O novo movimento está sendo criíticado por nutricionistas
Marina Brunale
A crítica popular ao crudicismo é de que não há variedade e é mais caro do que se alimentar com comidas cozidas ou processadas. Segundo o defensor da modalidade no Brasil, Inácio Braga, essa crítica mostra falta de conhecimento “dizer que não haveria variedade de alimento para um crudicista seria como dizer que não há frutas, legumes, sementes e carnes o bastante na terra, sem contar as infinitas maneiras de combiná-las”. Hoje, só nos Estados Unidos, existem mais de 300 restaurantes “raw food”.
Em relação ao fato de ser mais caro, Braga explica a diferença entre quantidade e qualidade. Na dieta crudífera, existem alimentos chamados supercomidas, como a goji berry, fruta proveniente do norte da China, que contem 18 aminoácidos, 12 minerais, o complexo de vitamina B e polissacarídeos que fortificam o sistema imunológico. Assim, a pessoa precisa consumir menos do que se estivesse comendo alimentos fracos em nutrientes.
Apesar da crítica de alguns nutricionistas, há argumentos científicos que corroboram a tese crudicista. “É certo que o fogo destrói nutrientes e fibras importantes dos alimentos”, diz a nutricionista Ana Clara Moreira. “Até 40% das proteínas pode subir com a fumaça.” Segundo um estudo publicado em 1998 pela revista americana Epidemiology, uma dieta rica em alimentos crus e em frutas pode reduzir o risco do aparecimento de cânceres como o de mama e o de cólon. Outro estudo, publicado no British Medical Journal em 1996, sugere que a ingestão de frutas frescas reduz em 24% as chances de ataque cardíaco.
Ana Clara Moreira explica que há casos em que cozinhar o alimento pode trazer benefícios. Pesquisadores da Rutgers University, em Nova Jersey, Estados Unidos, publicaram recentemente um estudo que mostra que a quantidade de ferro que pode ser absorvida pelo organismo humano cresce de 6,7% no repolho cru para 27% no repolho cozido. No caso do brócolis, o ganho é ainda maior: de 6% para 30%.
Outra importante crítica ao crudicismo parte do fato de que levar a comida ao fogo não deixa de ser um gesto profilático. Afinal, há dezenas de microorganismos presentes nos vegetais crus, como a salmonela e a ciclospora, que são geralmente eliminados no cozimento.