Quem precisa atravessar, arrisca a vida passando entre os carros nos eixinhos e no Eixão.
Por Isa Stacciarini
Túnel do metrô na altura da 102 sul é utilizado como passagem de pedestres (Isa Stacciarini/Esquina) |
Atravessar o Eixão entre os carros acelerados ou passar pelas passarelas subterrâneas? Esta é a dúvida mais freqüente de quem precisa utilizar os túneis. Pedestres se deparam com má estado de conservação. Passarelas escuras, sem iluminação, pichadas, perigosas e até mesmo com presença de fezes e urina.
O estudante Gustavo Teixeira, 23 anos, utiliza a passarela praticamente todos os dias para ir à academia. Ele conta que já foi abordado por dois jovens. “Eles me pararam, ameaçaram e vistoriaram o bolso da minha bermuda. Não encontraram dinheiro e nem objetos de valor. Depois me mandaram sair correndo e continuaram andando como se nada tivesse acontecido”. O estudante completa. “Mesmo assim prefiro atravessar pela passarela. No horário de 17h30 o trânsito já fica intenso. Passo por baixo, mas presto atenção. Acelero o passo e olho sempre para os lados”, confessa.
A diarista Maria Aparecida é uma das usuárias que prefere passar pelas vias movimentadas na altura da 209 norte. “Não me arrisco mais a atravessar pelos túneis. Além de ser perigoso, é sujo e tem muito mau cheiro. Já vi várias vezes meninos de rua urinarem nas paredes. Vou pelo Eixão e tomo cuidado com os carros”, explica.
Passarela subterrânea na altura da 209 norte (Isa Stacciarini/Esquina) |
Já o túnel do metrô na altura da 102 sul é utilizado como travessia de pedestres. De acordo com quem passa pelo local, diferentemente das outras passarelas, a da Asa Sul é limpa e possui fiscalização. Marina Silva, 26 anos, concorda com as opiniões. “É muito seguro, além de ser limpo. Não utilizo nenhuma outra passarela. Quando preciso atravessar o Eixão e o Eixinho em outras quadras prefiro passar por cima”, relata. A dona de casa Vanda Marques lamenta que os outros túneis não sigam o mesmo modelo. “Tem passarela que está em estado precário. É necessário que o governo faça alguma reforma ou que construa novas travessias como esta. Aqui ninguém tem medo de trafegar, além de ser mais seguro do que atravessar o Eixão”, afirma.
O sargento da polícia militar Danilo Nunes alega que as passarelas são fiscalizadas e sempre quando possível ocorre policiamento. Porém, de acordo com ele, não é possível deslocar policiais todos os dias para fazer a ronda. “Existem dias onde sempre ocorre alguma ação em que é preciso um maior reforço de policiamento e, naquele momento, a urgência é prioridade”, declara.