Um pouco da trajetória da expressão feminina e masculina sobre a mulher na história da arte
Por Flávia Otero
“O homem se expressa na mulher, isso fica claro durante toda a arte”, disse a artista plástica e professora Déia Francischetti, em uma palestra durante a Semana da Comunicação do Uniceub, nessa quarta-feira (25/05).
A forma feminina nas primeiras expressões artísticas era simplificada, quase minimalista, com pernas e braços desproporcionais. Na antiguidade, a beleza era idealizada, consequentemente, uma representação errada do real.
Déia explica ainda que a época medieval trouxe a estilização, e aproximação do feminino com valores sagrados. No romantismo, está presente a idealização da mulher. Já o estilo realista prima pelo factual, a “arte parece uma fotografia”.
De acordo com a palestrante, a arte “inicialmente é uma profissão masculina, pouquíssimas mulheres exerciam esse trabalho”. Homens concederam a permissão para que mulheres exercessem essa atividade somente no final do século XIX, acrescenta Francischetti. No começo, inclusive, os cursos de arte eram gratuitos para os homens e pagos por mulheres. Nessa época, a arte considerada feminina era quase que exclusivamente pintura de florzinhas e natureza morta, explica a artista.
Anita Malfati e Tarsila do Amaral quebraram um pouco com essa ideia de arte feminina considerada menor. Ambas vinham de famílias ricas e foram estudar na Europa. Quando voltaram para o Brasil, adaptaram o que aprenderam no velho continente para a nossa realidade. Lá viveram a época da revolução da arte com as vanguardas europeias, que surgiram com a invenção da fotografia, quando a arte teve que reposicionar o seu objeto.
“O que (as duas) fizeram de bom foi na semana de arte moderna e depois voltaram para as casinhas e as flores”, acusa a artista plástica. Déia lembra a famosa crítica de Monteiro Lobato à Anita, e conta que isso marcou aquela artista profundamente.” Ela entrou em depressão e nunca mais conseguiu se recuperar”.
Anita e Tarsila “terminaram a vida ensinando arte e na penúria”.
Pouquíssimas foram as mulheres que ousaram. Frida Kahlo foi uma delas, que pintava o que sentia. “Nem sequer conseguimos rotulá-la”.
“A arte faz a mesma coisa de um professor”, chega até um ponto, para que a partir dali a obra seja vista e percebida sob um outro olhar, conclui Francischetti.