Estudantes revelam como o intercâmbio universitário influenciou o ingresso no mercado de trabalho
Marina Brunale
O intercâmbio faz parte da educação universitária dos brasileiros desde o século XVI. Na época, por não haver universidades no Brasil, a educação de médicos e advogados, normalmente filhos de aristocratas, era feita na Universidade de Coimbra em Portugal. Os rapazes saiam do país aos 18 anos e voltavam quando formados.
Hoje, o intercâmbio universitário não é mais feito por necessidade mas segundo Aline Leonel, gerente geral da Central de Intercâmbio de Brasília (CI), pode ser um ótimo caminho para se diferenciar no mercado de trabalho. “As empresas estão cada vez mais buscando profissionais com uma experiência diversificada” diz.
Além de aprender uma língua diferente, jovens intercambistas como o estudante de Ciências Sociais da UnB, Rodrigo Matilli, que estudou um semestre na França revelam “eu tive que aprender a me virar, fazer amizades, eu tive um tipo de independência e responsabilidade que não teria em casa”.
Assim foi o intercâmbio da estudante Carolinne Barros, ex-estudante de direito do UniCEUB, que fez dois anos de faculdade nos Estados Unidos. “Eu fui para ficar um ano, acabei ficando dois e até consegui um emprego, parece que as portas foram se abrindo” comenta. Ambos Rodrigo e Carolinne admitem que foi uma experiência difícil mas recompensadora “a viagem mudou a minha noção de mundo” expressa Rodrigo.
Segundo Rodrigo, o intercâmbio o fez perceber que estava no curso errado “saí do curso de Engenharia e fui para Ciências Sociais, quando se sai da rotina a gente vê com outros olhos o que realmente quer”. O estudante, que já está empregado em uma ONG, planeja o seu próximo intercâmbio.
Algumas empresas como a LSG Sky, fornecedora de refeições para companhias aéreas, exigem que os candidatos a trainee tenham feito ao menos um intercâmbio. Segundo Aline, as empresas procuram isso porque o jovem que passa por uma experiência internacional adquire competências quase sem perceber, “é necessário jogo de cintura para fazer amigos de outra nacionalidade”.
De olho nessa tendência, os jovens Brasileiros procuram essa experiência cada vez mais. Segundo dados levantados pela Associação Brasileira de Viagens Educacionais e Línguas (Belta) o número de brasileiros intercambistas dobrou do ano 2006 até 2010 para cerca de 160 mil pessoas. As exigências para o intercâmbio universitário são que o aluno tenha proficiência no inglês e mais de 18 anos. Algumas universidades podem, também, exigir boas notas no histórico escolar.
De acordo com Aline, os programas de universidade no exterior são perfeitos para quem gosta de aprender e procura adquirir uma bagagem cultural. “Em curto período é possível adquirir mais fluência no idioma, vivência de novas culturas e o mais importante, coloca no currículo do estudante o diferencial que faltava para abrir portas e novas oportunidades”.