo de educação formal privilegia o treino de habilidades cognitivas e menos o de habilidades sociais e a inteligência emocional”, argumenta.

Julia Padovan, 17 anos, está no terceiro ano do Ensino Médio e quer se graduar em Psicologia. Apesar de tentarem não interferir, os pais da estudante conversam com a filha sobre outros cursos, para ela pensar em outras opções. “Eu tenho medo de começar o curso e ver que não tem nada a ver com o que quero”, admite. Entretanto, ela afirma que a maior pressão vem da escola. “Eles (professores) estão sempre falando sobre vestibular e coisas do tipo, o que me faz sentir muito pressionada e nervosa sobre o assunto”, conta.

Enquanto alguns pais tentam apoiar a decisão do filho, como é o caso de Julia, outros querem que a escolha da profissão envolva sucesso econômico. Igor Fernandes Ferreira, 17 anos, quer seguir carreira na área de Direito. Ele conta que, apesar de não apontarem um curso específico, “sempre exigiram um que fosse realmente rentável”. O estudante também assume que o aperto dos pais e da escola afeta o dia a dia. “Eu tenho certeza, em minha opinião, que nossa obrigação nesses anos decisivos é aprender e absorver o máximo de conteúdo possível, de forma forçada e robótica, para simplesmente desempenhar o papel de propaganda da escola nos vestibulares e Enem”, reconhece.

Para Janice, essa imposição dos familiares e do colégio no desempenho dos alunos pode trazer sérios problemas de saúde, iniciando com a ansiedade e passando por distúrbios psicológicos e físicos. “Cada indivíduo vive de forma diferente as suas inquietações e preocupações na vida, principalmente porque a consequência dessa escolha induz a investimentos significativos na vida, envolvendo energia, tempo, recursos financeiros”, avalia.

A escolha dos pais

Hizabeely Ferreira Coelho, 18 anos, diz levar a pressão da escola de maneira tranquila. “Nunca fui aluna exemplar, sou largadona, mas aproveito os momentos da vida”, comenta. A estudante está no terceiro ano do ensino médio e quer seguir carreira na área médica. Quando questionada se não tem receio da escolha, Hizabeely diz que “medo é uma coisa que eu não sinto, sempre dei a cara a tapa, seja pro que for. Então, acho que se eu acabar não gostando do curso, saio e vou pra outra área”.

A aluna diz não estar apreensiva em escolher o curso preferido dos pais, pois afirma que nunca faria isso. “Acho que, assim como eles tiveram a vida deles e as escolhas deles, eu tenho o mesmo direito”, argumenta. Ao contrário de Hizabeely, muitos estudantes podem ser influenciados pelos pais. 

A psicóloga Janice chama a atenção para o modo como a família pode direcionar a escolha do jovem. “Há casais que influenciam de forma diretiva porque indicam possibilidades de formação baseadas nas suas experiências de vida e crenças pessoais. Outros não influenciam de forma explícita, mas de maneira velada, ora não se manifestam, ora desqualificam as intenções do jovem, sem entretanto, indicar uma profissão específica”, explica.

“Acho que, assim como eles tiveram a vida deles e as escolhas deles, eu tenho o mesmo direito” (Hizabeely Ferreira)


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Por Gabrielli Nicolau