O especialista Ernani Pimentel critica o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa em palestra a universitários.
Professor Ernani Pimentel durante palestra no UniCEUB (Felipe Igreja/Esquina) |
O professor de Português Ernani Pimentel não teve papas na língua na hora de criticar o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, durante uma palestra realizada na manhã desta quinta-feira (26/5), na semana da comunicação do UniCEUB. Para o especialista, as novas regras são “anacrônicas” e não facilitam o ensino e a aprendizagem da ortografia.
“Essas ideias foram pensadas em 1975, no século passado, quando ainda se utilizava a decoreba na hora de ensinar e a exceção explicava a regra. Mas não podemos mais aceitar isso. As exceções destroem a regra”, declara Ernani.
O professor faz parte do movimento “Acordar Melhor”, que pede uma revisão no Decreto nº 6.583, de 29 de setembro de 2008, que trouxe novas regras de escrita e uma tentativa de padronizar a Língua Portuguesa, falada por cerca de 250 milhões de pessoas, em nove países e no território de Macau, na China.
“Não somos contra, mas o novo acordo é cheio de incoerências e muitas vezes não tem lógica. Não podemos ter um acordo com exceções. Passamos a vida inteira estudando para descobrir que existem exceções à regra. Ou seja, tempo perdido”, explica o professor.
Para ele, a maior dificuldade de estudantes (nativos e estrangeiros) é a ortografia. O novo acordo deveria ser usado para facilitar o ensino e a aprendizagem desse aspecto, mas não é o que acontece. Segundo Ernani, ocorre justamente o contrário.
“A ortografia é o maior fator de exclusão social. A pessoa que escreve errado, que grafa a palavra de maneira errada, fica marcada. Se a nossa ortografia fosse racional e lógica, para que todas as pessoas pudessem saber escrever com facilidade, você estaria contribuindo para o maior movimento de inclusão social do país”, explica Ernani Pimentel.