Ópera é no cinema
Por: Alessandra Santos
Foto: Royal Opera |
“Viajar todos os anos para fora, para acompanhar o cenário de óperas é muito caro e complicado. Às vezes, não é possível nem conseguir ingressos na hora, já que os amantes da música compram com até um ano de antecedência”, conta o crítico, jornalista e professor de cinema Sérgio Moriconi. Assim como ele, muitos brasileiros não têm condições de sair de daqui para assistir óperas renomadas, como Carmen, Fausto, La Bohème, entre outros.
De olho nesse nicho, o Cinemark implantou um projeto em que são apresentados óperas e balés durante todo o ano e com um preço bem mais acessível ao público. Os ingressos variam entre R$ 60 (inteira) e R4 25 (meia). Dede 2012 a Rede Cinemark iniciou uma parceria com o Royal Opera House, uma das casas de espetáculo mais importante do mundo e de Londres. Antes, eles trabalhavam com o Metropolitan Opera House, de Nova York.
“Em outubro de 2010, a Cinemark incluiu na programação dos cinemas a temporada da ópera Metropolitan Opera House(Met). E em 2011, a Rede exibiu pela primeira vez uma ópera em 3D, com o espetáculo Carmen”, explica a diretora de marketing da Rede, Bettina Boklis. A iniciativa não se restringe apenas em Brasília, mas passa pelas 37 salas do Cinemark, que estão divididas em 24 cidades brasileiras. A transmissão fica toda por conta do próprio Royal e o som chega aos cinemas via satélite.
Tudo isso facilitou a vida de quem é apaixonado pelo gênero, como o escritor e apresentador do programa Vesperal Lírica, que vai ao ar todos os sábados, às 17h, na Brasil Super Rádio Fm, João Carlos Taveira. “Este ano eu já fui a todas e conheço o projeto desde o início, quando ainda havia a transmissão ao vivo aqui na rádio. Se formos comparar as duas casas, tanto a Met quanto a Royal, são magníficas”, reporta Taveira. Ele que começou desde cedo, aos cinco anos a escutar óperas e música clássica a partir de seu pai e avô.
Hoje, com 65 anos e nove filhos criados, não conseguiu transmitir o mesmo amor pela música para a geração seguinte e critica a falta de investimento no setor. “O empresário brasileiro não dá um níquel para a área, muito menos o governo. O Brasil ainda tem muito o que aprender com os Estados Unidos, por exemplo, onde os cidadãos podem inclusive, ajudar a financiar este tipo de arte”.
A figurinista Nina Maria ao contrário de Taveira não passou pelo Pier ou Cinemark, locais onde são exibidas as óperas em Brasília, mas morre de vontade de ir. “Eu nunca fui, porque sempre esqueço daí lembro quando vou assistir a um filme e passo pelo cartaz no local. Acabo me desorganizando”. Mas mesmo assim, está louca para conhecer. “Para mim, é uma mistura de diversão, hobby e trabalho, já que eu sou fissurada por figurino”, completa ela, que já trabalhou com alguns musicais infantis, como Os Saltimbancos.
A programação completa do festival, que vai até junho, está no site oficial do projeto (http://www.cinemark.com.br/royal-opera-house). As próximas apresentações são Fausto, La Fille Mal Gardée e Nabucco.