No
espaço de recepção da Delegacia das Mulheres, na Asa Sul, três pessoas esperam
para prestar queixa. Somente a auxiliar de atendimento, Talita Daniele, de 21
anos, aceita conversar com a reportagem. Segundo conta, ela foi perseguida
durante dois dias por um homem desconhecido. “Ele ficava me oferecendo emprego,
dizia que precisava de menina bonita para trabalhar”. Dias depois, o homem teria
acompanhado a moça dentro de um ônibus. “Ele começou a me agredir, me puxando
para ir com ele”, lembra.
Em
panfleto distribuído pela Delegacia de Atendimento à Mulher, há estimulo às
vítimas a não terem medo ou vergonha. Segundo o material, é indicado evitar
ficar sozinha com o agressor, estabelecer locais perto de casa, onde possa ter
segurança, compartilhar a situação com amigas e familiares estabelecendo formas
de ajuda e não contar ao agressor que compareceu a delegacia.
Histórias
como a de Talita são comuns na fila de espera da delegacia. Ocorre que parte
das queixas está ligada a familiares das vítimas, o que aumenta o
constrangimento e diminui o número de notificações. No caso de Talita, ela foi atendida por
agentes, orientada para ter cuidado e continuar trabalhando normalmente que a
polícia iria investigar. A equipe de Esquina on-line não foi recebida pela
titular da delegacia e agentes preferiram não conceder entrevistas.
Desconhecimento - Conforme a pesquisa realizada pelo Instituto AVON/IPSOS
2011, aproximadamente 90% das pessoas afirmam conhecer a Lei Maria da Penha,
mas apenas 13% a conhecem muito bem. A
lei é um resultado da comovente história da biofarmacêutica Maria da Penha Maia
Fernandes. Após sofrer duas tentativas de homicídio em 1983, pelo seu marido na
época, a vítima ficou paraplégica. Mesmo esperando por quase 20 anos, lutou
para ver o agressor condenado.