Pesquisa do Conselho Nacional de
Justiça revela as preferências apontadas nos questionários preenchidos pelos
adotantes.
Por Elaine Andrade e José Maurício Oliveira
Em
todo o país, apenas 30% dos candidatos a pais adotivos não se importam se a
criança for negra. Enquanto 90,71% dos inscritos nos cadastros de adoção aceitariam
adotar crianças brancas. A pesquisa também mostra que 2% dos pretendentes à
adoção somente aceitam crianças negras, e 38% querem adotar apenas crianças
brancas.
O
Conselho Nacional de Justiça, CNJ, analisou os 28 mil cadastros preenchidos
pelos candidatos a adotar uma criança. Além da cor da pele, o questionário pergunta
sobre preferência por idade, doenças físicas, doenças sexualmente
transmissíveis e problemas de aprendizagem.
Luciana (nome fictício), 39 anos, teve uma gravidez complicada e perdeu o bebê. Ela não quis
correr o risco de engravidar novamente, mas não desistiu do sonho de ser mãe. Por
isso, recorreu à adoção. Ela e o marido têm a pele branca, mas adotaram uma
menina negra. “Nós a aceitamos do jeitinho que ela é”, conta, indiferente ao
preconceito. “Quando vamos adotar uma criança tem de ficar claro o sentimento
de que não é caridade, é um filho que chega de outra forma.”, diz.
Luciana
defende a aplicação do questionário. “É importante que se elenque as
prioridades da família, precisamos ver as nossas limitações. Eu, por exemplo,
não teria condições emocionais de cuidar de uma criança com alguma doença
crônica”, completa a nova mãe.
No
Brasil, quase 30 mil famílias esperam na fila de adoção, segundo o CNJ. Há mais
de cinco mil crianças e adolescentes que aguardam um lar.