Por Marcela Franco
A frase, entoada
por uma voz aveludada, é conhecida por quase todos os brasilienses. “A
diferença é a música”, diz a locutora da rádio mais clássica do Distrito
Federal, a Brasília Super Rádio FM. Lúcia Garófalo também é a proprietária e
diretora da emissora. Assumiu o cargo após a morte do marido, Mário Garófalo,
em 2004.
Fundada no dia 30
de junho de 1980, é a única rádio do mundo – com exceção da Rádio Vaticano – a
receber a bênção de um Papa no dia da inauguração. Lúcia conta que o fato só
ocorreu por conta da determinação do marido. Católico fervoroso, Mário
trabalhava como repórter setorista da Presidência da República. “No dia em que
o papa João Paulo II veio a Brasília, o Mário conseguiu driblar a segurança do
Palácio do Planalto e colocar o microfone na boca do papa, que concedeu a
benção”, conta Lúcia, aos risos.
Assim que alguém
sintoniza na Super Rádio, percebe quase que imediatamente não se tratar de uma
estação convencional. Música clássica, jazz, ópera, chorinho, bossa-nova, tango
e outros ritmos fazem parte da programação. Além disso, um programa de música
ao vivo é transmitido de segunda a sexta. Batizado de “Piano ao cair da noite”,
é apresentado por Lúcia, que se orgulha do resultado. Segundo Lúcia, diversos
pianistas famosos e renomados já se apresentaram no programa, há mais de trinta
anos. “É o programa de música ao vivo que está no ar há mais tempo em todo o
Brasil”.
A sede da rádio,
localizada na Torre de TV de Brasília, ajuda a contar um pouco da história
radiofônica brasiliense. Os quadros na parede, os inúmeros prêmios e medalhas
se espalham por cerca de 300m². Com 12 funcionários, Lúcia acredita que a rádio
funciona como uma família e revela o motivo de continuar a frente do
empreendimento. “Doente, já no hospital, Mário me disse que não ia sair dali.
Ele olhou para mim e falou ‘A rádio não minha nem sua, é da cidade. Não deixe
esse projeto de vida morrer’”.