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Mais de duas mil pessoas moram nas ruas do DF


Por Camila Ferreira e Veltz Capone
Moradores de rua vivem á margem da sociedade, sem acesso à saúde e educação
Dados do último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estaística (IBGE) mostraram que, no Brasil, há cerca de 192 milhões de habitantes. Desse número, estima-se que de 0,6% a 1% da população more na rua, cerca de 1,8 milhões de pessoas. A pesquisa relatou que a maior dificuldade
na reabilitação é o vício em bebidas alcoólicas, causando problemas familiares e financeiros.

No DF, o quadro não é muito diferente, um levantamento feito pelo Censo da População em Situação de Rua do Distrito Federal, ação do projeto Renovando a Cidadania, da Fundação de Apoio à Pesquisa (FAP/DF), apontou que 45,3% dos moradores de rua estão nessa situação há mais de três anos e que 77% não têm casa para retornar.
É o caso de Ednei Lopes da Costa, 34 anos, nascido na Bahia, há 15 anos mora nas ruas do DF e ganha dinheiro praticando malabarismo nos sinais de trânsito. Ele conta que trabalhou em várias fazendas e sítios em Luziânia (GO) e que foi depois de assistir a uma reportagem sobre malabarismo na TV que decidiu ganhar a vida assim. “Fiquei encantado com aquela arte. Arrumei dois paus e ficava jogando
para cima até enjoar”, relata Ednei,conhecido como Foguinho.
Ednei prefere morar na rua, mesmo sabendo da existência de albergues públicos. “Faturo entre R$ 40 e R$ 50 por noite, esse negócio de albergue é perigoso e não sou obrigado a ir. Até trabalhando já fui levado pela polícia para acareação. Não sou bandido, trabalho igual a todos”, afirma.
“Os moradores de rua são tratados como se fossem criminosos que precisam ser punidos e não protegidos. Muita gente não os vê como pessoas que têm direitos”, observa Camila Potyara, socióloga e consultora do projeto Renovando a Cidadania, responsável pela pesquisa
sobre pessoas em situação de rua no Distrito Federal, da Universidade de Brasília (UnB).
Para a Secretaria de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda do DF (Sedest), as políticas públicas voltadas aos moradores de rua devem ser pensadas de forma intersetorial e integral. De acordo com a assessoria da Sedest, existem 11 fiscais distribuídos entre a Asa Sul e Norte para cuidar dos moradores de rua.
A Secretaria disponibiliza um canal chamado SOS Cidadão (0800-647-1407) para a população de Brasília.