Com bom humor, Ivanildo recebe a contribuição de um
motorista
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Conhecido como "Ivanildo do Skate", o deficiente físico José Ivanildo da Silva (41), natural de Alagoas, chegou a Brasília em 1998, e desde 2001 é pedinte no semáforo do cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul. O apelido surgiu porque o homem fica em cima de um skate e circula entre os carros pedindo esmolas. A deficiência física surgiu quando, ainda criança, Ivanildo sofreu uma paralisia infantil, o que o deixou sem o movimento das pernas.
Renda mensal- Ivanildo ganha de novecentos a mil reais por mês, além de uma aposentaria no valor de R$ 678,00, equivalente hoje a um salário mínimo. A renda sustenta a mulher e os três filhos.
O bom humor e o auto astral levaram o pedinte a conhecer pessoas boas, que lhe doaram dinheiros e outros, para a realização de sonhos, como a casa própria e a viajem para Alagoas, cidade natal, onde pode rever a família. A espontaneidade e alegria também conquistaram moradores do Valparaíso, onde se candidatou a vereador, mas infelizmente recebeu 144 votos, não suficientes para ser eleito. “Algumas pessoas param no sinal e ficam falando para eu ir trabalhar, que ser pedinte não é decente, mas se eu conseguir um emprego eu perco a minha aposentadoria, e com um salário mínimo não dou conta de sustentar minha família. Na rua rende mais” conta Ivanildo.
A dificuldade de conviver com a diferença
Antes de conseguir a casa própria e ter uma ‘vida estável’, Ivanildo foi morador de rua e enfrentou muitas barreiras. Ele conta que “fui almoçar em um restaurante da rodoviária do plano piloto, quando era pedinte lá, e ninguém queria me atender. A dona pediu para que um garçom fizesse uma marmita e me entregasse, mas que em seguida eu teria que sair do local. Eu estava ali para comer na mesa como qualquer pessoa, além de tudo tinha dinheiro no bolso para pagar”, emocionado ele explica que foi a pior situação que já viveu, “me trataram como um bicho qualquer”.
Em outra situação, no semáforo do cemitério, um carro parou próximo ao Ivanildo, e o motorista começou a maltratar e insultá-lo. “Ele estava louco, gritava e parecia estar com raiva de mim. No dia seguinte um funcionário desse homem, que também estava no carro, voltou aqui e me pediu desculpas, falou que não concordava com o que o chefe tinha feito comigo”.
“Algumas pessoas me ignoram. Eu falo bom dia e elas fecham o vidro na minha cara”. Contudo Ivanildo do skate não perde o bom humor, “o importante é que eu tenho Deus no coração e acredito que o mau humor das pessoas não é culpa minha, elas devem ter passado por algum problema antes de passar por mim”, brinca.
Alegria nas ruas
Em meio às dificuldades do dia a dia, Ivanildo não deixa de pensar no próximo. Criador do projeto “Ação das Crianças”, ele dedica o mês de setembro e outubro para arrecadar brinquedos e doces, já o dinheiro é usado para comprar sorvetes, refrigerantes e pagar o aluguel dos brinquedos infláveis para a festa do dia das crianças, onde tudo que foi arrecado é distribuído, em uma grande festa.
Determinação
Ivanildo acredita que o conhecimento é a chave para o crescimento, e por isso incentiva os filhos a estudarem, “meu filho tem 14 anos e já quer namorar, mas eu explico pra ele que os estudos estão na frente de tudo”, sorri. Para inspirar os filhos, Ivanildo voltou a estudar e está na 4º série do ensino fundamental.
Ânimo- “O sorriso e a alegria do povo me contagia, e é isso que eu levo do povo brasiliense, que tanto me ajuda”, Ivanildo a respeito do amor por Brasília.
Por Dayane dos Santos- Jornal Esquina Online