Os manifestantes caminharam do Museu da República até a Praça dos Três Poderes
Por Flávia Franco
Antes de começar, houve bate boca entre alguns dos manifestantes contra pessoas que usavam camisetas de partidos políticos. O advogado de 60 anos Eury Luna foi vaiado por carregar uma faixa dizendo “Eu apoio a Eliana”. Os organizadores do evento, que estavam em um trio elétrico, pediram que ele abaixasse a faixa, alegando que o movimento não é partidário. Os manifestantes entenderam que a faixa era em apoio à deputada Eliana Pedrosa (DEM).
Tudo não passou de uma enorme confusão. Eury levou a faixa em apoio à juíza Eliana Calmon, que disse que existem muitos bandidos atrás da toga, fazendo referências a juízes corruptos. “Não passou pela minha cabeça que nesse momento existisse uma outra Eliana no Brasil que merecesse apoio de um movimento como esse”, disse. O advogado também ressaltou que “há muito tempo não se tem manifestações populares. Nos últimos anos, eram sempre organizadas por partidos, sindicatos ou outras organizações. Essa não, ela é espontânea”.
César Galvão, estudante de 22 anos, esteve na primeira marcha, que aconteceu no dia 7 de setembro. Para o estudante, a lição mais importante é a reflexão. “Põe o pessoal para pensar. A ideia é mobilizar as pessoas, não o governo”. O rapaz estava com um grupo que carregava uma faixa com a frase: “O povo não deve ter medo do governo. O governo é que deve ter medo do povo”.
Leia também:
- No dia da independência, cidadãos marcham pela moralidade.
Entre os manifestantes estavam pessoas de todas as idades. Apesar de a maioria ser de jovens, também compareceram idosos e adolescentes. Para a servidora pública Ana Lúcia Osório, de 47 anos, o mais importante da marcha é o encontro de gerações. “Há 30 anos eu estava aqui nas ‘Diretas Já’. Dez anos depois no ‘Fora Collor’”.
A servidora pública também esteve na primeira Marcha contra a Corrupção. “Dessa vez tem um pouco de ‘politicagem’. A OAB se aproveita um pouco disso. Na primeira vez era só a gente, os ‘cidadãos comuns’”, comentou em relação à faixa no trio elétrico que dizia “A OAB em defesa da CNJ”. No evento, estavam presentes o presidente da OAB nacional, Ophir Cavalcante, e presidentes regionais da Ordem dos Advogados do Brasil.
Gritos contra políticos corruptos
Ao longo da marcha, as pessoas gritavam diversos bordões, criticando atuação de alguns políticos. O presidente do Senado, José Sarney, foi um dos mais atacados. Os policiais que estavam no Congresso Nacional também foram alvo dos manifestantes, que gritavam “você aí parado, também já foi roubado”. Em resposta, os policiais apenas riam e tiravam fotos da marcha.
Momento crucial
O ápice do evento foi o Hino Nacional, cantado em frente ao Congresso. Nesse momento, toda a gritaria parou e cerca de 20 mil vozes se uniram para cantar a primeira parte do hino. Durante a caminhada de volta, os manifestantes correram para o gramado em frente ao Congresso, para ‘limpar’ a corrupção. Ao mesmo tempo, policiais desciam de um ônibus no local. Para evitar uma confusão, pessoas que estavam no trio elétrico pediram a todos que não fossem para a grama. “Não vamos dar motivos para confusão. A nossa manifestação é pacifica”.