Deficientes visuais encontram na dança uma forma de recuperar a vontade de viver, enxergar o mundo com outros olhos e transformar a própria vida no Distrito Federal
Por Manuela Rolim
Há dois anos, a professora de dança Alessandra Rizzi, realiza um trabalho voluntário em Taguatinga. As aulas de dança ocorrem na Biblioteca Braille Dorina Nowill, para uma turma de 20 alunos com deficiência visual. Eles aprendem vários estilos, como o bolero, forró, valsa, entre outros.
André Ricardo da Silva, 36 anos, é aluno há quase dois anos. Diabético, ele sofreu uma lesão na visão e há quase dez anos perdeu a visão do olho direito totalmente e, pelo olho esquerdo, André só enxerga vultos. A relação com a dança começou quando foi divulgar seu trabalho como artesão de origami na biblioteca onde as aulas são ministradas. Incentivado por uma funcionária, começou a fazer as aulas e, hoje, afirma que isso mudou sua vida. “De madrugada eu coloco um cd e fico treinando”, conta.
Para André, a dança também funcionou como uma terapia, quando o dançarino teve outro problema de saúde: um câncer. “A dança era a única que me satisfazia, tenho certeza que ela me curou”, diz.
Waldeci Brandão Alves, diferente de André, sempre sonhou aprender a dançar e já faz isso há seis anos. Com uma doença chamada retinose pigmentar desde o nascimento, ela afirma que as aulas são uma terapia. Waldeci acredita que a arte de dançar faz muito bem à saúde e, principalmente, para ela que tem hipertensão.
Veridiano Vicente de Moura sofreu um acidente quando trabalhava na Companhia Energética de Brasília (CEB), em 1978. Há quase dois anos freqüentando as aulas de dança, incentivado por funcionários da Biblioteca Braille Dorina Nowill, ele afirma que adora dançar e fazer apresentações, mas que “a gente que é deficiente nunca vai dançar igual a alguém que enxerga”.
De acordo com Alessandra Rizzi,o grupo de alunos já fez muitas apresentações em escolas e, inclusive, no Fórum da Pessoa com Deficiência Visual, em 2010. Para ela, a dança é tudo na vida dessas pessoas.
Além da Visão
22:08
Comportamento