Conheça o crudicismo, movimento que afirma que a única dieta saudável é a que se compõe de alimentos crus
Marina Brunale
Superpopular nos EUA, em especial na Califórnia, onde surgiu nos anos 90, o movimento "raw food" cresce, agora, por aqui, com o nome de crudicismo. No Brasil, o guru do movimento é Inácio Braga, morador da pequena cidade goiana de Cavalcante. Braga, hoje com 54 anos, trabalha como nutricionista e é dono de uma loja onde são vendidos produtos totalmente orgânicos e crus.
A ex-advogada Maria Botelho foi diagnosticada com câncer de mama em 2001. De acordo com o seu médico, a carioca de 48 anos teria apenas um ano de vida pela frente. Inconformada, Maria começou a procurar terapias alternativas e foi conversando com um médico homeopata em São Paulo que ouviu falar do crudicismo.
De acordo com Inácio Braga, o caso de Maria não é tão raro, vários pacientes com câncer terminal o procuram para achar uma solução. “O problema, como diz o clichê, é que é mais fácil prevenir do que remediar”, explica. Maria não está curada, mas de acordo com o médico que declarou a sua morte há nove anos atrás, o tumor parou de crescer e está sob controle. O médico tem as suas dúvidas sobre o motivo da melhora “ele duvida que seja a dieta, mas eu tenho certeza, nunca me senti tão bem”, diz Maria.
Prato de petiscos crus (Marina Brunale/Esquina) |
Eis a ideia que está na base do crudicismo: o corpo precisaria de enzimas presentes nos alimentos crus para auxiliar a digestão desses próprios alimentos. Submetidas ao calor, essas enzimas deixariam de operar e o organismo teria que produzir mais das suas próprias enzimas, usando para tanto uma energia que poderia ser utilizada para outros fins. Assim, o organismo acaba ingerindo mais calorias do que o necessário.
História da alimentação versus Crudicismo
O defensor do crudicismo no Brasil, Inácio Braga, afirma “Quem quer que tenha começado a cozinhar, há 40 000 anos, não percebeu que nós não fomos feitos para comer comida preparada”. Braga já segue esta dieta há mais de 20 anos. “Nosso desenho, como o dos outros animais, prevê a ingestão de alimentos em sua forma natural.”
Já Ricardo Torilli, ex-professor de evolução humana na Universidade de Brasília (UnB) explica que cozinhar a comida não foi uma decisão simples ou aleatória. Não se sabe exatamente por que o ser humano começou a cozinhar a comida, mas a teoria mais reconhecida entre paleoantropólogos é a de que o homem cozinha para poder compensar o seu intestino que tem dificuldade de digerir diversos alimentos. “Quando a comida é cozida, ela fica mais macia, mastigamos menos, digerimos mais facilmente, outros animais fazem a comida ficar macia no intestino, nós não temos isso” explica Torilli.