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Presos na mente, jovens sofrem com quadro de ansiedade

Transtornos na adolescência e no início da vida adulta, se não tratados, podem causar danos por toda a vida, alertam médicos

Por Anna Carolina Peres

Foto: Matheus Azevedo/ Arte: John Matos

A ansiedade vital é o estado de alerta do nosso corpo, essencial para a sobrevivência humana. Mas vários motivos transformaram a ansiedade em uma doença crônica. É preciso saber qual é a hora de procurar um médico. De acordo com o psicólogo Rhodrygo Pereira, ela se torna doentia quando impede o bom funcionamento da vida como um todo. Vivemos numa sociedade urgente e rápida. Nunca as pessoas tiveram uma mente tão agitada e estressada. Pensar é bom, mas pensar demais é uma bomba contra a saúde mental. Compreender o que se passa na cabeça de uma pessoa que sofre com esse transtorno é um desafio. Entenda o que é o transtorno de ansiedade e o que ele causa na vida das pessoas que sofrem desse mal.

De forma geral, a ansiedade é um sentimento de incômodo projetado para o futuro. Ansiosos têm uma visão distorcida da realidade, percebendo diversas experiências normais como negativas, mal que afeta várias áreas da vida do paciente. No Brasil, estima-se que 23% da população tenha algum tipo de distúrbio ansioso ao longo da vida, segundo pesquisa do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Consequências
A ansiedade patológica compreende diferentes tipos de transtornos. O Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais (DSM) prevê quais são eles, o que diferem nos sintomas e no tratamento indicado. Os mais comuns são: fobias, síndrome do pânico, transtorno obsessivo compulsivo (TOC), transtorno de ansiedade generalizada (TAG), síndrome de Burnout (estresse profissional), Transtorno do estresse pós traumático (TEPT).  (Veja o quadro abaixo)


Arte: Anna Carolina Peres


O transtorno de ansiedade é um dos problemas psicológicos ou psiquiátricos mais comuns, e pode preceder vários outros problemas mais graves, tanto mentais como físicos. São mais de 30 sintomas que podem aparecer do nada. Os sintomas mais comuns são fadiga inexplicável, dor de cabeça, dores musculares, queda de cabelo, insônia, sudoreses, tremedeira e falta de ar.  Mentes estressadas desenvolvem doenças psicossomáticas, como hipertensão, doenças intestinais, alergias, gastrite entre outras.

O tratamento é feito com remédios em conjunto com a terapia. Mas é preciso, primeiro de tudo, consultar um médico. Para superar a ansiedade, o enfrentamento direto do problema é essencial. Exercícios físicos, ioga e meditação são formas que proporcionam alívio.

Era da ansiedade
A ansiedade foi relegada ao posto de vilã do mundo moderno. O estilo de vida atual, composto pelo trabalho intelectual intenso, excesso de informações, tempo prolongado diante da TV, excesso de preocupações, uso exagerado de smartphones e internet, além do consumismo, são grandes fatores para que o século 21 seja considerado a época mais afetada pelo Transtorno de Ansiedade Generalizado.


O fator gerador de ansiedade típico dos nossos tempos é a informação. No passado, o número de dados recebidos por uma pessoa dobrava a cada dois séculos; hoje, dobra a cada ano. De acordo com o psicólogo, Rhodrygo Pereira, “hoje existe uma divulgação de 400% mais que antes. Um estudo mostrou que, no mundo inteiro, a violência diminuiu em 7,5%. E temos a sensação de ter aumentado 1.000%. Mas na verdade só a maior divulgação das tragédias”.

Além do Controle
Fernanda, Marcela e Lara são algumas das pessoas que sofrem diariamente com o transtorno de ansiedade.


Marcela começou ter crises na escola
Marcela Martins, 22 anos, consultou vários médicos, tinha taquicardia, queda de pressão, tontura e visão turva até descobrir que todos os sintomas eram advindos da ansiedade. “Eu realmente achava que estava com alguma doença física e nos exames sempre dava tudo certo”. Marcela perdeu o ano letivo, começou a ter crises quando ia para a escola “Ficava muito nervosa, chorava muito, comecei a me arranhar. O ato de me machucar era para que a dor física pudesse superar a dor emocional. É um momento que você consegue tirar atenção um pouco dos pensamentos por causa da dor”.

Fernanda sofre de TOC
 A estudante Fernanda Tiberti é diagnosticada com o Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) e tem os sintomas desde criança. Tem pensamentos ruins que a “forçam” a fazer coisas repetidamente: “eu vivo um conflito dentro da minha própria cabeça”. A estudante começou a ter problemas mais sérios por causa do transtorno. “Na casa da minha avó eu criei um TOC que eu não podia fazer xixi, fiquei quase dois dias sem ir ao banheiro, eu fui parar no pronto socorro com infecção urinária séria”


Lara tem crises de pânico desde 2014
Lara Nepomuceno Xavier, 21 anos, tem crises de pânico desde 2014. Porém, os sintomas do transtorno estão presentes na vida dela desde a infância. Procurou ajuda médica, mas com o preço elevado das consultas e medicamentos, não continuou por muito tempo: “tem que ser muito privilegiado para ter acesso a esse tipo de tratamento”. Buscou alternativas menos invasivas, começou a fazer exercícios mentais e, às vezes, toma remédio de emergência quando tem ataque de pânico.  Este ano, Lara sofreu abuso sexual e tem ainda alguns traumas e crises por causa disso. Mas se orgulha da superação. “Mesmo com o grande trauma, o caso do estupro, meus ataques ficam vindo menos intensos, eu tenho mais controle da situação”.


Preconceito

“O maior conselho que eu daria para uma pessoa que acha que a ansiedade é algo banal: pensa no pior dia da sua vida que você se sentiu pior, agora multiplica isso por 365 dias no ano. E tenta viver com essa dor”, desabafa Marcela. 
A ansiedade, por ser uma doença mental, ainda é alvo de muita descriminação. As estudantes ouvidas pela nossa redação falam que a pior coisa que passam é serem taxadas como frescas, e que seria mais fácil se as pessoas conhecessem mais sobre a ansiedade. Elas acreditam que, assim, seriam mais respeitadas e teriam mais apoio. Fernanda conta que a família dela “nunca entendeu, não só meus pais e sim toda minha família, sempre acharam que eu era doida e que eu era muito fresca”.


Na tentativa de fazer com que as pessoas compreendam e aceitem a ansiedade, a designer indiana, Pranita Kocharekar, criou a série “Is That You”. Que ilustra situações que captam as emoções dela e de alguns amigos que vivem com esse transtorno.

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