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45% da população se incomodam em ver um casal gay se beijando


Uma pesquisa divulgada pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) apontou que grande parte da população brasileira ainda se sente incomodada ao ver um casal gay se beijando. Foram quase 45% que concordaram com a frase: “Incomoda ver dois homens, ou duas mulheres, se beijando na boca em público”.

Pedro Lacerda tem 21 anos. Mesmo sendo homossexual ele se incomoda com os beijos em público independente de serem entre homossexuais ou heterossexuais. “Na verdade quando é um beijo mais caloroso me incomoda seja homem com homem, mulher com mulher, homem com mulher. Acho que é uma exposição muito grande.” Ele se assumiu homossexual, mas diz que evita beijar o namorado em público dependendo do lugar onde estão. “Em alguns lugares eu evito beijar”. Ele explica o motivo: “Não é nem vergonha, é não querer chamar atenção. Mas eu tento mudar isso, porque eu acho que é uma forma de preconceito comigo mesmo”.

O estudante André Mourão, 22 anos, não se incomoda com os beijos em público. “Pra mim tudo tem limite, em ambiente público você tem que se comportar sendo hétero ou homossexual.” Ele conta que uma vez estava no Rio de Janeiro, na Sapucaí, onde tinha um casal gay se beijando intensamente no local onde havia crianças. Até que um supervisor decidiu chamar a atenção deles e foi taxado de homofóbico. “O supervisor explicou que se fosse um homem e uma mulher também chamaria a atenção da mesma forma”, conclui.

Para outro estudante Gustavo Henrique Lima, 21 anos, agora é preciso se acostumar com a ideia de casais gays se formando. “Por exemplo, aqui é um lugar público, eu não posso falar nada. Na minha casa eu já não iria gostar nenhum pouco.” Se fosse um casal heterossexual, ele diz que acharia normal. “Casal de homem e mulher é totalmente normal”, conta.

Outro ponto discutido na pesquisa foi sobre o casamento gay. 39% da população concorda que o casamento gay deveria ser proibido. (Leia mais) Pedro não sabe ainda se pretende se casar, mas garante que quer um parceiro ao seu lado pelo resto da vida. “Eu não pretendo casar, mas eu tenho esse pensamento desde que eu não era assumido. Pode ser que amanhã eu mude de ideia, mas eu quero ter alguém para que possamos caminhar eternamente juntos.”

Para o antropólogo e sociólogo, Frederico Tomé, a discussão é bem complexa. “A sociedade vê isso – homossexualidade - como uma afronta aos valores historicamente constituídos. Então o conflito está posto. Há um grupo que tenta fazer valer a sua liberdade individual, enquanto outros grupos tentam impor uma questão socialmente construída”. Para o sociólogo Rogério Giugliano, grande parte da submissão feminina se dá ao cristianismo.


Legalização do casamento gay gerou manifestações

O primeiro país a legalizar o casamento gay foi a Holanda em 2001, seguido pela Bélgica em 2003. Já na América Latina o único país a em que o casamento gay é legalizado é a Argentina. O projeto foi aprovado em 2010 e muitas pessoas fizeram manifestações contra e a favor da legalização, em frente ao Congresso argentino. 

Um dia antes da votação, a Igreja fez um protesto, em frente ao Congresso, com o objetivo de repudiar o projeto que estava sendo votado pelo Senado para autorizar o casamento gay. Algumas pessoas protestavam dizendo que só eram a favor da união entre homens e mulheres.

Em 2013, a França passou a integrar a lista dos países que aprovam o casamento entre pessoas do mesmo sexo. No ano passado, o governo francês lançou um projeto denominado “Casamento para Todos” e isso gerou revolta nos grupos mais conservadores da sociedade, que criaram o grupo “Manifestação para Todos”. Em fevereiro deste ano, realizou um protesto contra o casamento gay, que atraiu milhares de pessoas e terminou em confronto com a polícia.

Por Marlice Pinto e Paloma Conde.