Para tentar defender a agricultura e plantações contra as pragas, utilizam-se
os agrotóxicos. Esses produtos químicos
ganham denominações diversas quanto ao seu uso: inseticidas (contra insetos),
fungicidas (contra fungos), herbicidas (contra ervas daninhas) e bactericidas
(contra bactérias), entre tantos outros.
Segundo a ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária, órgão
do Governo Federal responsável pela fiscalização e controle de agrotóxicos, o Brasil
está entre os maiores consumidores de venenos agrícolas do mundo. Um estudo
publicado em 2010 revelou números preocupantes. Na pesquisa foram analisadas
2.488 amostras de 18 alimentos diferentes em todo o país. 28% das amostras
apresentaram problemas de contaminação. E pior, dessas, 24% indicaram o uso de
substâncias químicas não autorizadas pelo governo. O recorde de contaminação
ficou com o pimentão, que apresentou problemas em 92% das amostras testadas. Em
seguida vêm o morango e o pepino, com 63% e 57% respectivamente.
Embalagens
vazias de agrotóxicos também trazem riscos
Outro problema grave relacionado ao uso de agrotóxicos está na
destinação incorreta das embalagens desses produtos. Quando descartadas
diretamente no meio ambiente, essas embalagens, ainda contendo resíduos dos
produtos químicos, acabam por contaminar o solo e os cursos de água, colocando
em risco o equilíbrio ambiental.
No DF, A Secretaria de Agricultura e Desenvolvimento Rural do
Distrito Federal (SEAGRI/DF) disponibiliza dois postos de coleta de embalagens
vazias, uma em Brazlândia e outra no PAD/DF, em Planaltina. A Secretaria também
conta com sete agentes para fiscalizar o comércio e o uso de agrotóxicos em
Brasília e entorno. Além disso, existem cursos de capacitação de agricultores
para o correto manejo das substâncias químicas. A multa para quem não segue a
legislação e não devolve as embalagens vazias pode variar entre R$1,9 mil a
R$19 mil.
Segundo a analista de desenvolvimento e fiscalização agropecuária
da SEAGRI/DF, Lara Line Pereira de Souza, a adesão dos agricultores da região
às normas é boa, mais ainda precisa melhorar. “Já se devolve bastante (as
embalagens vazias), mas em muitas propriedades que a gente vai fiscalizar ainda
encontra muitas embalagens jogadas”, afirma.
Os
riscos para a saúde e para o meio ambiente
Existem duas formas de contaminação por agrotóxicos que traz
riscos à saúde: quando o produto é manipulado diretamente e acaba por ser
absorvido pela pele ou mucosa; ou a indireta, quando é ingerido por meio de
alimentos contaminados. Os sintomas podem variar de acordo com a substância
química envolvida e podem ir de dores de cabeça, desmaios e até a morte.
Segundo o Ministério da Saúde, a contaminação também pode ser
classificada de aguda, quando os sintomas surgem logo após o contato com o
agrotóxico, ou crônica, quando o paciente apresenta doenças que tem origem
devido a uma longa exposição a esses agentes químicos. Nesse último caso, os
danos à saúde podem provocar problemas respiratórios, neurológicos e câncer.
Já os danos ambientais são graves. O uso excessivo de produtos químicos
pode causar o desequilíbrio dos ecossistemas e contaminar recursos naturais
como solo, água, flora e fauna.
Prevenções
e cuidados
Quem lida diariamente com agrotóxicos é necessário o uso de
equipamentos de proteção, como máscaras e luvas, por exemplo. Já os consumidores
devem lavar os alimentos em água corrente ou deixar em infusão de água e
vinagre por aproximadamente 20 minutos antes de serem ingeridos. Além disso, os
especialistas recomendam retirar a casca dos alimentos onde são encontradas
grandes concentrações de produtos químicos. O indicado é consumir verduras,
frutas e legumes da estação, pois a utilização de agrotóxicos para conservação
desses alimentos é menor.
Por: Thais Valentim