Por Elisa Chagas e Patricia Arce
A rotina de Maria Eduarda Hollanda tem tantos compromissos que pode até ser confundida com a de um adulto. Filha única, ela tem apenas seis anos de idade e está no 2º ano do Ensino Fundamental de uma escola particular bilíngue, que segue as tradiçõesdas instituições americanas. A menina, que ilustra um comportamento comum a famílias privilegiadas, começa a estudar às 8h, almoça na própria escola e vai embora às 15h, direto para os outros compromissos.
Todos os dias da semana são ocupadoscom alguma atividade. Segunda, quarta e sexta ela faz natação. Terça e quinta, francês e ballet. Ela diz que não se importa com a agenda cheia, mas que às vezes fica cansada, já que à noite ainda tem que fazer odever de casa. Entre as atividades, segundo a criança, ela dispensaria anatação. “É meio chato”, sorri.
O pai, Manuel Ricardo Hollanda,50, não acha que a filha está sobrecarregada, afinal todas as crianças hoje em dia tem essa rotina. “Ela até queria fazer mais alguma atividade, mas achoque está na medida certa”, diz ele.
A psicóloga Adriana Andrade, especializada em crianças, explica que muita oferta nem sempre vai significar muito aprendizado. “Se a criança não tiver uma boa capacidade de entender o que está aprendendo, muita estimulação vai resultar em nenhuma elaboração”, afirma.
Pais precisam analisar as características de cada criança para escolher a atividade ideal, diz psicóloga
Quanto às diferentes correntes pedagógicas e ao ensino bilíngüe, a psicóloga questiona o fato da criança aprender uma segunda língua ao mesmo tempo em que a língua de origem. Para eles, pode haver um prejuízo no desenvolvimento da língua mãe. “Aprendemos a comunicar não só o básico, mas tudo que acontece com a gente, principalmente os sentimentos. Identificamos isto com a língua mãe.”
A educadora Mariana Almeida acredita que os pais se preocupam muito em ocupar as crianças e, normalmente, isso acontece para suprir a ausência deles pela falta de tempo.