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O árduo sonho de se tornar jogador

Incentivado pelo antigo sonho de se tornar jogador de futebol, sonho inclusive compartilhado por muitos brasileiros, decidi acompanhar e entender um pouco mais da vida de diferentes jovens que tentam essa profissão.

Eles só querem driblar 
Assisti a um treino de uma escolinha de futebol onde um adolescente chamou a atenção da plateia composta por parentes e amigos. O tal Lucas havia marcado três gols no coletivo em que a equipe havia goleado por cinco a zero, e saiu do campo ouvindo os gritos: “esse é seleção”, “já pode pedir música”.
No time adversário, estava Marquinhos, zagueiro de 13 anos que saiu do campo chateado. O único incentivo veio do senhor Milton Rocha, pai do jovem: “Você pelo menos se esforçou”. Ele observou o filho caminhando até o professor, sem saber o que poderia dizer depois: “É difícil cara, todo lugar que eu levo ele pra treinar é sempre isso, os garotos hoje só querem driblar, e como ele é zagueiro, ninguém elogia e ele fica triste”.
Milton é um pai preocupado, porém dá todo suporte para o filho: “É o sonho dele, mas a gente tem que cuidar. As escolinhas podem não ter uma estrutura ou um profissional correto para olhar, sempre a gente vê na internet esquema de empresários com peneiras. Eu quero que ele alcance o sonho dele, e por isso estou de olho”.
Marquinhos ainda é muito novo, mas tem consciência de que o caminho é longo e ele terá que se empenhar muito, além de contar com a sorte para se tornar profissional. “Eu tenho que jogar bem pra conseguir ir pra algum time. Eu já participei de alguns testes, que eu não fui chamado, mas vou continuar até alguém me chamar, não tem outro jeito”.

Crianças disputam campeonatos e peneiras desde muito jovens

Maxsuel Miranda também sempre sonhou em se tornar jogador de futebol. Apesar de não ter conseguido, encontrou uma alternativa que o mantinha próximo à profissão. Confira no vídeo a seguir.



Os irmãos Brey
Dois irmãos também tinham o sonho de se tornarem jogadores de futebol: Patrick e Rayan Brey, de 18 e 20 anos. Porém, cada um seguiu um caminho diferente na jornada. Patrick hoje é profissional e joga no Vila Nova de Goiás, já Rayan nunca chegou a ser contratado por nenhum time, apesar de ter avançado em diversas peneiras de clubes do Rio de Janeiro.
Patrick foi monitorado pelo São Paulo aos 11 e 12 anos, mas foi contratado pelo Fluminense, onde jogou por dois anos, até ser dispensado. Ficou um ano “de molho” treinando exaustivamente e disputando peneiras, até ser contratado pelo Vila Nova, onde havia feito um teste. Há três anos ele defende o clube goiano, que, no final de outubro, passou da série C para a segunda divisão do campeonato brasileiro.
O atleta relembra um dos momentos mais marcantes de sua trajetória aos 13 anos, quando estava no Fluminense: “um dia liguei pro meu pai chorando, dizendo que estava com saudades, aí ele me perguntou se eu queria voltar pra casa. Aí eu parei de chorar, e falei ‘pai isso não vai acontecer mais’”, disse o meio campista. “Naquele momento eu vi que realmente eu estava no caminho certo” completou.
Rayan reconhece que o irmão está subindo na carreira e que as coisas estão mudando. “Ele ainda não ganhou tanta fama, mas cada dia que passa, noto que ele fica cada vez mais conhecido e mais distante da família, mas acho que é só uma fase esse distanciamento”.
Patrick faz parte de um grupo seleto de jovens que conseguiram alcançar a profissionalização, como constata o professor de futebol Thiago Silva: “Eu já devo ter dado aula pra mais de mil meninos, e menos de um por cento saíram para jogar em clubes e permaneceram. É muito difícil, pois a concorrência é enorme”.
Thiago acredita que os jovens são muito pressionados pelos pais e não conseguem desenvolver o futebol devido a essa cobrança exagerada. Em alguns casos, eles são levados a desistir do esporte: “Muitos pais gritam, cobram resultado, xingam juízes e adversários durante os jogos dos filhos. Você gostaria de trabalhar com alguém gritando no seu ouvido? Você se sentiria bem? Então imagina uma criança”. Reclama.

A confiança é fundamental entre o professor e o aluno no acompanhamento da construção do jovem como atleta. Para ele, só assim os treinadores saberão lidar e modelar um bom jogador. Mas é necessária a compreensão de que é um processo de longo prazo, e a caminhada é difícil até a conquista do sonho.

Veja também
Alguns filmes retratam a trajetória de jogadores e as dificuldades que enfrentam para alcançar e manter a profissão. Os filmes Mata Mata (2014), de Jens Hoffmann, e Linha de Passe (2008), de Walter Salles, representam bem o que foi tratado na matéria. Assista ao trailer dos filmes.





Confira a reportagem completa: