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NO SINAL - Vendedor de caqui no Lago Norte tem 10 filhos




Aos dezessete anos de idade, o vendedor Jonas Oliveira foi pego de surpresa com uma notícia que mudou sua vida e o rumo dos seus planos: uma filha estava para chegar. O que ele tinha como objetivo virou um sonho distante. A vontade de estudar para tornar-se aviador civil passou a ser uma lembrança e deu lugar à necessidade de trabalhar para sustentar a família.

Jonas já teve vínculos empregatícios como frentista, gerente de comércio, cobrador de ônibus e vigilante. O vendedor diz que não quer ter chefe nunca mais por já ter sofrido muitas humilhações. As decepções e a falta de oportunidade o afastaram do mercado formal. Ele conta que trabalhou durante dezessete anos em uma empresa de vigilância que declarou falência e deixou, assim como ele, cerca de mil funcionários sem receber um centavo.

Hoje, aos 46 anos de idade, Jonas vende frutas da época em um sinal próximo ao Centro de Atividades do Lago Norte. Nesse ponto está há dois anos, mas a experiência em sinais já vem de longa data. Em 1998, paralelamente ao trabalho como vigia noturno, começou a vender bandeirinhas do Brasil durante a Copa do Mundo de Futebol.

O vendedor reconhece que o trabalho de venda no sinal não é formal, mas afirma que vive melhor que muita gente que atua na formalidade. Para ele é muito melhor trabalhar, ainda que não seja dentro da lei, do que depender das bolsas do governo, que ele batiza como “bolsa eleitoreira” e “bolsa preguiça”.

Não ser subordinado a ninguém é um fator positivo do trabalho autônomo, mas lidar com a fiscalização não é fácil. Jonas, que mora em Ceilândia, diz ter escolhido um ponto de venda tão longe de casa, pois o lugar não tem muita gente vendendo, o que atraí menos fiscalização. Quando ela vem, o prejuízo é grande. “Dependendo do dia, se eles chegam logo de manhã cedo e recolhem toda a mercadoria, eu tenho um prejuízo de uns duzentos reais”, afirma.

Hoje, o seu ganho diário é em torno de R$80,00 a R$100,00 reais.  Para garantir um bom lucro no final do mês ele trabalha todos os dias, debaixo de sol ou chuva. “Se chove, eu coloco uma proteção nas frutas e continuo vendendo. A qualidade é que não pode cair”.

  Com o dinheiro que ganha, além de pagar as contas de água, luz, colocar gasolina e pagar o INSS como autônomo, Jonas ainda ajuda os dez filhos.  “O meu trabalho e dos meus colegas do sinal pode até ser informal, mas com certeza a gente movimenta a economia legal”.

Apesar de todos os gastos o vendedor conta que ainda consegue juntar dinheiro para tentar abrir um negócio. Jonas diz que apesar de o trabalho no sinal ser gratificante e mostrar a capacidade que ele tem de trabalhar, não quer ficar pra sempre no mesmo lugar. Ele tem como objetivo ser um pequeno empreendedor e afirma que quer continuar no ramo da venda de frutas.

Por Marina Corrêa - Jornal Esquina On-line