Modalidade inspirada no futebol de salão
é praticada exclusivamente por deficientes visuais
Por Camila Ferreira e Veltz Capone
O jogo de futebol para cegos também é chamado de
“futebol de cinco”. A modalidade é inspirada no futebol de salão, o futsal. As equipes
são formadas por cinco jogadores, de modo que quatro atuam na linha e um é o
goleiro. Em competições não oficiais, os jogadores da linha podem ou não serem
totalmente cegos. Todos os jogadores devem usar uma venda, exceto o goleiro que
sempre terá cegueira parcial: sua função, além de defender as bolas atacadas
contra o seu time, é de atuar como guia do time.
Por outro
lado, nas competições oficiais, os quatro jogadores de linha deverão pertencer
à classificação de cegueira total. Diferente dos estádios com a torcida
gritando, os jogos de futebol de cinco são silenciosas, em locais sem eco e as
partidas têm dois tempos de 25 minutos e intervalo de 10 minutos.
Em 2010, a equipe do DF conquistou a primeira
vitória depois de disputar o Campeonato Regional Centro-Norte de Futebol de 5
em Cuiabá (MT), no qual foram vice-campeões. “Depois dessa vitória conquistamos
em 2011 a Copa Brasil Série A, realizada em João Pessoa(PB), ficando em 9°
lugar na competição, dentre 12 equipes”, relata Marcelo Rozemberg Ottoline de
Oliveira, técnico do time.
Cinco integrantes da equipe já foram chamados para
a Seleção Brasileira Sub 23 no ano de 2011.
No Brasil, a modalidade é administrada pela Confederação Brasileira de Desportos de DeficientesVisuais (CBDV), sendo filiada ao ComitêParalímpico Brasileiro (CPB) e ao Ministério do Esporte. A CBDV
realiza todas as competições nacionais, indicando seus melhores atletas para o
CPB, que por sua vez, treina estes mesmos atletas, realiza o intercâmbio com o
Ministério do Esporte para disponibilizar a Bolsa Atleta Federal aos seus
atletas selecionados e os leva para as competições internacionais, como as
Paralimpíadas nas quais o Brasil é uma potência. São quatro as modalidades para
os cegos: Atletismo, Natação, Futebol de 5 e Goalball.
Atualmente, o futebol para cegos é praticado em
mais de trinta países. Sua estreia oficial em Jogos Olímpicos para pessoas
portadoras de deficiência – Paraolimpíadas – ocorreu em 1994, na cidade de
Atenas. Desde então, os atletas dessa modalidade vêm sendo reconhecidos,
especialmente no Brasil, país vencedor do futebol de cinco nos Jogos de Atenas.
Em 1998, o Brasil sediou o primeiro Mundial de
futebol e levou o título. Dois anos depois, em Jerez de la Frontera, na
Espanha, a seleção se sagrou campeã novamente. Em Atenas (2004) a seleção
masculina brasileira estreou nos Jogos Paralímpicos e conquistou a medalha de
ouro numa vitória sobre a Argentina por 3 a 2, nos pênaltis. No Parapan do Rio
de Janeiro em 2007 e no México em 2011, o Brasil ficou em primeiro lugar.
O Futsal para cegos
B1 – Cego total: de
nenhuma percepção luminosa em ambos os olhos até a percepção de luz, mas com
incapacidade de reconhecer o formato de uma mão a qualquer distância ou
direção.
B2 – Jogadores já têm
a percepção de vultos. Da capacidade em reconhecer a forma de uma mão até a
acuidade visual de 2/60 e/ou campo visual inferior a 5 graus.
B3 – Os jogadores já
conseguem definir imagens. Da acuidade visual de 2/60 a acuidade visual de 6/60
e/ou campo visual de mais de 5 graus e menos de 20 graus.
Em Jogos Paralímpicos, esta modalidade é
exclusivamente praticada por atletas da classe B1 (cegos totais) que não têm
nenhuma percepção luminosa em ambos os olhos; ou têm percepção de luz, mas com
incapacidade de reconhecer o formato de uma mão a qualquer distância ou
direção.
Existem relatos de que no Brasil, na década de
1950, cegos jogavam futebol com latas. Em 1978, nas Olimpíadas das APAEs, em
Natal(RN) aconteceu o primeiro campeonato de futebol com jogadores deficientes visuais.
A primeira Copa Brasil foi em 1984, na capital paulista.
Das quatro edições da Copa América, os brasileiros
trouxeram três ouros: Assunção (1997), Paulínia (2001) e Bogotá (2003). Em
Buenos Aires (1999), o título não veio, mas os brasileiros chegaram a ganhar
dos argentinos.