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O preconceito velado no dia a dia



"A discriminação é rotina", conta Aria Weingärtner (Foto: Reprodução Facebook)


Desde cedo, aprendemos que existem apenas dois gêneros: o feminino e o masculino. Chorar é coisa de mocinha e apenas meninos jogam bola. As meninas vestem rosa e os garotos, azul. Mas o que fazer quando você não se enquadra no gênero de nascimento?
Symmy Larrat, coordenadora-geral da Promoção dos Direitos LGBT da Presidência da República, conta que, assim como ela, muitos transexuais e travestis demoram a se assumir para a sociedade, por medo da repreensão. “Quando era criança, já percebia que era diferente [...] Só que eu escondi isso comigo, porque sabia que se falasse, eu seria recriminada e teria que falar com o padre, já que minha família é Católica”.
Ela acrescenta que, aos 16 anos, decidiu se hormonizar, mas, por não ter noção do conceito de travesti, contou para a mãe que era gay. A revelação não foi bem recebida pela família e, a partir daí, Symmy passou por um processo de ‘cura’. “Me obrigaram a frequentar a igreja, jogar futebol e fazer psicanálise. Passei, inclusive, por um período de hormonização masculina”.
Nas escolas, o cenário não é diferente. O lugar que deve nos preparar para a vivência em sociedade e que nos ensina diversos valores ainda não tem estrutura para receber as pessoas que fogem do senso comum. Guilherme Leoni (18) revela que o período escolar foi traumatizante. “Um aluno disse que tinha medo que eu o estuprasse no banheiro, a orientadora educacional me ameaçou de expulsão, o diretor e o vice riram da minha cara quando pedi o nome social”.
Aria Weingärtner (18) conta que, no ensino regular, ainda não havia se descoberto trans, mas já tinha certeza de que era homossexual. Apesar disso, esperou o ingresso na universidade para se assumir em relação a ambos os aspectos “Mesmo não sendo assumida, já sofria preconceito e tinha dificuldade de acessibilidade. Só posso imaginar o quão mais difícil seria passar por isso como mulher transexual assumida”, diz.
Devido à discriminação que sofrem nas instituições de ensino, aproximadamente 73% dos transexuais e travestis abandonam os estudos. A situação reflete diretamente no ingresso no mercado de trabalho, que fecha as portas para os componentes do grupo T, em partes, por causa da má preparação, mas, principalmente, em virtude do preconceito e do machismo.
Thomas Fernando milita em prol dos direitos de transexuais e travestis (Foto: Reprodução Facebook)
Eu tenho um currículo bom, passo em todos os testes, meus contratadores se mostram muito dispostos a me contratar, até descobrirem que eu sou trans”, explica Thomas Fernando (21). Ele acredita que a abertura do mercado de trabalho para transexuais e travestis e a igualdade de gênero nesse espaço seja utópica por enquanto. “Se a gente considerar que mulheres cisgêneras ainda ganham menos que homens cis ao ocuparem o mesmo cargo, é difícil pensar quando um transexual ou travesti vai ter um salário equivalente ao de um homem cisgênero”.
Para mudar a conjuntura desfavorável, grande parte do grupo T aposta no estudo da identidade de gênero desde cedo e na aprovação de uma lei que garanta seus direitos, já que, hoje, eles são praticamente esquecidos pelo Estado. “A transfobia no Brasil é proveniente principalmente da desinformação. Projetos educacionais acerca da diversidade sexual e de gênero são essenciais para incluir as pessoas T nos mais diversos espaços”, diz Aria.
Confira o mini-doc sobre questões que fazem parte do cotidiano do Grupo T:
 
 
Veja também a matéria na íntegra:

http://issuu.com/danielanogueira49/docs/pg_36_e_37_-_preconceito_no_trabalh
 
Por: Ana Viriato, Daniela Nogueira, Júlia Azambuja e Lucas Alves