A vida nos sinais é uma realidade recente para Nilson dos
Santos Araújo. Demitido há pouco mais de um mês, o baiano de 24 anos se vira
para pagar o aluguel da casa onde vive com a mulher, em Águas Lindas de Goiás.
Primeiro tentou vender biscoitos e pipoca nos semáforos de Brasília. Agora,
decidiu vender balas e doces nos ônibus que aqui circulam.
Emprego
Desde que chegou de Riachão das Neves (BA), há 3 anos,
Nilson conseguiu alguns empregos formais. Já trabalhou como ajudante de pedreiro, como repositor de
mercadorias em uma rede atacadista, e também foi garçom. No último caso, nem
chegou a ter carteira assinada. “Foram
poucos dias. Teve uma vez que faltei e não pude avisar, daí cheguei no
restaurante e a dona soltou os cachorros pra cima de mim. Fui demitido na
hora”, conta, queixando-se da humilhação desnecessária que sofreu.
Foi como ajudante de pedreiro que Nilson experimentou a
maior estabilidade. Trabalhava numa obra em Taguatinga já tinha 18 meses,
quando sofreu a última demissão. “Tava faltando material
na obra, eu fui atrás e o cara achou ruim”, explica. Então arrumou um bico para
revender biscoitos de polvilho e pipoca doce de uma fábrica de Águas Lindas.
Informalidade
De segunda a sexta
Nilson passava as tardes nos semáforos próximos ao Tribunal de Justiça em
Brasília, até conseguir vender o bastante. “Recebia comissão pela quantidade
que vendia. Tinha vez que dava R$10,00, outras vezes R$15,00 por dia. No máximo
isso!”, revelou. Devido ao retorno
insuficiente, ele decidiu largar o negócio.
Agora Nilson vende balas, amendoim, pirulito, e outros
alimentos industrializados dentro dos ônibus do Distrito Federal. A maior
dificuldade, segundo ele, é que nem todo motorista gosta de lhe dar carona. Mas
não reclama. “Até agora tem sido bem melhor. Por dia tô ganhando mais”,
comemora, sem dar maiores detalhes.
Sonhos
Com o dinheiro que começa a juntar, Nilson pensa em tirar a
habilitação para dirigir. “Mais pra frente quero arrumar um serviço melhor,
como motorista. Também quero juntar uma grana extra para visitar meu pai na
Bahia, em agosto”, vislumbrou. Por enquanto, ele aproveita os finais de semana
para fazer o que mais gosta no tempo livre: visitar a "parentaiada" – como chamou – espalhada por
todo o Distrito Federal. São tios, primos e irmãos, todos em busca dos respectivos sonhos.
Por Sérgio Bertoldi