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Medos, estranhos medos...

Por Aline Carvalho

Uma infinidade de fobias que se tornam doenças se não forem tratadas

O fósforo se transforma em um perigoso lança-chamas. A porta se fecha e o mundo vira um labirinto ameaçador. A tartaruga, então, assustadora. Os psicólogos garantem que cada um de nós sente medo de algo, por mais absurdo que possa parecer, e isso é considerado absolutamente normal. Há uma tênue divisória, porém, entre o medo e a fobia, o que é considerado doença que atinge, segundo a Organização Mundial da Saúde, 8% da população mundial. Isso porque aqueles que sofrem com o problema chegam a limites, como evitar convívio social e até trabalho. De acordo com a médica Amélia Paiva, o medo só é considerado normal quando ele não influencia a relação interpessoal. “Quando um medo passa a interferir nas atividades de uma pessoa, já pode ser diagnosticado como uma doença”. A equipe de reportagem de Esquina encontrou histórias de pessoas que relatam fobias nada convencionais.

A estudante de pedagogia Sabrina Suzely, 22 anos, por exemplo, enfrenta há pelo menos 14 anos a cleitrofobia que se caracteriza pelo medo de ficar fechado em algum lugar. Sabrina conta que percebeu que havia algo errado quando tinha 8 anos de idade e a sua mãe Helena Guerra, desconfiou da aflição que a filha tinha ao entrar em elevadores, por exemplo. “Tenho essa fobia desde criança, minha mãe descobriu quando eu tinha uns 8 anos, ao ver que eu entrava em desespero quando estávamos dentro de um mercado ou elevador e as portas se fechavam.Ao me encontrar em uma situação que exalta a minha fobia eu entro em total desespero, não penso em como sair do lugar, acho que vou ficar ali trancada, sem ter como sair, sem nenhuma solução, em verdadeiro pavor. Ao perceber a sensação de estar trancada sinto falta de ar e medo intenso.

Uma situação que foi muito marcante, foi quando eu trabalhava em um posto de gasolina, e ficava encarregada da conveniência. Lá tinha um depósito pequeno, sem janela. Fui conferir o estoque,quando um funcionário, pensando em fazer uma brincadeira, trancou o local comigo lá dentro.Quando percebi que estava trancada me desesperei demais, entrei em pânico, não conseguia gritar, só chorava, fiquei com falta de ar e acabei desmaiando no local. Para evitar minha fobia, eu evito elevador. Quando percebo que o local está fechando eu saio dele. Comecei um tratamento na minha infância com um psicólogo, mas não dei continuidade. Hoje tento superar esse medo, tento ficar tranqüila. Faço um tipo de meditação quando me sinto ameaçada. Eu odeio ir ao provador de roupas. E odeio o barulho das portas de mercado e loja se fechando”.

Uma fobia que ainda não tem nome é o medo de fósforos. A garçonete Kenya Parente, 36 anos, convive com o problema desde criança “quando eu era criança, coloquei acidentalmente fogo em um pedaço do sofá de casa. O estrago foi tão grande, que a partir daí eu comecei a ter uma aversão absurda por fósforos. Não chego nem perto”. O curioso é que a garçonete é fumante desde os 17 anos “não uso caixa de fósforos, apenas isqueiro para acender os cigarros”.

Outra que enfrenta o mesmo problema de Kenya é a estudante de nutrição Monique Boarque, 26 anos. Ela não sabe dizer exatamente quando começou a sentir pavor dos palitos, mas, acredita que os associa ao antigo costume da mãe. “Minha mãe costumava cortar cebola com três palitos de fósforos apagados na boca para evitar que os olhos lacrimejassem. Isso me causava uma agonia tão intensa, que acabei tendo pavor de palitos de fósforo”. Apenas Kenya procurou atendimento médico, mas, não necessariamente por causa de sua fobia. “Fiz terapia por 8 anos para tratar de outros problemas. Mas, confessei que tinha pavor de fósforos e consegui pelo menos aceitar essa esquisitice em mim”, desabafa. Monique nunca procurou ajuda médica, mesmo depois de ter sido aconselhada por várias pessoas “ninguém entende nossos medos, viramos motivo de piada, sofro sozinha”, relata.

Para a maioria, a borboleta é um bichinho inofensivo, mas, para a estudante Isabela Machado, 26 anos, não é. O medo de borboletas surgiu de uma situação inusitada “sofri um leve acidente de carro quando viajava para Pirenópolis. No desespero da situação, uma borboleta gigante posou em mim. Aquilo me causou uma repulsa tão grande que até hoje fico angustiada quando penso ou vejo borboletas” desabafa.

A psicóloga Luciana Silva Lacerda, já atendeu muitos pacientes com ataques de pânico.  Segundo Luciana, quando o medo não priva a pessoa de realizar atividades normais, não deve ser considerado uma fobia. “Sentir medo é comum em todos nós. A fobia causa um pavor irracional”, explica. Para o medo se tornar uma doença é necessário observar se ele paralisa a vida da pessoa. Assim, segundo a especialista “as fobias causam transtornos irreparáveis, mas, existe tratamento”, relata.

Confira uma lista de algumas fobias diferentes (inserir box)
Aracnofobia: pavor de aranhas
Hidrofobia: medo de água
Afefobia: medo de ser tocado.
Antropofobia: medo de pessoas ou da sociedade
Anginofobia: medo de engasgar
Automisofobia: medo de ficar sujo
Hipengiofobia ou hipegiafobia: medo de responsabilidade
Cromatofobia: medo das cores
Unatractifobia: medo de pessoas feias
Ablutofobia: medo de tomar banho
Anuptafobia: medo de ficar solteiro